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Estado de Minas LITERATURA

Soci�logo Simon Schwartzman lan�a o livro de mem�rias 'Falso mineiro'

Por meio de sua trajet�ria pessoal, dedicada ao estudo de pol�ticas p�blicas eficazes, o autor discute quest�es cruciais para o desenvolvimento do Brasil


17/03/2021 04:00 - atualizado 17/03/2021 07:35

Hoje à noite, Simon Schwartzman participa de live para lançar seu livro de memórias(foto: Youtube/reprodução)
Hoje � noite, Simon Schwartzman participa de live para lan�ar seu livro de mem�rias (foto: Youtube/reprodu��o)
Uma mensagem levou Simon Schwartzman at� a Pol�nia. A remetente, Vera Ejlenberg, realizava pesquisas sobre o rabino Chaim Radzyner, e buscava informa��es. Schwartzman reconheceu o nome do bisav� de sua m�e. Em meados de 2019, partiu para a Europa, onde participou de um encontro por conta dos 75 anos da destrui��o do gueto da cidade de Lodz.

“Tinha poucas informa��es sobre a hist�ria da fam�lia de minha m�e. Ela dizia que todos haviam morrido durante a guerra. A viagem me colocou em contato com outros lados dessa hist�ria. E com um lado que n�o � o meu �nico, mas que com certeza � importante na minha trajet�ria”, conta o soci�logo e cientista pol�tico belo-horizontino, de 81 anos.

Revivendo o holocausto  

N�o apenas isso. “Estar ali reviveu a presen�a da guerra, do Holocausto, da resist�ncia. N�o era nada que eu n�o soubesse, mas foi uma experi�ncia forte, de impacto muito grande.” De volta ao Brasil, Schwartzman come�ou a trabalhar em um livro de mem�rias, “Falso mineiro: Mem�rias da pol�tica, ci�ncia, educa��o e sociedade”, que ser� lan�ado nesta quarta-feira (17/3), em live que vai reunir, al�m do autor, o economista Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, e a soci�loga Helena Bomeny, com media��o de Roberto Feith, editor do selo Hist�ria Real, da editora Intr�nseca.

Schwartzman abre sua narrativa com o relato da viagem a Lodz. Mas a lembran�a pessoal convive com a preocupa��o em discutir temas da hist�ria brasileira. “O objetivo foi ir al�m das mem�rias pessoais, ou seja, utilizar a trajet�ria pessoal para discutir quest�es atuais”, explica o autor, que as define no in�cio da obra: pol�tica e autoritarismo; modernidade e democracia; conhecimento, ci�ncia e tecnologia; ci�ncia e ideologia; educa��o e diversidade; sociedade e economia.

S�o temas presentes desde cedo em sua trajet�ria profissional. Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Schwartzman fez mestrado na Faculdade Latino-Americana de Ci�ncias Sociais, no Chile. Na Universidade da Calif�rnia, em Berkeley, o doutorado. Deu aulas na Universidade de S�o Paulo (USP), no Woodrow Wilson International Center, em Washington, e na Universidade de Columbia, entre muitas outras institui��es.

Ex�lio durante a ditadura

 Simon Schwartzman se envolveu em diversos epis�dios da hist�ria brasileira. Em 1964, foi preso e interrogado durante 40 dias pela ditadura militar, que n�o sabia bem que acusa��es impor contra ele. Resolveu exilar-se na Dinamarca, seguindo depois para a Argentina.

A carreira pedag�gica e voltada � pesquisa, a certa altura, o levou a ocupar posi��es como a de presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.

Ao longo de todo esse tempo, Schwartzman produziu obras fundamentais para a compreens�o do pa�s, a come�ar por “Bases do autoritarismo brasileiro”, livro que nasceu de sua tese de doutorado. Nele, explica o cientista pol�tico, buscava mostrar “como o sistema pol�tico n�o era mero instrumento dos interesses dos ricos e poderosos, tendo uma din�mica pr�pria que precisava ser mais bem entendida”.

