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Estado de Minas

Festival de Inverno da UFMG homenageia a Semana de 22 e debate o modernismo

Edi��o on-line do evento come�a nesta sexta (23/07), com bate-papos com escritores, oficinas, shows e pe�a teatral


21/07/2021 04:00 - atualizado 21/07/2021 16:18

O espetáculo
O espet�culo "Luiza Mahin... eu ainda continuo aqui", idealizado e protagonizado pela atriz Cyda Moreno, estreia no festival no s�bado (foto: Cristina Granato/Divulga��o)

Em celebra��o (antecipada) ao centen�rio da Semana da Arte Moderna de 1922, o Festival de Inverno da UFMG inicia nesta sexta-feira (23/07) sua 53ª edi��o, com o tema “Vozes dos brasis", investigando o fen�meno modernista e seus desdobramentos. A programa��o ser� on-line e se estende at� o pr�ximo dia 31, com rodas de conversas, palestras, oficinas e 13 atra��es art�sticas de diferentes vertentes (teatro, m�sica e performances).  

A literatura predomina na programa��o da abertura, com dois encontros. �s 18h30 de sexta, o escritor mineiro Silviano Santiago debate sobre seu novo livro, “Menino sem passado” (2021), com a professora do Departamento de Letras da UFMG Eneida Maria de Souza. 

Em seguida (�s 20h15), o cantor, compositor e escritor Arnaldo Antunes conversa com a escritora L�cia Castello Branco, professora de estudos liter�rios da UFMG, sobre “Algo antigo” (2021), a mais recente obra liter�ria do ex-Tit�s. 

O espet�culo “Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui”, idealizado e protagonizado por Cyda Moreno, ir� ao ar no s�bado (24/07), �s 19h15. A pe�a teatral reflete sobre o exterm�nio da juventude negra no Brasil, inspirada pela figura de Luiza Mahin, uma das l�deres da Revolta dos Mal�s, em Salvador, no s�culo 19, conhecido como o maior levante antiescravagista da hist�ria do Brasil. 

Natural de Sabar� (MG), a atriz Cyda Moreno v� uma converg�ncia entre o tema de seu espet�culo e a tem�tica “Vozes dos brasis”, proposta pelo Festival de Inverno. “A pe�a d� voz a todas a etnias que foram apagadas aqui neste Brasil, principalmente ao povo negro, que construiu este pais � base do sofrimento, da viol�ncia, de todas as formas de crueldade”, afirma a artista, de 59 anos.

Na avalia��o de Cyda Moreno, “quando o festival traz para o foco essa comunidade, a sua arte, a sua complexidade, as suas problem�ticas, ele est� totalmente antenado com a contemporaneidade. N�s estamos no s�culo 21 e n�o tem mais como negar a nossa exist�ncia (do povo negro)”, completa.

A atriz se encantou pela trajet�ria de Luiza Mahin em 2006, quando interpretou a personagem na s�rie "Her�is de todo mundo”, da TV Futura. Desde ent�o, Cyda sonhava em transportar a hist�ria, ainda pouco conhecida pelos brasileiros, para os palcos. “Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui” estreou em mar�o passado. 
    
CONTEXTO 
“Eu poderia trazer a Lu�za em v�rios outros contextos, mas sempre a enxerguei se encontrando com essas m�es negras que continuam perdendo os seus filhos para a necropol�tica, as viol�ncias do Estado e o racismo estrutural. Ou seja, a hist�ria dos filhos das mulheres negras, desde a travessia do Atl�ntico na di�spora, � c�clica, porque os jovens negros continuam sendo desaparecidos”, afirma a atriz. 

A pe�a aborda o sofrimento das m�es ao perder os filhos. A atriz conta que Luiza Mahin enfrentou esse processo quando seu filho foi vendido como escravo, aos 12 anos. Os dois nunca mais se reencontraram. Na trama, a protagonista aparece como uma esp�cie de for�a do al�m, orientando as mulheres de hoje em dia a seguir seu caminho. 

Apesar da abordagem tr�gica, Cyda Moreno acredita que o espet�culo transmita uma mensagem positiva. “Acaba de uma forma pra cima, sobre como essas pessoas podem continuar, de onde elas podem se fortalecer para continuar sua jornada, independentemente da trag�dia que nos acomete”. 

RELIGI�O 
Para ela, “voc� n�o precisa ser da religi�o afro-brasileira para saber que seus ancestrais est�o aqui o apoiando”. Cyda avalia que “o espet�culo traz essa costura de uma forma muito po�tica, muito sublime, para contrastar com a dureza que est� nas entrelinhas, porque � muito duro”. A grava��o de “Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui” foi feita no Teatro Petra Gold, no Rio de Janeiro. 

Os primeiros contatos da atriz com o Festival de Inverno da UFMG se deram como estudante em oficinas de edi��es anteriores, em Diamantina (MG). “Tenho uma hist�ria com esse festival. A gente sabe da import�ncia dele para a UFMG, Minas Gerais e o Brasil. Ao longo dessas 53 edi��es, foram v�rios profissionais renomados que vieram somar na programa��o. Por exemplo, o Grupo Galp�o surgiu depois de uma oficina da qual eles participaram no Festival de Inverno. Para mim, � uma honra muito grande poder contribuir artisticamente com a potencialidade desse evento.” 

M�SICA 
O grupo musical A Barca � a atra��o do dia 28. Eles discutir�o sobre seu processo criativo e apresentar�o can��es na se��o chamada de “Conversas musicais”, que tem curadoria a cargo do Conservat�rio UFMG. O coletivo de S�o Paulo se dedica �s manifesta��es populares brasileiras, se inspirando, por exemplo, no trabalho de M�rio de Andrade – um dos fundadores do Modernismo no Brasil e um dos articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922.

