(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas O REI

Roberto Carlos faz 80 anos: Da rejei��o de gravadoras a sucesso internacional

Considerado por muitos o rei da m�sica popular brasileira, Roberto Carlos � tema de tributos em discos, livros e filmes


19/04/2021 07:57 - atualizado 19/04/2021 09:45


Considerado por muitos o rei da música popular brasileira, Roberto Carlos é tema de tributos em discos, livros e filmes.
Considerado por muitos o rei da m�sica popular brasileira, Roberto Carlos � tema de tributos em discos, livros e filmes. (foto: Claudia Schembri/Divulga��o)

Maria Beth�nia tinha por volta de 18 anos quando viu Roberto Carlos pela primeira vez na TV. Foi no Programa Jovem Guarda, que o cantor apresentou, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderl�a, de 22 de agosto de 1965 a 17 de janeiro de 1968, na Record. "Fiquei deslumbrada", recorda a baiana. "Gostei de tudo: da voz, da interpreta��o, do charme... Fiquei completamente comovida e arrebatada".

Antes de estourar na Record, Roberto participou de Hoje � Dia de Rock, na extinta TV Rio. Foi em uma dessas apresenta��es que, com 12 anos, o pequeno Luiz Maur�cio, o Lulu Santos, acompanhado do tio Haroldo, descobriu o que queria fazer da vida: "tocar guitarra na TV", como diria na can��o Minha Vida (1986). "Foi a ponta de um proverbial iceberg. Entramos no teatro antes da transmiss�o e vi m�sicos ensaiando pela primeira vez. Aquilo mudou minha vida", admite o �ltimo rom�ntico.

A mem�ria afetiva de Teresa Cristina consegue ir ainda mais longe. Ela conta que aprendeu a balbuciar as primeiras palavras, quando era pequena, ouvindo a m�e, Dona Hilda, cantarolar as m�sicas do Roberto Carlos enquanto lavava roupa no tanque. A m�e cantava e a filha imitava. "O �lbum de 1972, que tem � Janela e A Montanha, foi uma cartilha. Comecei a falar ali, repetindo os versos do Roberto", recorda a sambista. "Tenho uma rela��o muito emotiva com esse disco".

Mal sabiam Beth�nia, Lulu e Teresa que, d�cadas depois, gravariam �lbuns em homenagem ao �dolo de todas as idades: As Can��es Que Voc� Fez pra Mim (1993), Lulu Canta & Toca Roberto e Erasmo (2013) e Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos (2012). Esses s�o apenas tr�s dos mais de 140 t�tulos, entre LPs e CDs, que artistas, nacionais e internacionais, j� lan�aram com m�sicas do artista.

De Elvis a Sinatra

O pioneiro do g�nero foi S�nia Mello Interpreta Roberto e Erasmo Carlos, lan�ado pela gravadora Odeon no distante ano de 1975. De l� para c�, um n�mero incont�vel de artistas, dos mais diferentes g�neros e estilos, seguiram o exemplo da cantora pernambucana: Nara Le�o (1978), Waldick Soriano (1984), Roberto Leal (1999), Padre Marcelo Rossi (2001), Cauby Peixoto (2009), Roberta Miranda (2014) e Nando Reis (2019).

"As can��es do Roberto s�o lindas, falam de amor e t�m conte�do. Por essas e outras, atravessam gera��es", tenta explicar Roberta Miranda que, quando adolescente, cansou de sair correndo atr�s do carro do �dolo s� para v�-lo de perto. "Certa vez, levei empurr�o e ralei os joelhos. Naquele dia, at� pux�o de cabelo, me deram", cai na risada.


Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa, Programa Jovem Guarda, da TV Record, durou quase três anos, de agosto de 1965 a janeiro de 1968
Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderl�a, Programa Jovem Guarda, da TV Record, durou quase tr�s anos, de agosto de 1965 a janeiro de 1968 (foto: Divulga��o)

De todos os tributos, o mais bem-sucedido, comercialmente, foi As Can��es Que Voc� Fez pra Mim (1993). Segundo estimativas extraoficiais, vendeu mais de um milh�o de c�pias. A ideia, lembra Beth�nia, partiu de um dos executivos da Polygram, Max Pierre. Segundo a cantora, Roberto e Erasmo n�o opinaram sobre os arranjos, nem participaram da sele��o das m�sicas. "Ningu�m opina em repert�rio meu. Se n�o, eu n�o sei cantar", garante Beth�nia que, � �poca, morou dois meses em Los Angeles, onde parte do CD foi gravada.

Roberto Frejat nunca gravou um �lbum s� com m�sicas do xar�. Mas, em compensa��o, produziu um songbook: Rei (1994), que reuniu grandes nomes do rock nacional, como Skank (� Proibido Fumar), C�ssia Eller (Parei na Contram�o) e Blitz (Sentado � Beira do Caminho). Com o Bar�o, ele cantou Quando (1967).

"Sou muito f� da fase mais rock'n'roll dos anos 1960. Mas, qualquer pessoa sensata sabe que o talento dele n�o acabou ali. Tem grandes can��es gravadas nos anos 1970, quando fez a transi��o de Elvis Presley para Frank Sinatra", analisa o cantor, compositor e guitarrista.

O divisor de �guas

Autor dos livros Roberto Carlos em Detalhes (2006) e O R�u e o Rei: Minha Hist�ria com Roberto Carlos, em Detalhes (2014), o jornalista e escritor Paulo C�sar de Ara�jo divide a carreira do artista em tr�s fases. A primeira vai de 1965 a 1971 e corresponde ao seu auge discogr�fico.

"S�o grandes discos. Um melhor que o outro", entusiasma-se. A segunda abrange um per�odo mais longo, de 1972 a 1986. � a consolida��o de sua fase rom�ntica. "Cai o n�mero de grandes can��es por �lbum. Roberto j� n�o tem o pique criativo de antes", detecta. E a terceira e �ltima fase: de 1987 at� os dias atuais. "N�o h� nenhum grande disco, mas ainda temos grandes can��es, como Nossa Senhora (1993) e Esse Cara Sou Eu (2012)", exemplifica.

O primeiro �lbum, com Jo�o e Maria de um lado e Fora do Tom do outro, foi lan�ado em 1959, pela Polydor. Antes disso, por�m, Roberto ouviu "n�o" de pelo menos quatro gravadoras: Chantecler, RCA, Philips e Odeon. Desde ent�o, lan�ou mais de 62 �lbuns nacionais e 40 internacionais, que venderam, segundo estimativas, algo em torno de 120 milh�es de c�pias.

Desses, o mais importante, na opini�o de Paulo C�sar, � Jovem Guarda (1965), que traz o megahit Quero Que V� Tudo Pro Inferno. "Foi o disco que definiu a sonoridade pop moderna brasileira dos anos 1960", sintetiza o pesquisador. "Historicamente, � o disco mais importante da carreira do Roberto. Daquele disco em diante, todo mundo passou a copi�-lo".


Roberto Carlos com Papa João Paulo 2º: além de canções românticas e ecológicas, Roberto escreveu canções religiosas, como Jesus Cristo (1970), A Montanha (1972) e Luz Divina (1991)
Roberto Carlos com Papa Jo�o Paulo 2�: al�m de can��es rom�nticas e ecol�gicas, Roberto escreveu can��es religiosas, como Jesus Cristo (1970), A Montanha (1972) e Luz Divina (1991) (foto: Divulga��o)

Para o jornalista e escritor Nelson Motta, o �lbum mais relevante, musicalmente falando, � o de 1969. "Com N�o Vou Ficar, Sua Estupidez e As Curvas da Estrada de Santos, marcou sua passagem de �dolo juvenil para adulto", destaca o compositor que teve uma de suas can��es, Como Uma Onda (1983), em parceria com Lulu Santos, cantada por Roberto no especial da TV Globo, de 2013.

