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Estado de Minas M�SICA

Novo disco de Mallu Magalh�es tem o bom selo de 'feito em casa'

Gravado ao longo de 2019 em Lisboa e cantando em diferentes idiomas, ''Esperan�a'' mescla de ritmos eletr�nicos a samba e bossa nova


27/06/2021 04:00 - atualizado 27/06/2021 08:16

Mallu Magalhães segue dedicada a ritmos brasileiros, como o samba e a bossa nova, e retoma o hábito de cantar em diferentes línguas, como inglês e espanhol(foto: Daryan Dorneles/divulgação)
Mallu Magalh�es segue dedicada a ritmos brasileiros, como o samba e a bossa nova, e retoma o h�bito de cantar em diferentes l�nguas, como ingl�s e espanhol (foto: Daryan Dorneles/divulga��o)

Dos 28 anos que tem de vida, a cantora Mallu Magalh�es passou mais da metade diante do p�blico que assistiu ao desenvolvimento art�stico de algu�m que, aos 15, era considerada a nova promessa da m�sica brasileira.

 Ainda jovem, ela soube usar isso a seu favor e consolidou um particular jeito de ver o mundo – e, consequentemente, fazer m�sica – como a marca registrada de todos os seus �lbuns, at� mesmo do rec�m-lan�ado “Esperan�a”, quinto da carreira que coloca fim a um jejum de quatro anos sem lan�amentos in�ditos.

PANDEMIA

Gravado ao longo de 2019 em Lisboa, onde Mallu mora com o marido, o m�sico Marcelo Camelo, e a filha do casal, Lu�sa, de 5 anos, o disco estava pronto quando a pandemia obrigou quase o mundo todo a ficar em casa.

Originalmente intitulado “Felicidade”, o trabalho estava programado para mar�o de 2020. Durante o �ltimo ano, o lan�amento foi sucessivamente adiado na esperan�a – com o perd�o pelo trocadilho – por dias melhores. Como eles ainda n�o chegaram, a cantora decidiu lan��-lo, sem aviso pr�vio, no dia 15 de junho.

Pelas redes sociais ela provou que est� atenta ao que ocorre no Brasil, apesar de viver na Europa. “Sei que agora ainda n�o est� tudo bem. At� porque, vencido o v�rus, ainda enfrentaremos as sequelas sociais que j� come�am a aparecer, sobretudo para aqueles que j� estavam em situa��o vulner�vel. N�o, definitivamente, n�o estamos nadando em rosas”, escreveu.

Mallu acredita que este � o momento certo de lan�ar o �lbum, embora ainda n�o possa sair em turn� ou divulg�-lo da maneira como gostaria. “Agora, j� sinto que faz sentido dar o que tenho de melhor, tentar oferecer uma esp�cie de al�vio e de carinho. E assim, curiosamente, a pergunta sobre o lan�amento do �lbum des�gua na realidade da pandemia, na declara��o de amor, saudade e, claro, esperan�a.”

Toda essa cautela em anunciar a chegada do novo trabalho parece ser a maneira que ela encontrou de blindar o novo trabalho de cr�ticas na internet. Desde que se mudou para Portugal, em 2013, Mallu Magalh�es � cobrada por supostamente ignorar a realidade brasileira por conta do tom escapista de suas can��es. A quest�o ficou s�ria depois do lan�amento do clipe de “Voc� n�o presta”, em 2017, produ��o acusada de refor�ar estere�tipos racistas.

Ap�s se desculpar, ela foi ao programa “Encontro com F�tima Bernardes” e, antes de apresentar a can��o, disse: “Essa � para quem � preconceituoso e diz que branco n�o pode tocar samba”. A fala repercutiu negativamente nas redes sociais e Mallu pediu desculpas novamente.

MINIMALISMO

Na �poca, a cantora estava no ciclo de divulga��o de seu quarto disco, “Vem” (2017), no qual ela mostrava ter atingido maturidade art�stica e po�tica para transitar por diferentes g�neros e escrever boas can��es. Quatro anos depois, ela prova, com “Esperan�a”, que n�o perdeu essas habilidades e que decidiu trat�-las com uma abordagem minimalista, quase caseira, como soam seus dois primeiros discos, ambos intitulados “Mallu Magalh�es”, lan�ados em 2008 e 2009.

