(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas AUDIOVISUAL

Lan�ada em 1998, 'Hilda Furac�o' volta a fazer sucesso, agora no streaming

Miniss�rie adaptada por Gl�ria Perez a partir da obra de Roberto Drummond al�ou a atriz Ana Paula Ar�sio ao estrelato


09/08/2021 04:00 - atualizado 23/06/2023 22:35
677

Atriz Ana Paula Arósio como Hilda Furacão
Ana Paula Ar�sio conquistou o Brasil como Hilda Furac�o (foto: Globo/divulga��o)

 
Ag�ncia Estado
 
A plataforma Globoplay, assim como outros servi�os de streaming, tem como praxe n�o divulgar os n�meros de audi�ncia. Por�m, basta olhar para o ranking de conte�dos mais vistos para perceber que a miniss�rie “Hilda Furac�o”, exibida originalmente pela TV Globo em 1998, ficou 15 dias na primeira coloca��o desde sua reestreia, em 19 de julho. A produ��o desbancou o document�rio “Voc� nunca esteve sozinha'', sobre a ex-BBB Juliette Freire, o conte�do at� ent�o preferido pelos assinantes.

Adaptada por Gl�ria Perez, baseada no romance hom�nimo do escritor e jornalista mineiro Roberto Drummond (1933-2002) e dirigida por Wolf Maya, a miniss�rie de 32 cap�tulos conta a hist�ria de Hilda (Ana Paula Ar�sio), uma menina da tradicional fam�lia mineira dos anos 1950 que, no dia do seu casamento, foge para a zona de meretr�cio da cidade, onde vira uma das prostitutas mais desejadas do lugar.

Era no Maravilhoso Hotel que Hilda e outros personagens – como o travesti Cintura Fina (Matheus Nachtergaele) e as prostitutas Maria Tomba Homem (Rosi Campos) e Leonor  (Paloma Duarte) – respiravam ares de liberdade em um Brasil em que as ligas de senhoras tentavam ditar as regras da boa moral e o governo ca�ava comunistas.
 
Os atores Mateus Nachtergaele (Cintura Fina) e Claudia Alencar (Divineia) na série Hilda Furacão
Os atores Mateus Nachtergaele (Cintura Fina) e Claudia Alencar (Divineia) em cena da produ��o, agora dispon�vel no Globoplay (foto: Globo/Divulga��o)
 

A trama � narrada pelas mem�rias de Roberto Drummond, vivido pelo ator Danton Mello, um jornalista e militante pol�tico. Ele � amigo de Malthus (Rodrigo Santoro), um jovem frei que se envolve com Hilda e vive o dilema entre viver o amor e continuar na vida religiosa, e Aramel, o Belo (Thiago Lacerda), que detestava pol�tica e sonhava em ser um astro de Hollywood.

Com outros nomes de peso no elenco, como Paulo Autran (o severo Padre Nelson) e M�rio Lago (o bo�mio Olavo), “Hilda Furac�o” foi lan�ada em DVD em 2002 e reprisada pelo canal Viva por duas vezes.

Em entrevista por e-mail, a autora Gl�ria Perez fala sobre a escolha de Ana Paula Ar�sio como protagonista –� �poca, a atriz era contratada do SBT–, das impress�es de Drummond sobre a adapta��o, entre outras hist�rias de bastidores.

Gloria Perez olha para a camera
Gl�ria Perez conta que se tornou amiga de Roberto Drummond depois de adaptar seu texto para a telinha (foto: Globo/divulga��o)

"Comecei num tempo em que os cap�tulos s� viviam uma noite. Se voc� n�o assistisse ali, n�o assistiria mais. Para o telespectador, era como ler um livro com algumas p�ginas arrancadas. Com o streaming, temos nossas obras ali, numa estante que pode ser revisitada sempre"

Gl�ria Perez, novelista


Voc� postou em suas redes sociais que a TV Globo te pediu para fazer a adapta��o do livro, mas voc� estava comprometida com a novela “Barriga de aluguel”. Anos depois, enfim, voc� adaptou a obra. Como foi que isso aconteceu?