T�rik de Souza pensa diferente. Na opini�o do jornalista e cr�tico musical, o mais importante � o �lbum de 1971. � o que traz a autoral Detalhes, a psicanal�tica Traumas, a rebelde Todos Est�o Surdos, a rom�ntica Amada Amante... E, ainda, Como Dois e Dois, de Caetano Veloso, e Debaixo dos Carac�is dos Seus Cabelos, que Roberto comp�s para o baiano em seu ex�lio pol�tico, em Londres.

"Junto com o parceiro Erasmo, Roberto moldou um pop brasileiro de largo espectro, utilizando elementos da MPB, rock e balada. Tudo coroado pelo excelente desempenho como cantor, de estilo cevado na melhor escola modernista, a de Jo�o Gilberto", diz.

Amigos de f�

A parceria com Erasmo come�ou em 1963, com Parei na Contram�o, que abre o �lbum Splish Splash. Roberto escreveu um trecho da letra durante seu expediente como datil�grafo do Minist�rio da Fazenda. Segundo levantamento do ECAD, Roberto Carlos tem 676 m�sicas cadastradas - a imensa maioria em parceria com o "Tremend�o".

A letra de Imoral, Ilegal ou Engorda (1976), por exemplo, foi composta ao telefone: Roberto em Los Angeles e Erasmo no Rio. Mas, alguns de seus cl�ssicos s�o solos, como Namoradinha de Um Amigo Meu (1966), Como � Grande o Meu Amor Por Voc� (1967) - composta para a primeira mulher, Cleonice Rossi, a Nice - e Por Isso Corro Demais (1967). Suas favoritas s�o Detalhes (1971) e Eu Te Amo Tanto (1998) - homenagem a Maria Rita Sim�es, sua terceira esposa - e a mais regravada, Emo��es (1981), com 92 vers�es. Para Erasmo, "o mais certo das horas incertas", comp�s Amigo (1977).


Roberto tem 676 músicas cadastradas no ECAD - a imensa maioria em parceria com Erasmo Carlos. A mais regravada é Emoções (1981).
Roberto tem 676 m�sicas cadastradas no ECAD - a imensa maioria em parceria com Erasmo Carlos. A mais regravada � Emo��es (1981). (foto: Acervo)

"Roberto Carlos foi muito sagaz ao perceber que a Jovem Guarda era um movimento passageiro. Quando sentiu que aquele modismo estava prestes a se extinguir, migrou para a fase rom�ntica. Talvez, se tivesse insistido mais na fase rock'n'roll, n�o tivesse se perpetuado como cantor rom�ntico", analisa o jornalista e historiador Ricardo Cravo Albin. Al�m de m�sicas que tocam o cora��o, Roberto passou a escrever tamb�m can��es de apelo ecol�gico, como O Progresso (1976), As Baleias (1981) e Amaz�nia (1989), e de cunho religioso, como Jesus Cristo (1970), A Montanha (1972) e Luz Divina (1991).

Uma das amizades mais longevas da vida de Roberto � com a cantora Wanderl�a, a "Ternurinha". Os dois se conheceram em 1963. Juntos, apresentaram o Programa Jovem Guarda na Record, dividiram os microfones em diversos especiais de fim de ano da Globo e chegaram a contracenar em Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa (1970), o segundo de uma trilogia iniciada com Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968) e conclu�da com Roberto Carlos a 300 Quil�metros por Hora (1971), todos de Roberto Farias (1932-2018). "Deus foi muito gentil ao colocar do meu lado um amigo t�o especial. Tenho pelo Roberto um amor imenso que s� faz aumentar ao longo da jornada. Parece fermento de p�o", brinca a cantora.


