
No �ltimo final de semana, a agenda cultural de Belo Horizonte ficou marcada pela retomada de espet�culos com p�blico presente. A autoriza��o para a realiza��o de eventos presenciais foi dada pela prefeitura da cidade em 3 de julho. Seguindo protocolos de seguran�a para impedir a propaga��o da COVID-19, shows e pe�as de teatro voltaram a movimentar a capital mineira.
O musical "A hora da estrela ou O canto de Macab�a", estrelado pela atriz Laila Garin e inspirado na obra de Clarice Lispector, foi uma das atra��es do final de semana. A pe�a estreou no CCBB-BH em 14 de julho e teve sess�es esgotadas no s�bado (24/07) e no domingo (25/07). A temporada mineira acaba nesta segunda-feira (26/07), tamb�m com ingressos esgotados.

"At� a v�spera da publica��o do decreto, n�s n�o sab�amos se iria de fato acontecer", conta a produtora Andr�a Alves. Apesar da apreens�o que marcou a vinda da pe�a, ela comemora o sucesso entre o p�blico. "As pessoas est�o muito felizes de voltar ao teatro. D� para perceber a emo��o de quem assiste ao espet�culo. Ainda falta muito para a gente conseguir entrar num estado de normalidade, mas para a gente foi muito importante essa temporada em BH", ela diz.
Confira di�logo de Nando Reis com a plateia no Cine Theatro Brasil, na noite de sexta (23/07)
Ainda que n�o seja sobre a pandemia, a montagem assinada por Andr� Paes Leme incorporou o uso das m�scaras em cena. Andr�a explica que a decis�o foi tomada para garantir a seguran�a do p�blico, elenco e dos m�sicos. "Como eles ainda n�o foram vacinados, decidimos incluir a m�scara. E, mesmo com parte do rosto coberto, a gente percebe a for�a da Clarice (Lispector) e a maneira como ela � imag�tica", avalia.
"No in�cio, essa adapta��o causou muita estranheza. Aos poucos, a presen�a da m�scara foi sendo tratada como linguagem e passou a ser um elemento muito interessante da pe�a", conta Andr�a. Segundo ela, o p�blico v� o adere�o como "um sinal de respeito". "As pessoas veem isso com admira��o. A m�scara exige um esfor�o ainda maior dos atores para cantar, por exemplo."

Com m�sicas originais compostas por Chico C�sar, "A hora da estrela ou O canto de Macab�a" conta a saga de Macab�a, uma nordestina que migra para o Rio de Janeiro e n�o atrai a aten��o de ningu�m. Oprimida pelo padr�o e dividindo um quarto com outras quatro pessoas, ela atrai os olhares de um escritor, que decide contar a hist�ria dessa mulher.
SUCESSO DE VOLTA
O espet�culo "Acredite, um esp�rito baixou em mim", cuja trajet�ria contabiliza mais de 20 anos em cartaz e p�blico somado de mais de 3 milh�es de pessoas, tamb�m teve sess�es no s�bado e domingo, no Cine Brasil. Desde o in�cio da pandemia, esta foi a primeira vez que Ilvio Amaral, Maur�cio Cangu�u, Dannyelle Gama, Jos� Vilaca e Marino Cangu�u encenaram a pe�a presencialmente.
Segundo Ilvio, voltar aos palcos teve um "gosto de vit�ria, uma sensa��o de que ganhamos essa partida". "Mesmo com todos os protocolos de seguran�a e o avan�o da vacina��o, tinha receio de que as pessoas tivessem medo de voltar ao teatro. Mas � um prazer louco poder voltar a encenar diante do p�blico. � o que eu sei fazer, o meu �nico trabalho", comemora.
Para a pe�a, o Cine Brasil n�o adotou o formato h�brido e vendeu uma quantidade de ingressos que corresponde a 50% da capacidade do Grande Theatro, ou seja, 500 pessoas, que deveriam permanecer de m�scara durante toda a apresenta��o. No palco, os artistas devidamente testados, dispensam o item de seguran�a. Como a pe�a come�a com uma cena na plateia, Ilvio optou por us�-la enquanto esteve entre o p�blico.