“A espinha dorsal de meu livro era a de que no Brasil coexistiam duas formas de domina��o: uma de tipo patrimonial, herdada da Coroa portuguesa e que nunca dependeu de poderes feudais para existir, consolidando-se na capital do pa�s, o Rio de Janeiro; e outra, de tipo mais contratual, originada da parte mais din�mica e aut�noma da economia, baseada sobretudo em S�o Paulo”, observa. “Da� o fato de uma das teses mais controvertidas e questionadas do livro ser a de que, no Brasil, o centro do poder econ�mico sempre teve uma posi��o relativamente subordinada, e por isso conflituosa, com o centro pol�tico.”

N�o � pouco m�rito o fato de que, em “Falso mineiro”, a mem�ria dos trabalhos acad�micos e pesquisas realizadas e a lembran�a de epis�dios pessoais sejam narradas com a mesma clareza e sabor. “Aprendi com o tempo que se voc� n�o entende algo ao ler, a culpa � de quem escreveu. H� temas complexos, sem d�vida, e textos de car�ter mais t�cnico, mas se voc� n�o tem clareza, normalmente � porque as ideias n�o est�o claras”, diz Schwartzman.

Nessa combina��o de narrativas, o livro se torna n�o apenas o registro de uma mem�ria individual, mas da tentativa de criar uma ideia de pa�s.

Populismo contra a ci�ncia 

A live de lan�amento ter� como tema “Populismo vs. ci�ncia: O desafio da constru��o de pol�ticas p�blicas eficazes”. � um assunto do qual o autor trata bastante ao longo de “Falso mineiro”. Por exemplo, ao definir a import�ncia da separa��o entre atividade cient�fica e atividade pol�tica.

“Na faculdade, em Belo Horizonte, nossa preocupa��o era como sair do atraso. Buscar caminhos distintos foi uma motiva��o de toda a minha gera��o, que, claro, seguiu orienta��es diferentes. No ambiente estudantil, conhecimento e milit�ncia eram a mesma coisa. Com o tempo, aprendi que a pol�tica condiciona e limita a capacidade de atuar de forma independente.”

Para Schwartzman, n�o se trata de falta de engajamento, mas de outra defini��o para o termo. “Eu me engajei muito, briguei pelos temas que acreditava serem importantes e me envolvi com eles. Mas sempre mantendo uma independ�ncia, sem servir a conveni�ncias pol�ticas.”

Reflex�es como essa se tornam importantes especialmente no momento em que vivemos. “� uma situa��o an�mala, de um governo anti-intelectual. H� um ataque contra a educa��o, a cultura, a democracia, e isso dificulta a discuss�o nessas �reas. Elas precisam ser discutidas, s�o problem�ticas. N�o concordo com a ideia de que antes tudo funcionava bem. Mas a discuss�o sempre girou em torno de como melhorar esses aspectos e n�o em torno do pr�prio questionamento de sua exist�ncia”, defende.

Fuga de c�rebros 

Para Schwartzman, h� uma nova gera��o interessante na ci�ncia brasileira. Mas � preciso pensar em novos caminhos, em especial no que diz respeito � fuga de c�rebros. “Houve um per�odo de expans�o na ci�ncia acad�mica. As universidades p�blicas cresceram e, com isso, muitas posi��es e cargos foram criados. Um jovem brasileiro, ap�s ir para o exterior com bolsas como Capes e CNPq, voltava e encontrava posi��es. Mas a ci�ncia acabou ficando muito fechada no mundo acad�mico e, depois de o sistema crescer, j� n�o consegue absorver todos os profissionais”, afirma o autor de “Falso mineiro”.

“A quest�o hoje � pensar sobre como fazer ci�ncia de maior qualidade e mais efetiva, menos voltada para si mesma. E como vincular a ela quest�es mais pr�ticas, algo que envolve tanto a iniciativa privada quanto o governo”, conclui Simon Schwartzman.  
(foto: Intrínseca/reprodução)
(foto: Intr�nseca/reprodu��o)

“FALSO MINEIRO”
De Simon Schwartzman
Editora Intr�nseca
400 p�ginas
R$ 69,90 (livro)
R$ 34,90 (e-book)
Live de lan�amento nesta quarta-feira (17/3), �s 18h, acessando este link. O autor conversa com Pedro Malan e Helena Bomeny, com media��o de Roberto Feith.


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