Desde 1959, quando gravou um compacto simples de 78 rotações, Roberto já lançou mais de 62 álbuns nacionais e 40 internacionais, que venderam em torno de 120 milhões de cópias
Desde 1959, quando gravou um compacto simples de 78 rota��es, Roberto j� lan�ou mais de 62 �lbuns nacionais e 40 internacionais, que venderam em torno de 120 milh�es de c�pias (foto: Alice Venturi/Divulga��o)

Outro amigo de longa data � o maestro Eduardo Lages. No comecinho dos anos 1970, Roberto e Erasmo foram convidados para compor a trilha-sonora da novela O Bofe (1972), de Br�ulio Pedroso. Foi na TV Globo que Roberto conheceu e fez amizade com Eduardo, que trabalhava como produtor musical dos programas Globo de Ouro e Fant�stico - O Show da Vida.

A parceria teve in�cio em 1978 e dura at� hoje. Em 43 anos de estrada, Eduardo calcula j� ter regido a orquestra RC em mais de tr�s mil apresenta��es, no Brasil e no exterior. "J� aconteceu de tudo que voc� puder imaginar. At� cair do palco, no M�xico, eu ca�. Sorte que estava na hora da distribui��o das rosas e ca� nos bra�os da mulherada", diverte-se o maestro. "O clima nos bastidores � muito descontra�do. Estamos sempre contando piadas e fazendo gra�a uns com os outros".

Os "reis" da MPB

Roberto Carlos ganhou o cetro e a coroa de "Rei" ainda na Jovem Guarda. Apesar de reconhecer seus m�ritos, Ricardo Cravo Albin pondera que a MPB tem apenas dois "reis": Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha (1897-1973), e Ant�nio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim (1927-1994). A essa lista, Paulo C�sar de Ara�jo acrescenta mais dois: Francisco Alves (1898-1952), o "rei" da voz, e Luiz Gonzaga (1912-1989), o "rei" do bai�o.


A vida de Roberto será contada no cinema. O filme terá roteiro de Patrícia Andrade, direção de Breno Silveira e supervisão artística de Nelson Motta e Glória Perez
A vida de Roberto ser� contada no cinema. O filme ter� roteiro de Patr�cia Andrade, dire��o de Breno Silveira e supervis�o art�stica de Nelson Motta e Gl�ria Perez (foto: Divulga��o)

"O Roberto conseguiu algo que nenhum outro artista conseguiu: abolir as lutas de classes. Todo mundo, do rico ao pobre, do letrado ao analfabeto, se casa ao som de suas m�sicas", brinca o pesquisador que se prepara para lan�ar seu terceiro livro dedicado ao cantor, Roberto Carlos: Outra Vez.

A obra, adianta Paulo C�sar, ser� dividida em dois volumes de mais de 500 p�ginas cada: o primeiro traz 50 m�sicas comentadas, de 1941 a 1970, e o segundo, mais 50, de 1971 a 2021.

Em 2007, Roberto Carlos entrou na Justi�a e, alegando invas�o de privacidade, solicitou a retirada de circula��o de Roberto Carlos em Detalhes (2006), do mesmo autor. O caso foi encerrado depois de um acordo judicial firmado entre o artista, o bi�grafo e a Editora Planeta, respons�vel pela publica��o.

� �poca, 11,7 mil exemplares foram recolhidos das livrarias. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou, por unanimidade, a publica��o de biografias sem autoriza��o pr�via do biografado ou de seus herdeiros.

Estrada revisitada

Roberto Carlos: Outra Vez n�o ser� o �nico livro a comemorar os 80 anos de Roberto Carlos. Os outros dois s�o Roberto Carlos: Por Isso Essa Voz Tamanha, do jornalista Jotab� Medeiros, e Querem Acabar Comigo - Da Jovem Guarda ao Trono, a Trajet�ria de Roberto Carlos na Vis�o da Cr�tica Musical, do pesquisador Tito Guedes.


