Turn� que M�nica Salmaso fez pelo Jap�o com o p� quebrado gera disco

 

Gravado ao vivo no Nerima Culture Center e no est�dio Saidera Mastering, no Jap�o, em abril de 2019, o �lbum “Japan tour 2019”, do quarteto M�nica Salmado (voz e percuss�o), Guinga (viol�o), Teco Cardoso (flauta) e Nailor Proveta (clarinete) chega agora �s plataformas digitais. Originalmente editado no Jap�o, o disco traz 12 faixas e chega ao Brasil pela Biscoito Fino, tamb�m em formato f�sico. S�o cinco faixas gravadas ao vivo e o restante em est�dio, nos dois dias seguintes � apresenta��o japonesa.

O �lbum, que traz na capa uma pintura da artista pl�stica mineira Leonora Weissmann, re�ne can��es que Guinga comp�s sozinho ou com parceiros como Aldir Blanc, Anna Paes, Celso Vi�fora, Paulo C�sar Pinheiro e Thiago Amud. “A m�sica de Guinga � uma das obras mais importantes da hist�ria da m�sica brasileira. Nela mora a profunda alma da cultura brasileira, capaz de emocionar e de ter criado uma nova �rvore na composi��o de onde muitos novos artistas encontraram uma fonte, um caminho e uma identidade”, comenta M�nica.

O quarteto, afirma a cantora, � a jun��o de artistas que pensam a m�sica de forma parecida e que se dedicam a ela com amor, estudo, buscando simplesmente oferecer o melhor. “Teco e Proveta s�o amigos na vida e na m�sica h� muitos anos e t�m uma forma especial de tocar juntos, de costurar as ideias musicais, de fazer orquestra��o e improvisa��o em forma de di�logo. Cantar com eles sempre foi uma experi�ncia de beleza. Chegar com esse trabalho ao Jap�o, mesmo de p� quebrado, muletas e cadeira de rodas, foi uma aventura e um sonho incr�vel que pudemos realizar.”

A turn� japonesa emocionou muito o quarteto. “Temos uma enorme admira��o pelo Jap�o. � m�gico atravessar a dist�ncia geogr�fica que nos separa e ver tantas diferen�as culturais. N�s nos encantamos com a seriedade, o respeito, o orgulho do trabalho, a organiza��o, a poesia e a alegria com que os japoneses nos recebem. Esse �lbum seria lan�ado somente l�, mas, para a nossa alegria, a gravadora se interessou em lan��-lo tamb�m no Brasil. Sobretudo agora, ap�s um ano e meio de pandemia, sem podermos viajar para trabalhar. O certo � que o lan�amento desse trabalho nos devolve um pouco a nossa vida, o nosso of�cio.”

  

O disco nasceu quase por um acaso, conforme conta M�nica. “A hist�ria dele foi assim: eu e Guinga j� fazemos shows em duo e em trio h� muitos anos. N�s quatro tamb�m j� viajamos bastante. Por�m, pouco antes da grava��o desse �lbum, resolvemos levar adiante esse projeto de quarteto. Ent�o eu tinha um show agendado com Guinga no Audit�rio Ibirapuera, em S�o Paulo. Aconteceu que houve o interesse de uma equipe de uma TV japonesa (NHK) que estava gravando um especial sobre o viol�o contempor�neo brasileiro e que queria fazer uma grava��o com o Guinga e se interessou em gravar esse show de S�o Paulo. A� pensamos em fazer algo em quarteto e assim convidamos o Teco e o Proveta para esse show.”

Teco e Proveta, conforme diz M�nica, “t�m um jeito f�cil de resolver e escrever bonitas vozes para os dois, o que acaba virando uma miniorquestra. � muito elegante e, ao mesmo tempo, s�o dois superimprovisadores. E a m�sica do Guinga tem espa�o para isso, com diversos temas instrumentais. Ent�o, convidamos os dois e, quando chegou na hora do show, apareceu no teatro uma equipe de 30 japoneses. Eles fizeram uma ilha de edi��o no teatro e uma aparelhagem para capta��o sonora superprofissional. Junto com essa equipe veio tamb�m uma representante da Revista Latina, que havia morado no Rio de Janeiro, para ajudar na tradu��o.”

