
Um ano depois do planejado, a Bienal de Arquitetura de Veneza abre sua 17ª edi��o para o p�blico no s�bado (22/5). Adiado por conta da pandemia, o evento ser� realizado presencialmente at� 21 de novembro, na cidade italiana. Definido muito antes da crise sanit�ria, o tema “Como viveremos juntos?” pode ganhar nova leitura diante da trag�dia global.
O mesmo ocorre com a representa��o brasileira, a cargo do est�dio Arquitetos Associados e do designer Henrique Penha, todos mineiros. Em conson�ncia com o tema geral do evento, o Pavilh�o do Brasil vai apresentar a exposi��o “Utopias da vida comum”.
Como n�o haver� abertura oficial, o grupo de curadores faz live nesta quinta (20/5), �s 12h. A realiza��o � da Funda��o Bienal, em parceria com a Secretaria Especial da Cultura.

N�CLEOS
Projeto de 1959 dos arquitetos Henrique Mindlin e Giancarlo Palanti inaugurado em meados dos anos 1960, o Pavilh�o do Brasil ocupa parte nobre do Giardini, uma das duas �reas onde ocorre a Bienal. A mostra brasileira conta com dois n�cleos. A sala menor vai abrigar “Futuros do passado”, com dois projetos da arquitetura moderna. J� a sala maior recebe “Futuros do presente”, com dois v�deos que discutem a ocupa��o das grandes cidades no tempo atual.
Em mar�o de 2020, foi anunciado que a Bienal de Veneza seria adiada para agosto. Em maio, houve novo adiamento, para a data de agora. O projeto brasileiro, pronto desde ent�o, sofreu poucas modifica��es.
“Houve uma revis�o que refor�a a pr�pria proposta da Bienal, como as utopias da vida comum que trabalhamos, j� que no novo contexto tais temas se tornaram mais presentes”, comenta Carlos Alberto Maciel, do Arquitetos Associados. “Originalmente, o pavilh�o brasileiro, com duas vidra�as que d�o para terra�os, teria tais portas abertas, como manifesta��o f�sica do pr�prio espa�o. Pela mudan�a de contexto, n�o foi poss�vel.”
“Futuros do passado” se concentra em dois projetos hist�ricos da arquitetura modernista: o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (de Affonso Eduardo Reidy, 1947), o chamado “Pedregulho”, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e a Plataforma Rodovi�ria de Bras�lia (de L�cio Costa, 1957).
Ambos ganham novas interpreta��es em ensaios de Luiza Baldan (“Pedregulho”) e Gustavo Minas (Rodovi�ria). H� tamb�m registros dos conjuntos arquitet�nicos assinados por Leonardo Finotti e Joana Fran�a.
“Os edif�cios representam o per�odo em que o Brasil teve forte presen�a na arquitetura mundial, mostram a ideia de futuro de pa�s, de na��o. Mesmo com a deteriora��o f�sica que sofreram, os espa�os s�o t�o potentes que conseguiram outras formas de apropria��o. A curadoria buscou trazer uma reinterpreta��o dos edif�cios modernos”, diz Andr� Luiz Prado.
A curadoria buscou fugir do aspecto convencional de mostras de arquitetura, com maquetes e plantas. “O mais importante dos ensaios de artistas que convidamos foram os relatos da vida cotidiana naqueles locais”, acrescenta Alexandre Brasil.
A mostra “Futuros do presente” apresenta dois filmes imersivos, exibidos em tr�s telas. O primeiro, assinado por Aiano Bemfica, Cris Ara�jo e Edinho Vieira, � sobre a ocupa��o Carolina Maria de Jesus, no Centro de Belo Horizonte. O segundo, de Amir Admoni, parte do projeto Metr�pole Fluvial, em S�o Paulo, para tratar da apropria��o dos rios e questionar o modelo de transporte rodovi�rio.
“O futuro poss�vel vem da ideia sobre o que pensar para tentar reverter a trag�dia do desenvolvimento. Edif�cios modernos devem ser reimaginados para outras vidas. A l�gica da ocupa��o � interessant�ssima, pois reverte a obsolesc�ncia e gera benef�cio para a cidade, melhorando a qualidade da vida urbana. Ocupa��o n�o � como um edif�cio condominial de classe m�dia, ela se coloca como uma abertura para o p�blico”, diz Carlos Alberto Maciel.
Ao comentar a Ocupa��o Carolina de Jesus, Andr� Luiz Prado destaca a “interface com a cidade”. “� a cidade quase que entrando no edif�cio, pois ali voc� tem bazar, sal�o de cabeleireiro.” Para Bruno Santa Cec�lia, a partir de tais iniciativas h� a possibilidade de se pensar em uma pol�tica p�blica. “O pr�dio da ocupa��o estava parado h� 17 anos, era um passivo para o propriet�rio, que hoje recebe aluguel social”, afirma.
PAVILH�O DO BRASIL: BIENAL DE VENEZA
Live nesta quinta (20/5), �s 12h, com curadores de “Utopias da vida comum”. Transmiss�o nocanal da Funda��o Bienal no YouTube