
O m�sico paulista conta que, de outubro de 2020 a fevereiro deste ano, foram lan�ados os singles, “Nem pa�s nem paz”, a partir de “Poco allegretto da 3ª sinfonia”, de Brahms, com participa��o de Padre F�bio de Melo; “Tr�s sinais”, a partir de “Improviso Op. 90 nº3”, de Schubert, com M�nica Salmaso; “Bem me quer”, a partir da “Abertura Romeu & Julieta”, de Tchaikovsky, com participa��o de Virginia Rodrigues; e “Carnaval de Viena”, a partir de “Intermezzo do carnaval de Viena Op. 26”, de Schumann, com Daniela Mercury.
M�nica Salmaso revela que o convite de Quintanilha chegou at� ela por meio de Luca Raele. “Essa ideia de trazer para a can��o brasileira temas conhecidos da m�sica erudita surpreendeu-me, pois parecia algo arriscado. Por�m, encantou-me, principalmente nessa conhecid�ssima pe�a de Schubert, t�o usada no cinema, que se aproximou da linguagem do choro-seresta em “Tr�s sinais”, com esse time craque de amigos queridos, Camilo Carrara, Edmilson Capelupi e Raele. O Quintanilha foi s�bio na constru��o desta letra e tudo pareceu natural. Adorei cantar essa melodia incrivelmente linda dentro desse universo.”
Esse � o 13º trabalho de Quintanilha e tem como conceito o cl�ssico versado, reunindo melodias eruditas que fazem parte da mem�ria afetiva e do consciente coletivo. Ele lembra que a pesquisa, escolha de repert�rio, conceito musical e arranjos foram feitos por ele, Raele e Carrara. Ressalta que sua inspira��o come�ou quando ouviu sua mulher, Vania Abreu, cantando “C�u de Santo Amaro” (J.S. Bach / Fl�vio Venturini), composto sobre o “Arioso da cantata nº 156”, de Bach. Outra inspira��o foi “Trenzinho do caipira” (Heitor Villa-Lobos), para a qual Ferreira Gullar fez a letra. “Achei uma ideia muito interessante. Mostrei o que tinha feito para o Raele que me ajudou a lapidar as can��es. Carrara se juntou depois ao time e dividiu com Raele a produ��o musical do projeto.”
Para criar essa mistura entre o popular e o erudito, as can��es ganharam vers�es brasileiras, passando pela bossa nova, moda de viola, marcha-rancho, samba-choro e congado, segundo Quintanilha. O m�sico afirma que, com versos sens�veis e atuais, as letras foram compostas com todo rigor e respeito �s melodias originais e tratam de temas variados – do social, como a quest�o dos refugiados, passando pelo rom�ntico e o l�rico.
Quintanilha garante que os tr�s tiveram cuidado de quase n�o alterar a m�trica original das melodias. “O Raele foi importante, porque cortava palavras e versos que estivessem fora da pros�dia, que � basicamente a combina��o da s�laba t�nica da melodia combinada com a da palavra. Foi um processo demorado e levou tr�s meses para escrever as letras.” Outro cuidado tomado pelo m�sico foi respeitar os temas evocados pelas pr�prias pe�as eruditas para criar as letras.
IN�CIO
O artista lembra que tudo come�ou em 2019, quando percebeu que poucos compositores e letristas tinham se arriscado a fazer letras, tentando versar m�sicas cl�ssicas, eruditas. “Realmente me inspirei em “C�u de Santo Amaro”, de Fl�vio Venturini, que gravou com Caetano Veloso. Achei t�o lindo e estranhei o fato dele n�o ter feito outras no mesmo estilo, porque a m�sica ficou maravilhosa.”
Quintanilha diz n�o ter encontrado coisa parecida. “Foi a� que me veio a ideia de seguir o feito de Venturini. Pensei primeiro em fazer s� fazer as letras para as m�sicas de Bach, meu compositor preferido dos eruditos, mas descobri que seria dif�cil fazer com as 11 melodias dele. Na verdade, esses compositores eruditos, em geral, n�o fizeram suas obras para se tornarem can��es, ent�o o espectro de l�gica � muito grande, as notas s�o muito r�pidas e nem tudo d� para se colocar letras.”
