(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MAIS QUE CARISMA

Artistas mineiros explicam as raz�es do sucesso de Paulo Gustavo

Colegas de profiss�o comentam as caracter�sticas do talento do mais popular humorista do pa�s, que morreu na ter�a-feira (04/05), de COVID-19, aos 42 anos�


06/05/2021 04:00 - atualizado 06/05/2021 08:18

Paulo Gustavo como Dona Hermínia, sua personagem de maior sucesso, em cena do longa ''Minha mãe é uma peça 3'', lançado em 2019
Paulo Gustavo como Dona Herm�nia, sua personagem de maior sucesso, em cena do longa ''Minha m�e � uma pe�a 3'', lan�ado em 2019 (foto: Daniel Chiacos/Divulga��o)

Carisma, timing para com�dia e personagens simples, de f�cil identifica��o. Tais caracter�sticas, apontadas por atores e comediantes mineiros, marcam o trabalho de Paulo Gustavo. Mas n�o s� o dele, como tamb�m o de outros pares. Ent�o, por que Paulo Gustavo, que morreu na �ltima ter�a-feira (04/05), aos 42 anos, v�tima de COVID-19, e n�o outro conseguiu falar para as multid�es alcan�ando o mesmo impacto, fosse no teatro, na televis�o ou no cinema?

Magia, aponta Gorete Milagres. Coisa de g�nio, destaca Carlos Nunes. Ser de verdade, opina �lvio Amaral. Um sucesso que Chico Anysio (1931-2012) tamb�m conseguiu, mas ao longo de um per�odo de atividade profissional muito mais extenso. 

Para os atores ouvidos pelo Estado de Minas, ainda que Paulo Gustavo n�o tenha paralelos no pa�s, � de Chico Anysio que sua trajet�ria mais se aproxima.

INTENSO

“Ele conseguiu imprimir sua marca em tudo o que fez, como Chico Anysio, que interpretou milhares de personagens, mas nenhum deles era parecido. Por outro lado, todos os personagens se pareciam com ele. Ent�o, o meu preferido era o pr�prio Paulo Gustavo”, destaca Carlos Nunes, que o conheceu ainda em in�cio de carreira.

Coisa de 15 anos atr�s, relembra o ator mineiro. “Eu estava no Rio de Janeiro com (o espet�culo) ‘Como sobreviver em festas e recep��es com um buffet escasso’, e ele; em um teatro pequeno com ‘Minha m�e � uma pe�a’. N�s nos conhecemos no Rio e, quando ele veio a Belo Horizonte para apresentar a pe�a no Teatro Alterosa, me deu uma cortesia. Imagina um fen�meno daquele em um teatro pequeno? Pois depois eu o vi no Chevrolet Hall”, conta Nunes. O impacto, independentemente do tamanho do palco e da plateia, foi o mesmo, ele afirma.

Fazer rir � muito mais dif�cil do que fazer chorar. “Se voc� olhar, todo humorista � muito dram�tico, intenso nas suas rela��es pessoais. A gente sente muito as dores do mundo e o nosso neg�cio � transform�-las em riso. Paulo Gustavo era uma pessoa intensa, over, que usou este dom de transforma��o”, opina Gorete Milagres.

O humor ainda tem aquela linha t�nue em que ou se faz rir, ou se cai no rid�culo. “Fazer humor � um perigo, pois voc� se arrisca muito e, se n�o acertar a linha, cai no grotesco, vulgar”, observa �lvio Amaral, que escolhe, al�m da onipresente Dona Herm�nia, a Senhora dos Absurdos, cria do programa “220 Volts", como uma das personagens preferidas que Paulo Gustavo criou.

“Aquela chique que usava dentadura para fora era genial. Tudo o que ele fazia era de verdade. Quando ele colocava uma pr�tese dent�ria, fazia aquilo com a maior coragem, ficava mostrando, � como se aquilo virasse parte da personalidade dele”, comenta Amaral.

Teuda Bara destaca o fato de Paulo Gustavo n�o ter ficado preso a um tipo. Ela participou das duas primeiras temporadas (2017-2018) de “A vila”, sitcom que Paulo Gustavo comandou at� o ano passado, no Multishow. Ele era Rique, um ex-palha�o meio atrapalhado, mas de bom cora��o. Ela era Fausta Pedrosa, uma m�e mais dura que Dona Herm�nia. Autorit�ria e reclamona, tratava o filho Joca (Lucas Salles) como crian�a. 

