Come�a o festival 'No ar coquetel molotov', com 10 talentos da cena mineira

Evento tradicional no calend�rio da m�sica alternativa brasileira, “No ar coquetel molotov” ganha edi��o dedicada � cena de Minas Gerais. Hoje (29/6) e amanh� (30/6), o festival pernambucano exibe dois epis�dios da s�rie que re�ne shows in�ditos filmados no Instituto Inhotim, em Brumadinho.

Estar�o em cartaz artistas em ascens�o, com destaque para a pluralidade da produ��o contempor�nea de Minas. Hoje, apresentam-se Marina Sena, Jh�, JOCA, Bernardo Bauer, e Amanda Chang. Os shows de Best Duo (FBC e Iza Sabino), Paige, Nath Rodrigues e Falsa Luz fecham o evento. Em ambos os dias, a transmiss�o contar� com a presen�a da DJ e vogue performer L�zara dos Anjos.

As cantoras Jh� e Paige foram selecionadas para participar do “Coquetel molotov” entre os 200 inscritos na convocat�ria mineira, voltada para “nov�ssimos talentos da cena local”. Enquanto a primeira ainda prepara o lan�amento oficial de sua carreira como cantora solo, a outra tem se consolidado como aposta de um estilo ainda pouco explorado em Minas Gerais: o R&B.

Jh�, que tamb�m � atriz e canta em blocos do carnaval de Belo Horizonte, lan�ou seu projeto autoral h� pouco tempo. Quando se inscreveu para participar do “Molotov”, n�o achou que seria selecionada por n�o ter can��es nas plataformas de streaming, mas apenas no YouTube. Em seu canal, ela exibe o v�deo de “�ltima canci�n” e “N� no tempo” – foi o bastante para coloc�-la no radar da curadoria do festival.

“�ltima canci�n” faz parte do repert�rio que Jh� apresenta no “Molotov”, assim como duas in�ditas: o samba “Pescador de tra�ras” e “Terra sabi”, interpretada em crioulo cabo-verdiano, l�ngua origin�ria do Arquip�lago de Cabo Verde. Com Paulim Sartori, m�sico que a acompanha no festival, ela desenvolve o projeto Kriol, de m�sicas brasileira e cabo-verdiana.

“Em 2014, tive contato com a m�sica de Cabo Verde e me apaixonei por aquela l�ngua. � um idioma muito percussivo, com can��es muito alegres”, diz Jh�. “Depois do primeiro contato, joguei no Facebook perguntando se algu�m conhecia uma pessoa de Cabo Verde. Como aqui tem uma comunidade muito grande de pessoas de l�, criei amizade com um rapaz de l� que mora aqui, o poeta Pedro Matos. Foi ele quem me ajudou a firmar o meu contato com o crioulo cabo-verdiano.”

Atualmente, Jh� tanto reinterpreta can��es de Cabo Verde quanto comp�e na l�ngua do arquip�lago. “Nossa proposta � fazer a mistura com m�sicas brasileiras para que seja estabelecida a ponte com o Brasil”, afirma.

Carioca radicada h� oito anos em Belo Horizonte, Jh� encontrou em Minas terreno f�rtil para sua atua��o art�stica. Al�m de participar do bloco Me Beija que eu sou Pagodeiro, ela foi a primeira mulher a vencer duas vezes o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, com “O baile do cidad�o de bem” e “� carnaval em BH”, em 2017 e 2019, respectivamente.

“Agora, com 32 anos, pensei: poxa vida, est� na hora de come�ar a investir na minha parada. Tenho um disco pronto na cabe�a, vai se chamar 'Macro-Jh�'. Estou tentando aprovar o projeto na lei municipal de incentivo � cultura”, conta. “Vai ser a mistura de S�rgio Ricardo com Bj�rk.”

O rapper JOCA fez o movimento contr�rio ao de Jh�. Nascido em Minas Gerais, foi criado na Regi�o dos Lagos e hoje mora em Niter�i, no Rio de Janeiro. Seu primeiro registro musical, “A salva��o � pelo risco”, foi lan�ado em 2019. Por�m, a divulga��o foi interrompida pela pandemia e ele n�o conseguiu fazer shows no estado natal. Agora, recupera a perda por meio da participa��o no “Coquetel molotov”.