Foi ent�o que ele fez a “Su�te nº 3 em r�”, de Bach, e ficou feliz com o resultado. “Procurei um pessoal de S�o Paulo pelo qual tenho apre�o e admira��o, que � do selo YB Music, e lhes mostrei a vers�o. Eles acharam muito legal.” Quintanilha conta que Raele, em um primeiro momento, perguntou: “Ser� que isso vai dar certo?”. “Foi a� que mostrei a primeira m�sica para ele que gostou muito e disse: ‘Vamos tentar mais uma’. E fomos tentando. E ele foi me mostrando diversas m�sicas e eu empolgando. Fiquei tr�s meses assim, em 'outro planeta’, fazendo as letras. Aos poucos, fomos compondo o repert�rio. A� isurgiu a ideia de fazer uma de cada compositor para ter um espectro maior de possibilidades”.
Para ajudar no projeto, os dois resolveram chamar o Carrara. “Ele � um parceiro querido de muitos anos, um violonista maravilhoso e tamb�m transita nesses dois mundos t�o � parte: m�sica popular e erudita. Tentamos criar essa ponte, fazendo esse repert�rio e posso dizer que ficamos surpresos com o resultado.”
O m�sico confessa que os tr�s tinham certo temor, pois n�o queriam, de maneira alguma, desrespeitar ou mudar muito tanto a m�trica quanto a pros�dia ou fazer uma coisa brega, ou seja, transformar aquelas obras em algo superficial. “Acho que n�s tr�s conseguimos um resultado que ficou a contento de todos.”
Quintanilha revela que as pessoas t�m escutado e elogiado os singles j� lan�ados. “Temos tido uma resposta maravilhosa. Criamos essa estrat�gia de lan�ar primeiro as quatro m�sicas que t�m as participa��es especiais. Foi uma decis�o para dar uma alavancada e mostrar a versatilidade toda da coisa. Agora, elas se juntam �s outras sete e completam o �lbum inteiro.”
Participaram das grava��es, os m�sicos Camilo Carrara (viol�es, bandolim e guitarra), Luca Raele (piano e clarinete) e Danilo Vianna (baixo ac�stico) e o pr�prio Quintanilha (voz e viol�es), al�m das participa��es de Peu Del Rey e Danilo Moura (percuss�o) e Edmilson Capelupi (viol�o 7 cordas).
CARREIRA

Ao longo de seus quase 30 anos de m�sica, Quinta, como � conhecido, j� lan�ou 12 discos, entre eles, “Caju – As can��es de Cazuza por Marcelo Quintanilha” (2018), “Eu inteiro s�” (2016), “Cumulus samba” (2012), “Quinto” (2008), “Pierrot & Colombina” (2006), “Mosaico” (2005), “Sala de estar” (2003), “Quinta” (1998) e “Metamorfosicamente” (1995). Ele faz parte, com Jota Velloso e Thathi, do coletivo Os Marchistas, banda que, desde o carnaval de 2013, vem se destacando na folia de Momo com seu show contagiante e irreverente.
Em 2014, Os Marchistas lan�aram seu primeiro CD, hom�nimo. Quinta � parceiro em can��es de Daniela Mercury, Carlos Careqa e Tenison Del Rey, e teve suas composi��es gravadas por artistas como Vania Abreu, Padre F�bio de Melo, Bel� Veloso, P�ri e Nando Reis.
REPERT�RIO
1 – Bem me quer
(Pyotr Ilyich Tchaikovsky / Marcelo Quintanilha)
2 – Boas novas
(Johann Sebastian Bach / Marcelo Quintanilha)
3 – Carnaval de Viena
(Robert Schumann / Marcelo Quintanilha)
4 – Dor e d�
(Johann Sebastian Bach / Marcelo Quintanilha)
5 – Nem pa�s nem paz
(Johannes Brahms / Marcelo Quintanilha)
6 – Noturno
(Fr�d�ric Fran�ois Chopin / Marcelo Quintanilha)
7 – Rima ideal
(Ludwig van Beethoven / Marcelo Quintanilha)
8 – Senhor e rei
(Wolfgang Amadeus Mozart / Marcelo Quintanilha)
9 – Sonhos
(Achile-Claude Debussy / Marcelo Quintanilha)
10 – Tr�s sinais
(Franz Peter Schubert / Marcelo Quintanilha)
11 – Inverno
(Antonio Vivaldi / Marcelo Quintanilha)
ERUDITO
Marcelo Quintanilha
YB Music
11 faixas
Dispon�vel nas plataformas digitais a partir de 19 de mar�o