"A reflex�o do M�rio (de Andrade), junto com o trabalho dele como etn�grafo, nos inspirou no sentido de trabalhar em di�logo com a cultura popular. N�s somos m�sicos de forma��es diversas, mas todos ligados a um fazer urbano”, afirma o pianista Lincoln Ant�nio, de 50 anos. “Quando a gente se voltou para esse dado popular, a m�sica que � realmente feita pelo povo, na fun��o do povo, no rito do povo, foi um grande divisor de �guas para todo mundo. E a gente foi muito orientado por esse mergulho do M�rio", diz.

O poeta M�rio de Andrade (1893-1945) era tamb�m professor de m�sica e reuniu no “Ensaio sobre a m�sica brasileira” um vasto material de informa��es que pesquisou ao longo dos anos. 

Em “Conversas musicais”, A Barca apresentar� um repert�rio diverso, que incluir� ritmos associados ao tambor de Minas, congado, carimb�, sambas de terreiro, bumba meu boi, c�co, entre outros. A grava��o do show foi sobreposta por imagens das viagens do grupo e da miss�o de Pesquisas Folcl�ricas de M�rio de Andrade, em 1938. O �udio dos registros se mistura com a performance dos artistas. Para Lincoln, essa � a melhor forma de conversar sobre o assunto. 

“Vamos demonstrar como a gente sai de um lugar para outro. A gente sempre gosta de localizar bem as m�sicas, de dar nome �s fontes, quem cantou aquilo, de que maneira. O popular n�o � an�nimo, ele tem uma base comum do material, mas existem muitos criadores. E cada vers�o � uma vers�o. Mesmo que a m�sica seja tradicional, ent�o a gente tem muita aten��o a isso”, observa.

OFICINA 
A Barca tamb�m promove a oficina aberta “Cria��o em di�logo com a tradi��o”, em 31 de julho, sobre o congado mineiro, com a participa��o dos mestres Dirceu e Luiza Ferreira, da Irmandade de Nossa Senhora do Ros�rio de Justin�polis. Na conversa, os convidados v�o discutir alguns aspectos do congado, enquanto o grupo vai explicar de que forma encaram e absorvem o g�nero. 

“Cada um vai estar na sua casa, ent�o eu, por exemplo, vou mostrar como trago isso para o piano”, conta Lincoln. Ele comenta que conhece a comunidade de Justin�polis h� bastante tempo. A parceria inclui discos e shows em conjunto. “� uma rela��o que a gente vai cada vez mais aprofundando. N�o � um trabalho de pesquisa, que vai l� e acabou. Na verdade, a gente est� sempre alimentando essas rela��es.”

Esta � a segunda participa��o d’A Barca no Festival de Inverno da UFMG. O pianista Lincoln Andrade destaca a import�ncia do evento neste per�odo de distanciamento social, no qual o grupo enfrentou dificuldades para seguir na ativa. “Foi complicado, a gente n�o fez nada no ano passado. O Festival de Inverno da UFMG � tudo de bom. A gente est� bem contente, foi bom para retomar esses assuntos, a rela��o com Justin�polis. Ent�o ele est� trazendo v�rias coisas preciosas.”

A programa��o do “Conversas musicais” ter� tamb�m os mineiros Toninho Horta (em 30/07) e Titane e Makely Ka, que fazem o show de encerramento, no dia 31. A oferta de oficinas inclui ainda “Colorindo o mundo: autorretratos com Anita Malfatti e o sert�o”, voltada para o p�blico infantojuvenil. 

Arnaldo Antunes conversa com a escritora e professora Lúcia Castello Branco sobre seu mais recente livro,
Arnaldo Antunes conversa com a escritora e professora L�cia Castello Branco sobre seu mais recente livro, "Algo antigo" (2021), no dia da abertura (foto: Raval Filmes/Divulga��o )


53º Festival de Inverno UFMG
Desta sexta-feira (23/07) a 31/07. Transmiss�es pelo canal youtube.com/culturaufmg. Programa��o completa no site 
www.ufmg.br/festivaldeinverno
*Estagi�rio sob supervis�o da editora Silvana Arantes

CONECTE-SE
Confira a programa��o gratuita

Sexta-feira (23/07)

18h30: Palestra “Menino sem passado” em pauta: Silviano Santiago e Eneida Maria de Souza 
20h15: Passar Poesia – Encontro com Arnaldo Antunes

S�bado (24/07)

19h45: Espet�culo “Luiza Mahin... eu ainda continuo aqui” 

Segunda-feira (26/07)

18h30: Performance de Jaider Esbell
21h: Textura Sonora + exibi��o do curta “MMM – Modernismo por Minas Mundo”

Ter�a-feira (27/07)

21h: Textura Sonora – Estrela Guia
21h05: Exibi��o do filme “Fonte de cura”

Quarta-feira (28/07)

21h: Textura Sonora – Outros eram os outros
21h05: Show “Conversas musicais: trilha, toada e trup�” – Grupo A Barca

Quinta-feira (29/07)

21h: Textura Sonora – Bem que o povo fala...
21h05: Di�logos Artista e Curador: “Alphabeto”, de M�rio Zavagli

Sexta-feira (30/07)

20h30: Textura Sonora – Col a Col, Cantarol
20h35: Conversas musicais: Toninho Horta

S�bado (31/07)

21h: Show Conversas musicais: “Os sert�es de Rosa e Elomar” – Titane e Makely Ka


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