Em 1991, M�rio L�cio (Vaz, diretor da Central Globo de Produ��o � �poca) me chamou � sala dele e entregou o livro para que eu lesse e fizesse a miniss�rie. Era mineiro, amigo do Roberto Drummond, e seu faro dizia que t�nhamos ali uma �tima hist�ria. N�o tive tempo de abrir o livro. Dali sa� para uma reuni�o com Geraldinho Carneiro (roteirista), que estava encarregado do projeto “Voc� Decide'', e eu deveria ser inclu�da nele. No meio da reuni�o, fui chamada de volta � sala do M�rio: tinham decidido fazer “Barriga de aluguel''. “Hilda” correu pelas m�os de muitos autores, at� voltar para mim, em 1997. Por isso, eu e Roberto brinc�vamos muito com a frase que escrevi para a cartomante que l� a sorte de Hilda: "O que Deus risca ningu�m rabisca".

O que Roberto Drummond, que, ali�s, � o narrador-personagem do livro e que voc� levou para a s�rie, achou da adapta��o?

Ele amou e disse isso em todas as entrevistas. N�s nos demos muito bem, ficamos amigos. De in�cio ele estava preocupado em n�o se reconhecer na s�rie, porque eu lhe disse que muita coisa teria de mudar para que a hist�ria fosse contada em outro formato. E n�o o deixei ver essa adapta��o nem ler os cap�tulos. Mas lhe prometi que ele se reconheceria na s�rie, que o sabor de sua hist�ria e de suas personagens estaria l�. Teve um fato engra�ado. No livro, Hilda j� come�a na zona bo�mia. Na s�rie, n�o. Liguei para ele e disse: Roberto, vou te contar como termina o primeiro cap�tulo "Hilda entrando na zona bo�mia vestida de noiva, ao som da Ave Maria". Foi aquele sil�ncio e ele bateu o telefone. Uns cinco minutos depois, ligou de novo, emocionado: "Gl�ria, sou eu! Essa cena sou eu! Me reconhe�o nela".

“Hilda” virou meio que um mito na �poca, mexeu com a curiosidade das pessoas. Mas ela n�o existiu de fato, n�o? Ali�s, a miniss�rie tem esse mist�rio e curiosidade de quais personagens existiram ou n�o...

Hilda � ao mesmo tempo um livro de mem�rias. As personagens, tipos, pessoas que ele conheceu _ algumas com os nomes reais; outras, n�o. Quanto � Hilda, ela � uma s�ntese das mulheres que povoaram a fantasia dos adolescentes da �poca. Um dia falei para o Roberto: vamos dizer que ela existiu, vai ser �timo. Ele gostou da ideia e a gente se divertiu muito com a quantidade de Hildas e amantes de Hilda que come�aram a aparecer.

A forma como a Ana Paula Ar�sio participou da miniss�rie foi curiosa. Ela ainda era contratada pelo SBT e foi cedida para a miniss�rie. O que voc� pode contar sobre isso? A Ana foi uma escolha sua?

Ana foi uma sacada do Wolf. Achei perfeita, mas havia esse empecilho: ela era do SBT, estava comprometida l�. Mesmo assim, resolvemos falar com o Boni (ent�o diretor-geral da TV Globo). E falamos, falamos... Boni embarcou na nossa e conseguiu o acerto. Desses bastidores n�o participamos, s� ele para contar como convenceu o Silvio (Santos, dono do SBT). A vinda da Ana Paula foi um milagre do Boni.

A Ana j� havia feito novelas no SBT, mas foi em “Hilda” que ela se projetou e se mostrou uma atriz poderosa. Voc� se surpreendeu pela forma como ela abra�ou a personagem?

Quando ela veio conversar (comigo), eu senti que era Hilda. Ela tinha a for�a, a garra da personagem. A partir dali n�o conseguiria pensar em mais ningu�m para o papel.

