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Estado de Minas M�SICA

Para ficar firme durante a pandemia, Bia Goes gravou o CD 'Nosso ch�o'

Cantora e compositora paulista se voltou para can��es e ritmos que ancoraram sua vida e traduziu no �lbum suas ideias sobre o contexto de crise


18/05/2021 04:00 - atualizado 18/05/2021 07:24

Bia Goes realizou seis lives para divulgar o novo trabalho. Gravações estão disponíveis em seu canal no YouTube(foto: Lucas Kakuda/Divulgação )
Bia Goes realizou seis lives para divulgar o novo trabalho. Grava��es est�o dispon�veis em seu canal no YouTube (foto: Lucas Kakuda/Divulga��o )
 
Em seu terceiro disco, o rec�m-lan�ado “Nosso ch�o”, a cantora e compositora paulista Bia Goes prop�e uma homenagem � brasilidade, com um passeio por diversos ritmos, incluindo ijexa, jink�, congo de ouro, xote, carimb�, samba chula e capoeira e o das zuelas (cantigas) do Candombl� Angola. O �lbum tem oito can��es, sendo tr�s compostas por Bia, que � tamb�m produtora, arte-educadora e pesquisadora musical. 

Em 15 anos de carreira, ela j� dividiu o palco com Toquinho, Omara Portuondo, Toninho Horta, S�rgio Britto, Gabriel Satter, Nelson Sargento, Ti�, Leci Brand�o, Oswaldinho do Acordeom e Dominguinhos.

 Por seus trabalhos anteriores, os discos “Bia Goes – Todo mundo quer dan�ar bai�o” (2013) e “3 em 3x4 – Um retrato da valsa brasileira” (2011), foi finalista do Pr�mio da M�sica Brasileira (2014), como melhor cantora regional, e do pr�mio Profissionais da M�sica (2016) como melhor cantora. 

“Meu caminho como cantora foi constru�do tendo como base a influ�ncia da m�sica instrumental brasileira, absorvida desde muito cedo em casa com meus pais, o multi-instrumentista Arismar do Esp�rito Santo e minha m�e, Silvia Goes, pianista, compositora e arranjadora”, conta ela.  

Para criar “Nosso ch�o”, ela partiu das perguntas ‘O que � nosso?’, ‘Onde pisamos?’ e “O que saudamos em nossa vida?’. O time de parceiros que ela reuniu nesse trabalho conta com Peri, Douglas Germano e Ricardo Valverde, assinando as composi��es; o mestre griot Carlos de Assump��o, que declama trecho de sua poesia “Ra�zes”; o grupo de cultura popular Kyloatala (em “Guaracyewaba”) e o instrumentista, cantor e compositor Fil� Machado (em “Mo�ambique”).

"A realidade est� posta, voc� vai fazer o qu� com ela? Que 'egr�gora' voc� vai querer construir dentro da sua casa e de si para sobreviver a isso? A m�sica fala disso, de olharmos para o povo como um s� e um pouco indignados com a situa��o. Como � que pode ser assim e como � que a gente pode n�o olhar para o outro?"

Bia Goes, cantora e compositora


 
PANDEMIA 
Bia conta que o �lbum “foi forjado no meio da pandemia” e explica o processo de sele��o das can��es: “Eram m�sicas que faziam companhia para mim durante a vida, mas que eu ainda n�o havia considerado como can��es para gravar. Na pandemia, eu e Ricardo Valverde, que � o diretor musical do CD e meu companheiro, nos vimos precisando resgatar o que fazia sentido. Uma vez que perdemos a possibilidade de sair de casa e nos comunicar com o mundo como faz�amos sempre, fomos resgatar o que fazia sentido para n�s. Da� o nome ‘Nosso ch�o’”.

A cantora e o marido fazem parte da Casa de Candombl� Angola nz� Kyloatala. “Esse contato com eles tamb�m trouxe um significado do que � ch�o para mim. � a palavra que ganhou uma infinitude de significados. O ch�o n�o � s� o lugar de pisar, � a seguran�a, o afeto e a refer�ncia. Tomando ent�o o ch�o como refer�ncia e, no caso do Candombl� Angola, como rever�ncia. Nesse CD, fa�o rever�ncia � m�e Oxum e a Iemanj� nas can��es ‘Oxum’ e no ‘tema para Odoy�’.”