Entre outros compromissos, agenda de 2022 prevê show em Cachoeiro de Itapemirim, terra natal de Roberto, e três turnês internacionais: México, EUA e Europa
Entre outros compromissos, agenda de 2022 prev� show em Cachoeiro de Itapemirim, terra natal de Roberto, e tr�s turn�s internacionais: M�xico, EUA e Europa (foto: Divulga��o)

Autor de Belchior: Apenas Um Rapaz Latino-Americano (2017) e Raul Seixas: N�o Diga Que a Can��o Est� Perdida (2019), Jotab� cobre a carreira de Roberto desde 1986. Foi mais ou menos nesta �poca que surgiu a ideia de, um dia, contar a hist�ria do cantor, desde sua inf�ncia em Cachoeiro de Itapemirim (ES), cidade a 134 quil�metros do sul de Vit�ria, at� os dias de hoje, no Rio de Janeiro (RJ).

"Procurei fazer uma biografia que respeitasse os limites dos direitos legais de todo cidad�o, sem abordagens apelativas da intimidade do artista", explica Jotab� que entrevistou 40 pessoas - muitas sob a condi��o de anonimato para evitar rusgas com o biografado - e levou um ano e meio para concluir o calhama�o de 512 p�ginas.

J� o pesquisador Tito Guedes, do Instituto Mem�ria Musical Brasileira (IMMuB), procurou analisar a trajet�ria do cantor pelo vi�s da cr�tica musical. Para tanto, analisou uma centena de textos de cr�ticos famosos, como S�rgio Cabral, Zuza Homem de Mello e Ant�nio Carlos Miguel, de mar�o de 1965 a abril de 2017. Ao longo de 52 anos, a obra do cantor j� foi rotulada de "brega", "repetitiva", "alienada", "oportunista" e "decadente".

"O discurso da cr�tica em torno do Roberto sempre oscilou. Ora, o tratavam como um cantor sem valor algum. Ora, como o rei da m�sica brasileira. Nos anos 1990, os cr�ticos reavaliaram os �lbuns lan�ados entre 1965-1969 e trataram como 'cl�ssicos' discos que, na �poca do lan�amento, foram veementemente recha�ados", d� um exemplo.


Roberto e Wanderléa são amigos desde 1963. 'Deus foi muito gentil ao colocar do meu lado um amigo tão especial', derrama-se a cantora
Roberto e Wanderl�a s�o amigos desde 1963. "Deus foi muito gentil ao colocar do meu lado um amigo t�o especial", derrama-se a cantora (foto: Acervo)

Meu pequeno Cachoeiro

O mais esperado projeto sobre Roberto Carlos, por�m, ainda n�o tem previs�o de lan�amento. "O filme s� foi interrompido por causa da pandemia, mas j� estamos com o roteiro pronto", avisa o empres�rio Dody Sirena, que trabalha com Roberto desde 1992. Tanto a dire��o quanto o roteiro ser�o da mesma dupla de 2 Filhos de Francisco (2005) e Gonzaga - De Pai Pra Filho (2012): o cineasta Breno Silveira e a roteirista Patr�cia Andrade.

A supervis�o art�stica ser� de Nelson Motta e Gl�ria Perez. Quando indagado sobre o que diferencia Roberto de outros astros de sua gera��o, como Chico, Gil e Caetano, Nelson Motta aponta: "A popularidade e o alcance demogr�fico, geracional e emocional, e a excel�ncia como cantor".

Para escrever o roteiro do longa, Patr�cia consultou revistas e jornais da �poca e teve algumas reuni�es com Roberto, que relembrou os momentos mais marcantes de sua vida. "O mais revelador foi o per�odo da inf�ncia at� a pr�-adolesc�ncia, quando ele andava com a ajuda de uma muleta, fazendo shows em caravanas e apresentando programas de r�dio", adianta.

Filho da costureira Laura e do relojoeiro Robertino, devidamente homenageados em Lady Laura (1978) e Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo (1979), o ca�ula de quatro irm�os sofreu um acidente na linha do trem no dia 29 de junho de 1947, durante os festejos de S�o Pedro, o padroeiro da cidade. Aos seis anos, o pequeno Zunga, seu apelido de inf�ncia, teve parte de sua perna direita amputada.

