
Com curadoria da antrop�loga mineira J�nia Torres e do escritor Daniel Munduruku, o evento re�ne 18 convidados de diferentes tribos, entre lideran�as, acad�micos, cineastas, m�sicos, estilistas, artistas visuais e escritores.
FUTURO
J�nia Torres afirma que a ancestralidade, a mem�ria e as tradi��es s�o fundamentais para a preserva��o da identidade desses povos. “Discutir o futuro ind�gena � discutir a nossa possibilidade de ter um futuro enquanto humanidade, n�o s� como brasileiros. Fortalecer as comunidades, as express�es e o pensamento ind�gena � fortalecer a possibilidade de um futuro. Sem uma cr�tica � sociedade contempor�nea, sem a mudan�a de rumos da nossa rela��o com a natureza, n�o h� possibilidade de um futuro para a humanidade. � isso que Mekukradj� pretende afirmar em conjunto com os povos ind�genas”, ressalta a curadora.
Nesta quarta-feira (28/07), �s 16h, a mesa-redonda “O futuro que se chama hoje” aborda o papel das redes sociais como ferramenta de milit�ncia pol�tica. Alana Manchineri, respons�vel pela rede de jovens comunicadores da Coordena��o das Organiza��es Ind�genas da Amaz�nia Brasileira, Cristian Wariu, do podcast Voz Ind�gena, e o cineasta Ziel Karapot� participam do debate, mediado pela jornalista Renata Tupinamb�.
J�nia Torres destaca a forte presen�a dos ind�genas no mundo virtual, destacando a afirma��o das etnias em sua diversidade, al�m de possibilitar a quebra de estere�tipos. “As redes sociais significaram uma possibilidade de articula��o de povos muito distantes geograficamente, inclusive politicamente. Isso � muito importante para tirar o senso comum de que o �ndio � algo congelado no passado”, aponta.
Ap�s o debate, ser� exibido o primeiro curta-metragem de Ziel Karapot�, “O verbo se fez carne” (2019). Vencedor de 20 pr�mios no circuito de cinema brasileiro, o filme retrata a invas�o da Am�rica por europeus e a imposi��o da l�ngua do colonizador aos povos ind�genas.
“O filme exemplifica de maneira emblem�tica a apropria��o de uma linguagem contempor�nea para a afirma��o do modo de ser ind�gena, feita por esse artista experimental (Ziel Karapot�). Ele n�o fez um document�rio tradicional”, afirma J�nia. Ziel lan�ou m�o n�o apenas da tecnologia, mas da linguagem e de formas de fazer contempor�nas. “N�o � s� usar a c�mera, � como usar a c�mera”, comenta J�nia, que tamb�m � documentarista e fundadora do festival Forumdoc BH.
M�SICA
O show do Br� MCs ser� apresentado nesta quarta-feira (28/07), �s 18h. Formado por jovens das etnias guarani e kaiow�, do Mato Grosso do Sul, � o primeiro grupo de rap indigena brasileiro.
Para Bruno Veron, integrante do Br� MCs, diz que o rap se tornou uma esp�cie de “arma” para os ind�genas denunciarem problemas como conflitos com fazendeiros. “Foi uma arma que a gente encontrou para poder se defender, de levar a nossa realidade para quem n�o conhece”, afirma Bruno, de 28 anos.
Ele conheceu o rap aos 6 anos, por meio do r�dio. Dois anos depois, come�ou a escrever as pr�prias letras. “Ouvindo a rima dos caras falando de sua quebrada, percebi que era parecido com a realidade aqui da aldeia. Foi uma forma que tamb�m encontrei para mostrar a mistura: do guarani com o portugu�s”, afirma. Expoentes do hip-hop nacional, Racionais MCs, MV Bill, Renan Inqu�rito e Gog influenciaram o Br� Mcs.
Para Bruno, o grupo inspirou outros artistas ind�genas. “Antes voc� pesquisava na internet e n�o tinha nenhum grupo de rap ind�gena. Creio que o Br� MCs abriu portas para v�rios estilos musicais que os ind�genas t�o cantando hoje em dia. N�o s� na m�sica, como tamb�m no audiovisual. Agora tem ind�gena cineasta, que faz o seu pr�prio document�rio, que tem seu canal no YouTube. O Br� deu essa for�a para eles seguirem os pr�prios sonhos”, afirma.
A apresenta��o do Br� MCs ser� realizada ao vivo no est�dio em Dourados (MS), com Bruno Veron, Clemersom Batista, Kelvin Peixoto e Charles Peixoto. “Esse show representa mais uma conquista dos ind�genas do Brasil, porque o Bro n�o representa s� o povo guarani kaiow�, mas v�rios povos que lutam por seus direitos”, diz ele.
LITERATURA
O encerramento do Mekukradj�, na sexta-feira (30/07), ter� mesas-redondas sobre novos caminhos da arte ind�gena. �s 10h, “Hist�rias que mudam a hist�ria” discutir� o papel da literatura ao desconstruir estere�tipos e moldar uma nova realidade. Participam Julie Dorrico (do canal de YouTube “Literatura Ind�gena Contempor�nea”), Denizia Fulkax� (pedagoga e contadora de hist�rias) e o escritor Marcelo Manhuari, autor de “Cidade das �guas profundas”.
J�nia Torres destaca o avan�o da literatura ind�gena nos �ltimos anos, citando o mineiro Ailton Krenak, vencedor do trof�u Juca Pato em 2020 e autor do livro “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019).
A curadora destaca a import�ncia de autores como Krenak para o questionamento sobre os limites da sociedade capitalista. “Pensadores ind�genas trazem essa cr�tica, al�m de novas possibilidades de romper com a forma com que o homem lida com a natureza, o consumismo, o capitalismo. Esses escritores apresentam cr�tica potente � sociedade que est� � beira da fal�ncia por causa das quest�es clim�ticas”, destaca.
�s 16h, a mesa “A arte para al�m dos tempos” abordar� o impacto da subjetividade ind�gena no setor cultural brasileiro. Os convidados s�o Takum� Kuikuro (cineasta), Olinda Muniz Tupinamb� (cineasta e produtora cultural) e Edenilson Dias (estilista e bailarino), com media��o � da educadora Naine Terena.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria
MEKUKRADJ�. CIRCUITO DE SABERES
De quarta (28/07) a sexta-feira (30/07), com mesas-redondas �s 10h e �s 16h. Nesta quarta, �s 18h, ser� exibido o filme “O verbo se fez carne”, de Ziel Karapot�, e ter� show do grupo de rap Br� MCs. Transmiss�o em www.itaucultural.org.br e www.youtube.com/itaucultural.