Ela cita que h� tamb�m um tema dedicado ao ch�o, “Guaracyewuaba”. “� uma cantiga que a gente chama de zuela. Conheci-a pelo caboclo do Pai Arariboia, dentro do nz� Kyloatala. Quando a ouvimos, atravessou a gente, pois � um canto gritado. O caboclo canta gritando e ficamos muito chocados com aquilo. E a�, volta para casa, sai da ro�a, do trabalho, volta para o apartamento e para essa vida mais urbana. Ricardo fez uma harmonia e colocou m�sica nela. Meu irm�o Thiago fez uma linda introdu��o de baixo para essa m�sica.”

Bia diz que trazer para o CD essa can��o que � da ro�a, essa amplitude que � uma casa de candombl� e esse conv�vio com os irm�os de gera��es e profiss�es diferentes � tamb�m lembrar a refer�ncia e a rever�ncia de comunidade. “Mas ela � para atingir mais pessoas, � para eu ficar em comunidade, n�o � para ficar sozinha no meu querer musical. No disco tem tamb�m composi��es autorais. Assino ‘Flor de sal’ e ‘Egr�gora’, que fala dessa rela��o do presente.”

Um presente, mais uma vez, fortemente marcado pela realidade imposta pela pandemia, como explica a artista. “A realidade est� posta, voc� vai fazer o qu� com ela? Que 'egr�gora' voc� vai querer construir dentro da sua casa e de si para sobreviver a isso? A m�sica fala disso, de olharmos para o povo como um s� e um pouco indignados com a situa��o. Como � que pode ser assim e como � que a gente pode n�o olhar para o outro?”.
 
DESCANSO 
Bia assina ainda “Domingo”, uma capoeira que trata do ato de descansar. “Para que serve o domingo na vida? Engra�ado, porque, na pandemia, muitas vezes o domingo � um dia como outro qualquer. Mas no meu, explico que, para mim, n�o � um dia, mas, sim, um verbo. Nesse verbo, respiro, retiro e reflito. Tive a honra de receber nessa can��o Carlos de Asssump��o, que � um poeta de Franca (SP), que nos seus 90 anos foi reconhecido, ganhou pr�mios e foi olhado pelo mundo. � um poeta da resist�ncia e declama a poesia ‘Ra�zes’, que est� presente no livro ‘Protesto e outros poemas’.”

A cantora comemora tamb�m a participa��o de Fil� Machado no �lbum. “Ele arrasou, quebrou tudo na m�sica ‘Mo�ambique’. � muito generoso e cantou conosco.” Bia est� feliz com o momento de lan�ar o �lbum. “Apesar de tudo, ‘Nosso ch�o’ vem para ajudar a me firmar. Continuo compondo e aprendendo a dar valor �s coisas que tenho. Estou cuidando do disco como um filho. Eu o fiz via lei Aldir Blanc. Consegui tamb�m fazer seis lives. Chamei o cineasta Lucas Kakuda para fazer a filmagem. Foram lives-show e est�o dispon�veis no meu canal no YouTube. Todas foram feitas no formato de cinema, nesse intuito mesmo de valorizar cada pequena can��o, para saber plantar e compartilhar.”

Nas lives, Bia incluiu can��es que fizeram parte de sua carreira. “Fui cantora da banda do Oswaldinho do Acordeom durante muitos anos e canto forr� nas lives. Canto tamb�m ‘Torturas de amor’ (Waldick Soriano), um dos cl�ssicos da MPB, ‘Espumas ao vento’ e outras coisas cantadas por Fagner. Cantei tamb�m umas zuelas em quimbundo, que aprendi no terreiro. Al�m disso, recebi o grupo de cultura popular Kyloatala.”  
 
“Nosso ch�o”
.Bia Goes
.CDBaby
.Dispon�vel nas plataformas digitais 


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