Produzido por M�rio Caldato Jr. e pela pr�pria cantora, “Esperan�a” � o irm�o “calminho” de “Vem”. N�o h� novidade nos arranjos, Mallu segue dedicada a ritmos brasileiros, como o samba e a bossa nova. Ela retoma o h�bito de cantar em diferentes l�nguas – algo que n�o fazia desde o �timo “Pitanga” (2011) – e flerta com uma abordagem l�dica dos temas que canta, fazendo sua m�sica apropriada para todas as idades.


Da leveza aos sons eletr�nicos

Com 12 faixas distribu�das em quase 37 minutos, “Esperan�a” come�a com “America Latina”, cantada em ingl�s e portugu�s, constru�da a partir da jun��o de piano, guitarra e sons sintetizados.

Ou�a "America Latina"


A faixa seguinte, “Deixa a menina”, n�o s� � dedicada a Lu�sa, como tamb�m se refere � frase que ela dizia quando tentavam impedi-la de fazer alguma coisa. “Deixa menina brincar em paz/ Dan�ar a dan�a que � s� dela/ Deixa a menina correr atr�s/ Atr�s do vento que bate nela”, diz um dos versos, que a cantora divide com Preta Gil, em parceria in�dita.

“P� de elefante” conta com sons eletr�nicos que d�o cor a uma composi��o sem brilho. J� “Barcelona” � cantada em ingl�s e remete ao trabalho de Bebel Gilberto, principalmente quando Mallu reproduz com a voz o som que as caixinhas de f�sforo fazem nos sambas tradicionais. A grava��o conta com a participa��o ainda mais inusitada de Nelson Motta, que recita um poema tamb�m em ingl�s.

Com letra em espanhol, “Regresso” � um dos pontos altos. Elegante, a m�sica conta com trompete, o que acentua sua levada melanc�lica.

J� a otimista “As coisas” representa uma virada no �lbum. A partir dela, “Esperan�a” se torna um disco menos preocupado em fazer jus aos g�neros can�nicos da m�sica brasileira e, portanto, mais divertido e menos pretensioso. A faixa prova o talento de Mallu Magalh�es para produzir boas letras.

“Cena de cinema”, que flerta com jazz e blues, revela que a cantora ainda guarda em si o vigor de quem comp�s “Tchubaruba”, “J1” e “Vanguart” no in�cio da carreira.

“I'm ok” remete ao surf rock, enquanto “Fases da lua” coloca a voz quase desafinada de Mallu na atmosfera insinuante do trip hop. Para gravar essa, ela come�ou a cantar a capella e os m�sicos foram improvisando a partir de sua interpreta��o. Por isso ela soa crescente, preparando terreno para “Voc� vai ver”, faixa dedicada � cad�ncia do reggae.

De todas, “Quero quero” � a �nica que Mallu Magalh�es apresentou em uma das lives que fez durante a pandemia. A faixa, que mistura jazz e MPB, ganhou videoclipe realizado por Bruno Ilogti durante a quarentena e re�ne imagens de f�s da artista.

“Ele (o v�deo) surgiu da vontade de dan�ar em casa e, de certa forma, fugir um pouco da realidade que se apresentava. Fiz uma campanha no Instagram e o pessoal me enviou v�rios v�deos dan�ando a m�sica ou apenas curtindo algum hobby em casa, e foi uma del�cia receber v�deos t�o lindos e divertidos”, contou ela em comunicado � imprensa.

“Esperan�a” chega ao fim com “Enjoy the ride”, faixa indie rock cuja letra � dedicada a Lu�sa, na qual a cantora pede � filha que “aproveite a jornada”.

A mensagem de Mallu Magalh�es � bastante clara. Ela est� interessada em fazer um tipo de m�sica condizente com sua vis�o de mundo, sem se preocupar com novidades e tend�ncias da ind�stria. Tanto �, que “Esperan�a” sai de forma independente pelo selo Quero Quero, criado por ela para editar o pr�prio trabalho e, quem sabe, tamb�m o de outros artistas. (GA)
(foto: Quero Quero/reprodução)
(foto: Quero Quero/reprodu��o)

“ESPERAN�A”
• De Mallu Magalh�es
• 12 faixas
• Quero Quero
• Dispon�vel nas plataformas digitais


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