
Em 2020, o mercado editorial encolheu outros 8,8% (de 2006 a 2019, a queda somada foi de 20%), segundo a pesquisa “Produ��o e vendas do setor editorial”. O desempenho das editoras no primeiro ano da pandemia, apurado pela Nielsen com base em informa��es fornecidas por elas, foi revelado na pela C�mara Brasileira do Livro (CBL) e Snel.
Como esperado, foram publicados e vendidos menos livros no ano passado. Em termos gerais, imprimiram-se 314 milh�es de exemplares (82% em reimpress�o e 18% de novos t�tulos), com redu��o de 20,5% na tiragem total. Editaram-se 46 mil t�tulos – 76%, 35.087, se referem a reimpress�es; e 24%, 11.295, a novas obras –, com queda geral de 17,4% no lan�amento de novos livros.
No c�mputo geral, foram vendidos no Brasil 354 milh�es de exemplares e as editoras faturaram R$ 5,2 bilh�es (R$ 3,7 bilh�es em vendas para o mercado e R$ 1,4 bilh�o para o governo).
"A pandemia fez as pessoas ficarem em casa, e elas voltaram a procurar o livro como forma de entretenimento, conhecimento e reflex�o"
Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros
COVID-19
H� alguns motivos para esse desempenho. Um deles � a desacelera��o nos tr�s primeiros meses da pandemia, quando ningu�m sabia o que ocorreria no mundo. Outro: o enfraquecimento da livraria como ponto de venda e exposi��o – algo que j� vinha acontecendo, mas se acentuou agora. Em 2018, ela era respons�vel por 50,5% do faturamento das editoras. Em 2019, por 41,6%. Em 2020, por 30%.
Na contram�o, as livrarias exclusivamente virtuais, como a Amazon, dobraram sua participa��o, de 12,7%, em 2019, para 24,8% agora. Essas lojas on-line foram respons�veis por 84% do faturamento das editoras, vendendo 53 milh�es de exemplares. A venda em escolas tamb�m cresceu de 5,9% para 9,1%. E em marketplaces, de 5,2% para 8,1%.
Outro dado interessante: os clubes de assinatura de livros aumentaram em 174% sua participa��o no faturamento das editoras. O valor ainda � baixo, R$ 36 milh�es, e muito baixo se comparado com outros canais de distribui��o, como as livrarias virtuais (R$ 932 milh�es), mas esse formato de venda vem conquistando leitores e mobilizando editoras e livrarias. “Ele vem registrando crescimento sequencial e constante, por isso vale o destaque”, comenta Mariana Bueno, consultora da Nielsen.
Por falar em leitura, o subsetor de obras gerais foi o que teve melhor desempenho em 2020, com n�meros positivos (aumento nominal de 3,8%), quando se analisa apenas a venda ao mercado. Foram produzidos 21.599 t�tulos e impressos 80,581 milh�es de exemplares. E foram vendidos, tamb�m apenas para o mercado, 88,081 milh�es de exemplares (1,1% a menos do que em 2019)
Quando colocamos as vendas para o governo na conta, os n�meros caem drasticamente. Mas � preciso lembrar que essas compras s�o sazonais, e em 2020 n�o houve compras para o PNLD Liter�rio, o que melhoraria muito esses n�meros.
Livros de obras gerais foram, em sua maioria, vendidos por livrarias exclusivamente virtuais (38,5%, ante 12,9% no ano anterior), livrarias f�sicas (29,8%, ante 57,7%), distribuidoras (10,7%, contra 13,2%), clubes do livro (4,1%, contra 1,1%), supermercados (2,8%, contra 3,5%) e outros (14,1%, ante 11,3%).
F�LEGO
“A leitura de obras gerais cresceu. Temos visto isso no mundo inteiro, e esse crescimento entrou em 2021. As pessoas redescobriram os livros, se reconectaram com eles”, comenta Marcos da Veiga Pereira, que tamb�m � dono da Sextante. “A pandemia fez as pessoas ficarem em casa, e elas voltaram a procurar o livro como forma de entretenimento, conhecimento e reflex�o”, completa.
Para o editor, o canal on-line foi muito eficiente nesse atendimento. Ao contr�rio das livrarias f�sicas, que, segundo ele, “passaram muito tempo passivas, esperando que o consumidor fosse l� comprar os livros”, o varejo on-line “bate na sua porta, chega no seu e-mail tr�s vezes por semana, ou mais.”
O pior setor em 2020 foi o de livros religiosos. “N�o imaginei que teria queda de R$ 90 milh�es, que � um peda�o grande da queda do mercado como um todo. Isso � quase totalmente vinculado ao segmento porta a porta, que requer contato pessoal, enquanto a pandemia trouxe o distanciamento social”, comenta Pereira. O porta a porta vai cair ainda mais em 2021, com a Avon deixando de vender livros.
Os did�ticos tamb�m n�o foram bem no ano passado: o setor apresentou queda de 11% nas vendas para o mercado – em termos reais, essa redu��o � de 15%. O segmento (cient�fico, t�cnico e profissional) continua em queda, tanto de produ��o quanto de venda.
TAXA��O
Vitor Tavares, presidente da C�mara Brasileira do Livro, diz que a amea�a ao setor vem da poss�vel taxa��o do livro, que � isento, e na nova reforma tribut�ria poderia deixar de s�-lo. “O mercado vai sentir muito”, comenta. De acordo com ele, o produto vai ficar mais caro, as vendas v�o cair e a crise vai perdurar.
Outro desafio, na opini�o de Marcos da Veiga Pereira,, � o qu� a ind�stria do livro far� quando as pessoas se sentirem mais seguras para voltar a sair. “Como vamos manter a leitura em alta?”, questiona.
MERCADO EDITORIAL
2020
8,8%
Desempenho geral
20,5%
Tiragem de livros
17,4%
Lan�amento de novos livros
LIVRARIAS F�SICAS
2019
41,6%
Do faturamento das editoras
2020
30%
Do faturamento das editoras
VENDAS ON-LINE
2019
12,7%
Participa��o no mercado do livro
2020
24,8%
Participa��o no mercado do livro