Voc� j� tinha trabalhado com o Rodrigo Santoro em “Explode cora��o”. Como foi a escolha dele para ser o frei Malthus?

Em “Explode cora��o” ele fazia um personagem secund�rio, mas forte na trama. E j� se podia enxergar o tamanho de seu talento. Apostamos nele sem medo de ser feliz.

Os personagens Maria Tomba Homem e Cintura Fina trouxeram essa quest�o de g�nero, de maneira n�o caricata, em uma �poca em que essa discuss�o era incipiente, ou quase inexistente. E foram muito bem aceitos. Gostaria que voc� falasse sobre eles.

Esses foram personagens reais. A �nica preocupa��o foi faz�-los humanos, e quando voc� leva a personagem para a dimens�o do humano, voc� anula a possibilidade da caricatura.

O elenco ainda tinha Paulo Autran - uma das poucas participa��es dele na TV e a �ltima em que ele fez de forma completa. Como foi convenc�-lo?

N�o tivemos trabalho. Ele gostou da personagem. Conheceu padres como o padre Nelson, como eu tamb�m conheci. E se divertiu muito fazendo-o.

Voc� contou com a participa��o de M�rio Lago, que, al�m de um grande artista, tamb�m foi ativista pol�tico importante da �poca em que a miniss�rie se passava _ al�m de ter sido um bo�mio. Voc�s conversaram sobre esses temas?

M�rio era muito amigo. Convers�vamos muito, antes e depois de “Hilda”. Fizemos muitos trabalhos juntos. De um modo ou de outro, ele sempre passava pelos meus trabalhos. Alegre, bem-humorado, contava hist�rias �timas da boemia e dos bastidores da milit�ncia pol�tica.

O PSD do Rio de Janeiro chegou a pedir a suspens�o da miniss�rie na �poca. Como esse epis�dio foi contornado?

O partido alegou que est�vamos num per�odo em que, por lei, n�o se podia falar de pol�tica em TV. O fato n�o rendeu, era uma bobagem. A miniss�rie era de �poca, retratava uma realidade bem diferente da que t�nhamos ent�o. E as curiosidades sobre a milit�ncia juvenil, mostradas ali, s�o mem�rias de quem as viveu. Al�m do Roberto, o M�rio Lago tamb�m me contou muitas hist�rias sobre como funcionavam esses grupos. At� o Apol�nio de Carvalho (militante comunista) eu entrevistei na �poca.

Uma parte n�o menos importante foi a m�sica-tema de abertura, “Resposta ao tempo”, de Aldir Blanc, cantada por Nana Caymmi. Sei que ela n�o foi composta especialmente para a s�rie, mas acabou fazendo parte dela de uma maneira muito especial e se tornou um cl�ssico da m�sica brasileira. Como ela foi escolhida?

M�rito do Mariozinho Rocha (diretor musical da TV Globo � �poca). A m�sica chegou a ele exatamente quando est�vamos escolhendo a trilha. E vestia como uma luva a hist�ria de “Hilda”.

Voc� palpita na escolha da trilha de suas produ��es?

Ah, sim. M�sica � dramaturgia.

“Hilda Furac�o” tem 32 cap�tulos. “Amaz�nia” tem 54. Uma miniss�rie grande. Talvez daria duas ou tr�s temporadas das s�ries atuais, no modelo atual do streaming. Esse formato te atrai?

Me atrai e muito. Como me atraem as novelas. S�o desafios diferentes para quem gosta de contar hist�rias.

Desde o ano passado, o Globoplay vem disponibilizando o acervo de novelas em sua plataforma, para felicidade dos f�s de telenovela, que agora podem maraton�-las. O que pensa dessa forma de assistir �s novelas?

� perfeito. Comecei num tempo em que os cap�tulos s� viviam uma noite. Se voc� n�o assistisse ali, n�o assistiria mais. Para o telespectador, era como ler um livro com algumas p�ginas arrancadas. Com o streaming, temos nossas obras ali, numa estante que pode ser revisitada sempre. (Ag�ncia Estado)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)