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Estado de Minas M�SICA

Ap�s hiato de oito anos sem gravar, Rodrigo Amarante lan�a "Drama"

Ex-Los Hermanos faz autocr�tica em seu segundo �lbum solo e decide se "fantasiar" musicalmente. Disco � mais expansivo e solar do que "Cavalo"


26/07/2021 04:00 - atualizado 26/07/2021 09:27

Rodrigo Amarante queria que seu segundo disco solo,
Rodrigo Amarante queria que seu segundo disco solo, "Drama", tivesse como base percuss�o e melodia, com "menos riqueza harm�nica e menos palavras, mas n�o teve jeito" (foto: Eliot Lee Hazel/Divulga��o)
 
No final de 2018, quando come�ou a gravar seu segundo �lbum soloRodrigo Amarante imaginava um registro bastante diferente do que foi lan�ado no �ltimo dia 16. O m�sico carioca queria que o sucessor de "Cavalo" (2013) tivesse como base percuss�o e melodia, com "menos riqueza harm�nica no sentido da composi��o e menos palavras, mas n�o teve jeito". "Drama" foi atravessado pela pandemia e se tornou um disco diferente, cuja sonoridade � uma esp�cie de autocr�tica de Amarante � ideia inicial.
 
"Eu resolvi me perguntar: Por que eu quero fazer desse jeito?. Fui levado a pensar na inf�ncia e no momento de transi��o para a idade adulta, quando h� todo um teatro inventado para essa fase. A puls�o de secar os arranjos e fazer uma coisa mais fria talvez tivesse a ver com a fal�cia do que representa o masculino, essa ideia de que o homem � irracional e n�o suscet�vel aos pr�prios sentimentos. Por isso, resolvi assumir o teatro e me fantasiar musicalmente", explica, em entrevista pelo Zoom.
 
Na busca por observar os valores que recebeu na inf�ncia e adolesc�ncia, ele se deu conta da reprodu��o de ideias associadas �s patriarcais. "Nossa identidade � uma constru��o baseada no am�lgama de ecos do teatro que inventamos ao acreditar que somos adultos ou na tentativa de imitar o que � ser adulto", ele diz. "Posso dizer que n�o sou machista ou racista, evocar um lugar de sabedoria, mas acho que isso � menos m�sica do que tentar investigar esses teatros que est�o dentro de n�s."
 

"� terr�vel tudo o que est� acontecendo no Brasil. H� 10 anos, era dif�cil imaginar que o Bolsonaro seria eleito presidente. N�o acredito que isso seja um fen�meno pol�tico... tem a ver com desinforma��o, que � um efeito colateral da revolu��o da informa��o"

Rodrigo Amarante, cantor e compositor



Essas reflex�es surgiram quando ele se viu obrigado a gravar o disco em casa, durante a quarentena. Antes disso, Rodrigo Amarante j� havia gravado quatro m�sicas com banda no est�dio do produtor brasileiro Mario Caldato Jr., em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde mora com a namorada, a cantora Cornelia Murr, respons�vel pela segunda voz em algumas das m�sicas do registros.
 
"Queria fazer o disco todo com banda ao vivo. Tive que ser inventivo, gravar os instrumentos separados, mixar por e-mail... E a�, quando tudo ficou pronto,  esperei mais um pouco para lan�ar", conta. "O que demoraria uma semana levou quase quatro meses. Como n�o pude fazer as sess�es ao vivo com a banda, gravamos todos os instrumentos separadamente e eu sozinho", relembra.

SINGLES

Apesar de ter sido criado nesse contexto, "Drama" � um disco mais solar e expansivo comparado a "Cavalo", primeira inser��o solo de Amarante ap�s dedica��o �s bandas Los Hermanos, Orquestra Imperial e Little Joy. O segundo �lbum come�ou a ser apresentado com a chegada do single "Mar�", em 7 de abril deste ano. Depois disso, Amarante liberou "I can't wait", em junho, e "Tango", uma semana antes da chegada do disco, que tem 11 faixas ao todo.
 
Os tr�s singles liberados antes do lan�amento chegaram acompanhados de videoclipes. Embora tenha idealizado todos eles, o m�sico os considera apenas "pe�as promocionais". "A m�sica n�o precisa de imagem. A imagem � que precisa de m�sica", diz ele, aos risos. "Videoclipe � com�rcio. J� que vai ter, eu penso: Bom, vou fazer eu mesmo porque assim posso aprender um pouco mais sobre o meu grande sonho de profiss�o que � fazer filme."
 
Enquanto n�o o realiza, Amarante conseguiu entrar na ind�stria com a profiss�o que desempenha desde os anos 1990: a composi��o musical. Com "Tuyo", can��o de abertura da s�rie "Narcos", da Netflix, ele foi indicado ao Emmy Awards, o Oscar da televis�o. Apesar de n�o ter levado o pr�mio para casa, o reconhecimento credenciou o m�sico para outras experi�ncias no campo das trilhas sonoras cinematogr�ficas. A mais recente � a do filme "7 dias em Entebbe" (2018), dirigido pelo brasileiro Jos� Padilha.
 
Vacinado contra a COVID-19, o m�sico de 44 anos demonstra indigna��o quando perguntado sobre a pandemia nos Estados Unidos. "Muita gente n�o quer se vacinar e a variante Delta est� correndo solta", conta. "As pessoas n�o confiam na vacina, acham que ela implanta um chip magn�tico na cabe�a ou que vai transform�-las em jacar�. Aqui s� n�o est� vacinado quem n�o quer."
Ele fica ainda mais indignado ao falar do Brasil. De Los Angeles, acompanha apreensivo as not�cias do pa�s natal e fica preocupado principalmente com a fam�lia e os amigos que moram por aqui. "� terr�vel tudo o que est� acontecendo no Brasil. H� 10 anos, era dif�cil imaginar que o Bolsonaro seria eleito presidente. N�o acredito que isso seja um fen�meno natural, pol�tico e pendular. Acho que tem a ver com aparatos de desinforma��o, que � um efeito colateral da revolu��o da informa��o", analisa.

POL�TICA

Na entrevista, ele estava com um adesivo do ex-presidente Lula colado no peito, do lado direito. Ao ser questionado se tem esperan�as em rela��o �s elei��es de 2022, ele afirma que sim, mas acrescenta: "Esperan�a n�o � o suficiente. Esperan�a � apenas um combust�vel para fazer alguma coisa. Certamente, a gente tem que tirar essa cambada do poder com o voto, mas � uma luta muito mais ampla do que isso".
 
A exemplo disso, ele fala sobre a elei��o de Joe Biden, que derrotou Donald Trump no �ltimo pleito para presidente dos Estados Unidos. "Ela (a elei��o) pode ser um indicativo de supera��o, mas nada est� superado realmente. A situa��o agora aqui � menos perigosa no sentido do aparato pol�tico. Ao mesmo tempo, tudo aquilo que possibilitou o momento pol�tico anterior continua. Neste momento, leis que restringem o voto dos negros est�o passando. Ainda n�o d� para dizer que h� supera��o."
 
 


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