
“Paulo foi um mestre para todos n�s. Cheguei a desistir em algum momento de pedir para ele ler, mas ele leu, com todo esfor�o, fazendo mesmo o imposs�vel por causa dos mais de 20 anos de Parkinson”, relembra Eduardo Moreira, ator e diretor do Galp�o.
“Foi emocionante eu indo atr�s dele, para preservar voz dele. Provavelmente, este � o �ltimo registro de voz de um trabalho de Paulo Jos�”, diz Eduardo. “Era um amigo, uma pessoa muito importante na nossa hist�ria. Toc�vamos piano juntos”, revela o ator.
A parceria de Paulo Jos� com o Galp�o ficou na hist�ria do teatro brasileiro, com dois espet�culos de sucesso: “O inspetor geral”, de G�gol, em 2003, e “Um homem � um homem”, de Brecht, em 2005. “Paulo nunca alterou a voz com um ator. Trabalhava com prazer, com alegria”, relembra Eduardo. “Ele escrevia cartas para n�s, cr�nicas, com reflex�es sobre os ensaios.”
O ator destaca tamb�m a generosidade do mestre. “Quando estreamos 'Um homem � um homem' em Curitiba, tive uma s�ria les�o, mas, na pe�a, andava com perna de pau. Uma semana depois, ir�amos estrear em S�o Paulo. Passei da perna de pau para a cadeira de rodas. Paulo amava o teatro, sempre resolvia, era pura luz.”

Luz reconhecida no palco e nas ruas. “Quando estreamos 'Outros' no Rio, fui com ele ao Lamas (restaurante). Quando ele entrou, foi aplaudido de p�. Foi muito bonito”, relembra Moreira.
Em Minas, Paulo Jos� trabalhou tamb�m com o cineasta Helv�cio Ratton. Narrou o filme “Menino Maluquinho” (1995) e fez o papel de Arlindo em “Pequenas hist�rias” (2007).
“Era contagiante ver o esfor�o dele para gravar, pois o Parkinson j� estava avan�ado. Terminava uma cena, parava, descansava e brincava com a produtora para falar 'a��o' para poder recome�ar a gravar”, conta o cineasta.
Ratton diz que n�o s� o roteiro de “Pequenas hist�rias” encheu os olhos de Paulo Jos�. “Ele me disse: 'Helv�cio, gostei do roteiro, mas tem outro motivo para fazer este filme. Arlindo � o nome do meu pai'. Ele tinha amor ao cinema. E o humor dele sempre foi marcante. N�o se cansava de dizer: 'N�s fazemos o melhor cinema brasileiro do mundo'.”