O roteiro, que come�a em 1941 e vai at� os anos 1970, j� est� em sua quarta vers�o. Nada demais, tranquiliza Patr�cia. O de Gonzaga - De Pai Pra Filho, a t�tulo de compara��o, teve seis. "No caso do Roberto, ele n�o vetou nada. Apenas esclareceu fatos e sugeriu ideias".

S�ditos fi�is

O filme ainda n�o tem t�tulo definido, elenco escalado ou previs�o de estreia, mas j� tem dois espectadores garantidos: Vera Marchisiello e Carlos Evanney. Vera � a coordenadora do Grupo Um Milh�o de Amigos (GUMARC) e Carlos, o "cover" oficial de Roberto Carlos, desde 2000.

O grupo Um Milh�o de Amigos, fundado em 1991, tem hoje 20 mil f�s cadastrados e o maior acervo do Brasil. S�o LPs, CDs, VHS, DVDs, revistas, fotos, p�steres... Entre os itens mais raros, Vera cita a fotonovela Assim Quis o Destino, da revista S�timo C�u, de 1959; o �lbum Louco Por Voc�, fora de cat�logo, de 1961; e at� um �lbum de figurinhas, �dolos da TV, dos anos 1960.

"A maior extravag�ncia que cometi foi 'capturar' um fio de cabelo do Roberto que estava solto sobre a camisa dele. Guardo at� hoje em um estojo transparente lacrado", orgulha-se Vera, que j� perdeu a conta de a quantos shows do Rei j� assistiu - muitos deles em outros estados, como Minas, S�o Paulo e Paran�.

Quem tamb�m guarda uma "lembran�a pessoal" do �dolo � Carlos Evanney. Todos os anos, Carlos costuma ir, sempre no dia 19 de abril, ao pr�dio onde o cantor mora, no bairro da Urca, Zona Sul do Rio, para lhe dar os parab�ns. Em 2003, Roberto resolveu descer at� a garagem para cumprimentar os f�s. Uma admiradora de S�o Paulo trouxe um bolo, que o aniversariante repartiu entre os "convidados". Um dos peda�os foi cuidadosamente embrulhado em um guardanapo de papel e entregue a Carlos.

"Bicho, guardei o bolo at� hoje, acredita? N�o tive coragem de comer! Quando come�ou a dar bichinho, desidratei a fatia e mandei envernizar", esclarece o cantor baiano que, antes da pandemia, fazia uma m�dia de quatro shows por m�s em bares, boates e churrascarias. "Vou aos lugares que o Roberto, hoje em dia, n�o pode ir mais. O p�blico sente como se estivesse assistindo a um show dele. Na hora das rosas, ent�o, a confus�o � igual! Agrade�o a Deus todos os dias por Ele ter me feito parecido com o Rei", acredita.

P� na t�bua

Para tristeza de Evanney, Roberto Carlos j� avisou que, para evitar aglomera��o, n�o pretende aparecer na janela de casa para saudar a multid�o na cal�ada. "A Globo fez v�rios convites para o Roberto participar da programa��o. Mas, neste momento, ele n�o se sente seguro para sair de casa", explica Dody.

Para 2022, Roberto j� tem tr�s turn�s agendadas: uma para o M�xico, em fevereiro; outra pelos EUA, em abril; e uma terceira pela Europa, prevista para julho. Al�m disso, h� o Projeto Emo��es em Alto Mar, em mar�o, e o Projeto Emo��es na Praia do Forte, na Bahia, na semana do Dia dos Namorados, em junho. A agenda inclui, ainda, um show em sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim.

"Embora n�o venda nem toque mais tanto quanto antes, Roberto continua a ser o cach� mais caro do mercado. Seus shows, aqui e l� fora, est�o sempre lotados. Em 1965, quando lan�ou Quero Que Tudo V� Para o Inferno, Roberto chegou ao topo e, desde ent�o, n�o saiu mais de l�", afirma Paulo C�sar de Ara�jo.


J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)