Teuda e Paulo se conheceram no teatro. Depois de assisti-la em “N�s”, com o Grupo Galp�o e no mon�logo “Doida”, ele a convidou para participar do programa. “Fora tudo, ele era uma pessoa generosa, que, ao ver um talento, ia l� e dava muita for�a”, resume ela.

Ele por eles

(foto: Gl�ucia Rodrigues/Divulga��o)

“O grande desafio do humor � ser universal. Assim como Chaplin, Paulo Gustavo conseguiu. Ser simples, ent�o, � a coisa mais dif�cil que existe, pois, �s vezes, voc� rebusca demais o texto e n�o atinge ningu�m. Mas ele conseguia, magistralmente, falar de coisas simples de forma tocante. N�o sei se foi inovador, mas ele atingiu a todos falando do cotidiano e escrevendo os pr�prios textos. Era extremamente carism�tico, e carisma � essencial para fazer rir. Ele se superava sempre. O primeiro filme (‘Minha m�e � uma pe�a’, 2013) � fant�stico. A� ele inventou o segundo (de 2016). Mas segundo nunca d� certo! Pois foi melhor que o primeiro. Poderia ter parado, mas veio o terceiro (de 2019). Ou seja, sempre conseguiu se superar, seja a cada espet�culo ou filme” 
Carlos Nunes, ator

(foto: Fernanda Abdo/Divulga��o)

“Paulo Gustavo era um ator que n�o ficava preso em um tipo, ainda que tenha segurado a Dona Herm�nia por muito tempo. Criou v�rios tipos, como aquela perua maravilhosa (Senhora dos Absurdos) de ‘220 Volts’. Seu humor agrada a todo mundo, as crian�as s�o apaixonadas por sua irrever�ncia, as m�es e os homens o adoram. Acho que � pela delicadeza com que ele faz os personagens, tem um jeito muito claro de trabalhar”
Teuda Bara, atriz
 
(foto: Jarrod Bryant/Divulga��o)
 
“O timing do Paulo Gustavo era uma das coisas mais impressionantes dele. Sua rapidez de racioc�nio era genial, assim como sua capacidade de n�o ter limite. Al�m disso, ele encontrou um fil�o ao falar da m�e, pois todas as m�es, no fundo, s�o iguais. Para mim, ele foi um criador, assim como o Chico Anysio. Os personagens s�o dele, ningu�m faz igual. Tem muita gente hoje fazendo o mesmo tipo de humor dele, mas nem sempre d� certo, pois o criador � o ‘dono’ daquilo. Ele tinha uma forma de ‘agressividade’ para responder as pessoas que era genial, pois n�o machucava ningu�m, era da personagem”
�lvio Amaral, ator, diretor e produtor
 
 
“O tiro certeiro do Paulo Gustavo foi que ele humanizou as personagens. A partir da m�e dele, criou os outros, todos muito caricatos e humanos. Ele tinha muito timing para o humor, era bom de improviso e muito carism�tico. Foi uma f�rmula que deu certo. Ao pegar as coisas do dia-a-dia, hist�rias ver�dicas, e tendo timing, carisma e simpatia, n�o tem erro. Agora, aquela forma de desconcentrar em cena, pouca gente sabe fazer. E ele ainda dan�ava, cantava, era roteirista… Uma coisa � voc� ver a pessoa no teatro; outra, no cinema e na televis�o. Ele tem uma matriz para construir seus personagens e em cada meio (de comunica��o) ele se transformava. 
� magia mesmo”
Gorete Milagres, atriz
 
 
“Uma grande refer�ncia da com�dia brasileira e n�o s� no humor tradicional, de personagens, mas no stand up, era supercriativo, com observa��es inteligentes e hil�rias e uma presen�a de cena muito vibrante. As personagens que ele criou t�m uma identifica��o grande com o popular. A m�e que criou � do cotidiano das pessoas, e foi ali que ele atingiu o grosso da popula��o. Era cir�rgico na sua maneira de fazer uma leitura do mundo. Ele conseguiu resumir uma notoriedade nos estilos comparado, evidentemente, com Chico Anysio, que tamb�m teve uma propriedade de personagens fortes e interessantes. 
Veja a� uma refer�ncia do Chico, s� que o Paulo Gustavo, mais jovem, tratava de temas mais atuais” 
Saulo Laranjeira, ator, compositor e cantor


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)