Pianista Amaro Freitas participa de encontro gratuito neste s�bado

Descrita como uma "conversa sonora", a atividade foi gravada a dist�ncia no Est�dio Carranca, no Recife, e ter� Amaro ao piano enquanto fala sobre as pesquisas que desenvolve musicalmente relacionadas a ancestralidade, hist�rias esquecidas, filosofias e figuras do Brasil negro.

"A ideia � falar um pouco da hist�ria de Baquaqua fazendo um link com o significado de Sankofa. Tento fazer isso de forma bem did�tica, bem educativa, mostrando a maneira como eu componho. Ao longo de todo o encontro, eu toco trechos das minhas m�sicas e, ap�s cada uma, encerro apresentando-as na �ntegra", explica o m�sico.

Baquaqua – que d� nome a uma das faixas de "Sankofa", terceiro disco de Amaro Freitas – diz respeito � hist�ria do pr�ncipe africano Mahommah Gardo Baquaqua, trazido para o Brasil como escravo, mas que conseguiu fugir para a Am�rica do Norte, onde aprendeu a ler e a escrever. Sua autobiografia foi publicada pelo abolicionista americano Samuel Moore.

"Uma f� do meu trabalho me mandou a hist�ria desse homem no meu inbox no Instagram. Dei uma olhada e fui pesquisar um pouco mais sobre ele. O cara era pr�ncipe no pa�s de onde ele foi trazido e foi padeiro aqui no Brasil. Depois que ele fugiu e aprendeu a escrever, a inten��o dele era voltar para a �frica e conscientizar o m�ximo de jovens em rela��o � escravid�o no restante do mundo", conta.

Para ele, a hist�ria de Baquaqua est� intimamente ligada ao Sankofa, s�mbolo Adinkra, pertencente aos povos ac�, grupo lingu�stico da �frica Ocidental, traduzido como "retorno ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro". O ideograma � representado por um p�ssaro com a cabe�a voltada para tr�s.

"� o p�ssaro que voa para a frente, mas consciente de toda a sabedoria que adquiriu at� ali. � olhar para o futuro com os p�s no passado, certo de que o caminho at� o presente n�o foi em v�o. Isso vem de uma ideia diferente do olhar euroc�ntrico. N�o � 'penso, logo existo', mas 'sinto, logo existo'", comenta o m�sico.

Ao descobrir o significado por tr�s do desenho, depois de v�-lo estampando uma bata em uma feira africana no Harlem, em Nova York, Amaro decidiu us�-lo como conceito primordial de seu terceiro �lbum. "O s�mbolo do p�ssaro m�stico que voa de cabe�a para tr�s nos ensina a possibilidade de voltarmos �s ra�zes para realizar nosso potencial de avan�ar", ele explica.

"Sankofa", o �lbum, chegou �s plataformas digitais em 25 de junho, pelo selo ingl�s Far Out Recordings. Com oito faixas, o disco presta homenagens a figuras como Milton Nascimento e a rainha quilombola Tereza de Benguela.

O trabalho coroa uma carreira de sucesso que Amaro Freitas constr�i desde sua estreia com o disco "Sangue negro" (2016). Seu segundo trabalho, o elogiado "Rasif" (2018), fez dele uma promessa do jazz contempor�neo nacional com reconhecimento internacional. Ap�s o lan�amento do registro, o pernambucano conquistou espa�o cativo em festivais no Brasil e no exterior, gravou com Milton, Lenine e Criolo, participou do Montreux Jazz Festival e caiu nas gra�as da cr�tica especializada.

Com Amaro Freitas. S�bado (24/07), �s 10h, no site do CCBB Educativo (www.ccbbeducativo.com). Gratuito