Segundo ele, o maior estranhamento dessa retomada foi n�o poder emendar a noite depois da pe�a e ter de ir direto para casa. "Essa obrigatoriedade de voltar para a casa, ainda que necess�ria, � estranha. Quando terminou, a gente estava louco para encontrar o p�blico, tirar foto e confraternizar, mas infelizmente isso ainda n�o � poss�vel", afirma.
Para Ilvio, a volta dos espet�culos presenciais � um dos maiores ind�cios de que a vida na cidade est� voltando a ser como era antes da pandemia. "A arte e a cultura movimentam uma cidade trazendo vida e alegria. N�s precisamos que a agenda cultural seja restabelecida. Talvez eu pense assim porque vivo do teatro, mas encen�-lo para as pessoas � a prova de que h� vida na cidade, de que h� vida para as pessoas", afirma.
Apesar de n�o ter uma previs�o exata para quando, "Acredite, um esp�rito baixou em mim" voltar� a ser encenada. Mas Ilvio prepara sess�es presenciais em agosto de outra montagem. Trata-se de "Maio antes que voc� me esque�a", no Teatro Feluma. A pe�a estreou em dezembro de 2020 com a presen�a do p�blico e � uma com�dia dram�tica sobre Alzheimer. "� uma pe�a obrigat�ria para quem tem na fam�lia algu�m com essa doen�a. Nela, fa�o um senhor cheio de energia que n�o se deixa abater pela doen�a", explica.
DAPARTE NO MINEIR�O
J� a banda mineira Daparte abriu o fim de semana com show na sexta-feira (23/07), no Dimens�o Hall, espa�o de eventos localizado no Mineir�o. Originalmente com capacidade para p�blico de at� 2.800 pessoas, o local foi adaptado com baias para receber at� 452. Separadas por uma placa de vidro, cada baia conta com uma mesa com quatro cadeiras, de onde o p�blico assistiu � apresenta��o.
"Para o show da Daparte, n�s liberamos a venda de 400 ingressos. Esse foi o primeiro show que a gente realizou desde o fechamento da cidade. Para isso, fizemos uma s�rie de adapta��es, como a sinaliza��o do local, tudo isso para evitar aglomera��o", conta Vanessa Villafort, gestora do Dimens�o Hall.
Quando a prefeitura anunciou a libera��o de eventos desse tipo na cidade, a casa come�ou a se mobilizar para receber o p�blico. "Uma das nossas principais preocupa��es era a aceita��o do p�blico. Se de fato as pessoas teriam coragem de sair de casa de novo depois de tudo o que a gente viveu desde o ano passado. Um outro problema tamb�m � em rela��o � colabora��o desse p�blico. N�o foi uma miss�o f�cil", ela avalia.
Com 400 ingressos � venda para diferentes setores do Dimens�o Hall, a Daparte recebeu um p�blico de cerca de 300 pessoas. Na semana anterior � apresenta��o, a vigil�ncia sanit�ria acompanhou de perto os preparativos para garantir que o show fosse realizado de acordo com os protocolos de seguran�a da prefeitura.
Durante a apresenta��o, a casa vendeu comidas e bebidas. Por isso, tamb�m foram adotados os protocolos espec�ficos de bares e restaurantes. "Na casa, os caixas volantes fazem o atendimento diretamente nas mesas para evitar a circula��o de pessoas. A orienta��o que damos para o p�blico � pagar com cart�o, assim a gente evita a manipula��o de dinheiro. Todos os profissionais que trabalham durante os nossos eventos usam os equipamentos de prote��o individual, como m�scara e face shield", explica Vanessa.
Com o sucesso da apresenta��o da Daparte, o Dimens�o Hall j� prepara os eventos nas pr�ximas semanas, entre eles, o show do cantor e compositor Nasi. "Esse final de semana mostrou que � poss�vel realizar um evento desse tipo tomando todo o tipo de cuidado para garantir a seguran�a do p�blico, dos funcion�rios e dos artistas", avalia.
NANDO REIS
Tamb�m na sexta, o Cine Theatro Brasil Vallourec recebeu o p�blico para uma apresenta��o de Nando Reis, com ingressos esgotados. Em formato h�brido – ou seja, tamb�m transmitido virtualmente para quem adquirisse o ingresso nessa modalidade –, a apresenta��o contou com sucessos como "All star" e "Relic�rio", tocados em formato voz e viol�o, com o m�sico acompanhado de seu filho, Sebasti�o.