Festival virtual conta a hist�ria do cinema em 382 filmes; saiba onde ver

Em 28 de dezembro de 1895, os irm�os Louis e Auguste Lumi�re apresentaram pela primeira vez ao p�blico, em Paris, uma breve proje��o de imagens em movimento, intitulada ‘A chegada de um trem na esta��o’. Nascia assim o que hoje se conhece como cinema.

Para homenagear a hist�ria da s�tima arte desde ent�o, a plataforma de streaming Telecine Play promove o Festival 125 anos do Cinema, organizando 382 filmes segundo 32 eixos tem�ticos. O conte�do � acess�vel apenas para assinantes da plataforma (www.telecineplay.com.br).

Diante da prolifera��o da oferta de filmes no ambiente digital proporcionada pela pandemia, a iniciativa procura facilitar a navega��o, agrupando produ��es ic�nicas por �pocas, movimentos art�sticos, nacionalidades e outras segmenta��es especiais, que ajudam a entender a evolu��o do cinema. 

Seus prim�rdios est�o contemplados na se��o Primeiro Cinema, que re�ne 35 filmes lan�ados entre 1902 e a d�cada de 1930. Entre eles, o curta “Viagem � Lua” (1902), de Georges M�li�s, e “O mart�rio de Joana D’Arc” (1928), de Carl Theodor Dreyer. Est�o l� tamb�m “L�rio partido” (1919), de D. W. Griffith; “A General” (1926) e “Amores de estudante” (1927), ambos de Buster Keaton. 

Tamb�m comparecem anima��es do per�odo protagonizadas por personagens hoje cl�ssicos, como Popeye, Betty Boop e Oswald, o Coelho Sortudo. A lista inclui o document�rio “Lumi�re! A aventura come�a”, lan�ado em 2017 e assinado por Thierry Fr�maux, o diretor do Festival de Cannes. Como diz o t�tulo, o filme aborda os primeiros passos dos inventores do cinema. 

A divis�o tem�tica proposta pelo Telecine refor�a o importante papel feminino nessa primeira fase do cinema. Na lista Pioneiras do Cinema h� 16 filmes dirigidos por mulheres e lan�ados nesses 40 anos inaugurais. 

Destaque para as realiza��es de Alice Guy-Blach�, como “O cair as folhas” (1912), “A �rf� do oceano” (1916) e “Casamento �s pressas” (1913). Germaine Dulac aparece representada com “O cigarro” (1919) e “A sorridente madame Beudet” (1923). H� ainda “Carlitos no hotel” (1914), no qual Mabel Normand dirige e contracena com Charles Chaplin. 

Chaplin, por sua vez, tem sua obra contemplada na se��o Grandes Diretores, que re�ne parte da filmografia de 33 cineastas not�veis de v�rias �pocas, incluindo Federico Fellini, Alfred Hitchcock, Francis Ford Coppola, Jean-Luc Godard, Agn�s Varda, La�s Bodanzky, Stanley Kubrick, Steven Spielberg, Spike Lee, entre outros. 

Para quem prefere um panorama mais amplo, � poss�vel escolher o que assistir de acordo com o momento hist�rico. A sele��o Montagem Sovi�tica apresenta alguns expoentes da produ��o cinematogr�fica russa nos primeiros anos ap�s a Revolu��o Bolchevique de 1917. 

Entre eles, “A greve” (1925), de Sergei M. Eisenstein; “Outubro” (1927), de Grigoriy Aleksandrov; e o c�lebre “Um homem com uma c�mera” (1920), de Dziga Vertov, considerado um marco na filmagem documental. 

Na lista dedicada ao expressionismo alem�o est�o “Metropolis” (1927), de Fritz Lang; “O gabinete do Dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene; e o “Nosferatu” (1922) de F. W. Murnau. � poss�vel ainda conferir t�tulos ligados ao impressionismo franc�s e ao neorrealismo italiano, que consagrou diretores como Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Vittorio de Sica.

Ainda na fatia que corresponde � primeira metade do s�culo 20, a divis�o Film Noir reserva cinco t�tulos dessa fase. Destaque para “Crep�sculo dos deuses” (Billy Wilder,1950), considerado um dos maiores de todos os tempos. 

Entrando pelos anos 1950 e 1960, 21 longas de grande sucesso comp�em a lista A Era de Ouro de Hollywood. Nela est�o a “Cle�patra” (1963) vivida por Elizabeth Taylor; “Doze homens e uma senten�a" (1957), estrelando Henry Fonda; e o vencedor de quatro Oscars “Spartacus” (1960), de Stanley Kubrick, protagonizado por Kirk Douglas. 