Ela lembra que tamb�m chegou ao teatro uma empres�ria japonesa que tem uma produtora no Jap�o. “As duas estavam juntas para auxiliar a equipe japonesa. Elas assistiram ao nosso show, gostaram e nos convidaram para fazer uma turn� pelo Jap�o. Aceitamos na hora, pois somos apaixonados por aquele pa�s. O Teco j� esteve l� 14 vezes, eu somente uma, em 2017, mas estava doida para voltar. E o Proveta j� foi por algumas vezes, por�m o Guinga nunca havia estado naquele pa�s e estava louco para ir. Ent�o aceitamos o convite. Como essa foi uma iniciativa das duas, elas acabaram fazendo uma programa��o que envolvia uma turn� em tr�s cidades e a grava��o de um disco. No fim da excurs�o,  ir�amos para um est�dio e gravar�amos um �lbum que circularia somente no Jap�o.”

 

No entanto, o projeto teve que lidar com um grande percal�o. “Em 15 de mar�o, 20 dias antes da viagem, quebrei o p�. Mesmo assim, fui para o Jap�o de muletas e cadeira de rodas, foi uma aventura. Mas acontece que o Jap�o � o melhor lugar do mundo. � uma felicidade e uma emo��o enormes irmos para l�. At� mesmo naquelas condi��es f�sicas em que eu me encontrava. E a emo��o ficou maior ainda porque era algo de resist�ncia. Em todos os shows que fizemos, sa�mos chorando do palco. E era uma d�vida nossa ver como seria essa aceita��o do p�blico japon�s para com a m�sica de Guinga, que n�o �, necessariamente, aquela que a gente engaveta como sendo para o mercado japon�s.”

Os quatro j� tinham uma ideia preconcebida daquilo que � ou n�o direcionado para o mercado japon�s. “E a m�sica de Guinga n�o � assim. E t�nhamos, al�m da d�vida, expectativa e ansiedade em rela��o ao fato de que, ao contr�rio das nossas experi�ncias anteriores, dessa vez n�o far�amos em clubes de jazz, mas sim um circuito em teatros. A gente ia para o teatro e n�o sabia como a plateia nos receberia, porque o clube de jazz tem um p�blico cativo, diferentemente do circuito de teatro.”

A artista conta que o disco � cheio de significados para os quatro m�sicos. “� um afeto s�, muito trabalho e muito tempo dedicado. O Guinga tem muita coisa e como j� trabalhamos juntos h� muito tempo, temos tamb�m um grande repert�rio. Ele comp�e ao viol�o e encontra tonalidades nas quais o instrumento soa o melhor poss�vel. Ent�o a m�sica dele n�o � facilmente transpon�vel, e a forma como ele comp�e, usando o viol�o, n�o � mudando meio tom para c� ou para l�. Isso bagun�aria a vida dele toda, porque usa muito os acordes com as cordas soltas, o que significa que, quando canto com ele as can��es dele, tenho uma certa limita��o.”

 

A ideia inicial era fazer o disco inteiro em est�dio, mas, na noite anterior � grava��o, o quarteto havia feito um show em um teatro em T�quio, em que o p�blico japon�s bateu palmas na m�sica “Bai�o de Lacan”, o que surpreendeu o quarteto.

“Foi muito bonito, e o engenheiro de som gravou o show ao vivo. At� nem sab�amos que estava sendo gravado, mas ele gravou porque estava, na verdade, nos estudando. Isso � pr�prio dos japoneses. L� eles se preparam, estudam o que v�o fazer. Ent�o o operador de som fez uma grava��o ali, ao vivo. Foi depois que gravamos o restante em est�dio, pois j� t�nhamos essa outra op��o.”

“Quando ouvimos a grava��o feita pelo operador de som, falamos nossa, h� momentos do show, como por exemplo as m�sicas ‘Bai�o de Lacan’ e ‘Contenda’, em que a plateia veio carregada de uma emo��o. E n�s tamb�m, por estarmos naquele teatro. Ent�o seria um desperd�cio n�o usar o que havia sido gravado. Ent�o acabamos fazendo um h�brido entre can��es gravadas no est�dio e no show.” 

A parte gr�fica do disco foi entregue � artista pl�stica mineira Leonora Weissman. “Tudo que envolve esse CD tem a ver com o tempo de dedica��o e de estrada. Ela pintou cinco telas, e a quinta acabou se transformando na capa do disco, com a refer�ncia das cerejeiras. Isso porque chegamos ao Jap�o em plena �poca delas. Ent�o a capa do disco � uma pintura da Leonora baseada na flora��o das cerejeiras”, conta M�nica Salmaso. 

.M�nica Salmaso, Guinga,Teco Cardoso e Nailor Proveta

.Biscoito Fino

.12 faixas

.Dispon�vel nas plataformas digitais