“� o meu primeiro show fora do Rio de Janeiro. Por mais que seja virtual, o jeito como estamos podendo fazer m�sica ao vivo hoje, � um momento muito especial”, afirma. JOCA vai apresentar “Throwback”e “Katara”, faixas de seu primeiro disco, e os singles “Tentando te manter no peito”, lan�ado em 2020, e “Nimbo”, que chegou recentemente �s plataformas digitais.

Apesar de criado no Rio de Janeiro, o artista n�o esconde a influ�ncia do rap mineiro. “Cresci ouvindo falar das batalhas de rima no Viaduto Santa Tereza. Quando era mais novo, tamb�m me lembro de assistir ao Kdu dos Anjos na TV. Sou muito f� do FBC, da Brisa Flow, do Coyote Beatz e do Djonga, que n�o tem como a gente n�o citar”, afirma.

Com 25 anos, ele se recorda de quando, ainda nos tempos iniciais do Inhotim, visitou o centro de arte de Brumadinho e experienciou, pela primeira vez, uma instala��o sonora. “N�o me lembro de qual artista era, mas sei que era num galp�o forrado com material de fibra de vidro, cheio de caixas de som que narravam uma guerra. Aquilo me impressionou, pois era algo que nunca tinha vivido, gra�as a Deus”, comenta.

Frustrado por n�o poder “cair na estrada” com o disco que acabara de lan�ar, ele conta que fez “um trabalho interno” para compreender que o problema – a pandemia –  era maior, e n�o se afundar em “pensamentos ruins”.

“Fico feliz por ter conseguido lan�ar o disco. E ponto. Com o passar dos meses, desenvolvemos uma s�rie de alternativas para continuar trabalhando”, diz.

Joca tamb�m n�o se cobrou um novo trabalho durante o per�odo pand�mico. Ainda assim, come�ou a produ��o do pr�ximo projeto, ainda em fase inicial, que deve ser lan�ado em 2022. “Tenho o desejo muito grande de fazer a turn� do meu primeiro trabalho. Ainda tenho esperan�a em rela��o a isso”, avalia.

Com programa��o formada por artistas em in�cio de carreira, esta edi��o do “Coquetel molotov” funcionar� como uma esp�cie de showcase para os artistas convidados. Cada um ter� um tempo determinado para apresentar um aperitivo de seu trabalho.

Marina Sena, ex-integrante dos grupos Rosa Neon e A Outra Banda da Lua, mostra can��es de seu aguardado �lbum de estreia, “De primeira”, previsto para agosto. Al�m dos j� lan�ados singles “Me toca” e “Voltei pra mim”, bem recebidos pelo p�blico, ela canta as in�ditas “Cabelo” e “Temporal”, todas em formato voz e viol�o, bastante diferente da abordagem pop de seus �ltimos lan�amentos.

O repert�rio de Nath Rodrigues e Bernardo Bauer tamb�m ser� marcado pelo ineditismo. A cantora e multi-instrumentista apresenta m�sicas de seu pr�ximo disco, o in�dito “Fio”, enquanto o integrante da banda Moons vai mostrar as in�ditas “Te ver dormir” e “Te ver andar”, al�m de can��es de seus dois discos, “Pelomenosum” (2017) e “P�ssaro-C�o” (2019).

J� o repert�rio do Best Duo, formado por FBC e Iza Sabino, com produ��o de SMU, ter� can��es compartilhadas em um grupo de WhatsApp, incluindo “Vale grana”, com a participa��o de Djonga.

Criado em meio � frustra��o e �s tristezas geradas pela pandemia, o projeto Falsa Luz, que funde punk, grunge e black metal, vai tocar o repert�rio de seu trabalho de estreia, “Vozes penadas” (2020), al�m da in�dita “O abismo olha de volta”.

Em sua performance, a DJ Amanda Chang se inspirou na orix� Nan�, que representa a morte e a vida. Todas as m�sicas foram criadas na hora, no improviso.

� a segunda vez que Minas Gerais ganha uma edi��o do “No ar coquetel molotov”. A primeira foi realizada em 2016, no CentoeQuatro, no Centro de BH.

Nesta ter�a (29/06) e quarta-feira (30/06), a partir das 19h, no canal do No Ar Coquetel Molotov no YouTube (youtube.com/noarcoquetelmolotov). Informa��es: coquetelmolotov.com.br

HOJE (29/06) 

. Bernardo Bauer

. JOCA

. Marina Sena

. Jh�

. Amanda Chang

. L�zara dos Anjos

AMANH� (30/06)

. Nath Rodrigues

. Paige

. Best Duo

. Falsa Luz

. L�zara dos Anjos