O que houve de mais not�vel em outros pa�ses nessa mesma �poca tamb�m � lembrado pelo festival. Uma divis�o espec�fica re�ne filmes da nouvelle vague francesa, como “Cl�o de 5 � 7” (1962), de Agn�s Varda; “Jules e Jim – Uma mulher para dois” (1962), de Fran�ois Truffaut; e “O dem�nio das onze horas” (1965), de Jean-Luc Godard. 

Outra faixa de programa��o � dedicada ao cinema novo brasileiro, com quatro filmes: “Terra em transe”, “Deus e o diabo na Terra do Sol” e “O drag�o da maldade contra o santo guerreiro”, de Glauber Rocha, e “Macuna�ma”, de Joaquim Pedro de Andrade.

A retrospectiva chega a um passado mais recente e n�o menos importante. A chamada Nova Hollywood dos anos 1970 � celebrada com cl�ssicos como “O poderoso chef�o” (1972), de Francis Ford Coppola; “Chinatown” (1974), de Roman Polanski; “Touro indom�vel” (1980), de Martin Scorcese; e “Sem destino” (1969), de Dennis Hopper. 

A blaxplotation dos anos 1970 ocupa uma lista com cinco filmes que mostram a efervesc�ncia da produ��o de atores e cineastas negros da �poca. Um deles � o movimentado “Foxy Brown”, de Jack Hill. 

Os nost�lgicos anos 1980 s�o retratados em uma lista dedicada a sucessos superpopulares, como a trilogia “De volta para o futuro”, as com�dias “Curtindo a vida adoidado”, “Apertem os cintos… O piloto sumiu”, e “Um pr�ncipe em Nova York”, al�m dos dan�antes “Flashdance” e "Footloose – Ritmo louco”.

Em Cinema Americano Contempor�neo est�o 31 filmes premiados ou aclamados pela cr�tica, lan�ados entre os anos 1980 e 2010. A rela��o vai desde a vers�o de 1983 de “Scarface”, estrelando Al Pacino, at� “Bastardos ingl�rios” (2009), de Quentin Tarantino. “Matrix”, “Thelma e Louise”, “O sil�ncio dos inocentes”, “Pulp fiction – Tempo de viol�ncia”, “Fa�a a coisa certa” e “Onde os fracos n�o t�m vez” s�o outras op��es no cat�logo. 

T�tulos desse per�odo produzidos em outros pa�ses est�o reunidos em Cinema Mundial Contempor�neo, com 35 filmes, incluindo o sul-coreano “Parasita” (2019), o argentino “Relatos selvagens” (2014), o italiano “A vida � bela”(1998) e o brit�nico “Jogos, trapa�as e dois canos fumegantes” (1998).

A Retomada do Cinema Brasileiro, ap�s a crise provocada pela extin��o da Embrafilme durante o governo Collor, � contemplada numa sele��o que inclui “Bacurau”, “Cidade de Deus”, “Central do Brasil”, “A vida invis�vel”, “Tropa de elite” e “Benzinho”. 

H� ainda listas dedicadas a filmes iranianos, aos cl�ssicos do faroeste, ao subg�nero do western spaghetti. E h� tamb�m vertentes como o terror (“Dr�cula”, “Frankenstein”,“Atividade paranormal”, “O beb� de Rosemary”, “O iluminado”, “Alien, o oitavo passageiro”) e os musicais.

Em categorias mais espec�ficas, foram elencados os filmes com Melhores Efeitos Especiais, Personagens Ic�nicos, Releituras dos Cl�ssicos e Grandes Franquias do cinema, na qual est�o 24 filmes do personagem 007. No entanto, as que envolvem super-her�is da Marvel e a saga de “Star wars” n�o est�o dispon�veis, por serem de exclusividade da plataforma Disney +. 

H� quase um ano, em 13 de abril de 2020, morria a artista anticolonial e cineasta francesa Sarah Maldoror, aos 91 anos, em decorr�ncia da COVID-19. Com uma homenagem a ela, come�a no pr�ximo s�bado (10/4) a 1ª Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte.

Sua obra ser� tema de uma das cinco mostras do festival, realizado em formato virtual at� o pr�ximo dia 16, no site TodesPlay. Ao todo, o festival apresenta 50 filmes nacionais e internacionais.

As outras mostras tem�ticas s�o: “Maria Jos� Novais Oliveira – Nossa atriz”; “Cinemas africanos em revista: as origens do FESPACO”; “Surreal16 Collective, Um novo olhar para o cinema nigeriano”; e “Cine-escrituras pretas”. A programa��o completa est� dispon�vel nas redes sociais do evento.