Celso Adolfo participa do projeto Sempre um Papo nesta quarta-feira (25/8) para falar de seu novo �lbum, "Voz e Viol�o" (foto: Eduardo Gontijo/divulga��o)
Com a chegada da pandemia, o cantor e compositor Celso Adolfo criou o projeto "Discografia", que consistia numa s�rie de nove lives, cada uma dedicada a um �lbum que gravou ao longo de sua carreira, apresentadas mensalmente, com coment�rios a respeito de cada trabalho. Ao lan�ar esse olhar panor�mico sobre sua trajet�ria fonogr�fica, ele foi tomado pelo desejo de fazer uma compila��o.
Com recursos obtidos por meio da Lei Aldir Blanc, Celso p�de materializar essa ideia. O resultado � o �lbum "Voz e viol�o", em que, no formato que o t�tulo explicita, ele apresenta 29 m�sicas que abrangem toda sua carreira, gravadas entre 1983 e 2019. Esse �lbum, rec�m-lan�ado, � o mote da conversa que Celso tem com o p�blico nesta quarta-feira (25/8), �s 19h, pelo projeto Sempre um Papo, com media��o do jornalista Afonso Borges.
Ele diz que o fato de estar completando 38 anos de trajet�ria musical tamb�m contribuiu para inflar a vontade de revistar a pr�pria obra. "Acho que chega um momento da vida em que todo mundo quer fazer isso, um balan�o do que foi constru�do. Isso vale para qualquer atividade, a gente quer juntar tudo e ver em que ponto as coisas est�o. A m�sica resume tudo que fa�o, ent�o, com quase quatro d�cadas de carreira, pensei que era hora", diz, acrescentando que sua ideia, inicialmente, era fazer uma compila��o das grava��es originais. Ele explica que, com os recursos da Lei Aldir Blanc, resolveu mudar os planos.
"� um valor pequeno, mas pensei em escolher algumas m�sicas e gravar de novo, do jeito que compus cada uma, no formato voz e viol�o, at� porque a� o custo � menor e caberia no or�amento", destaca. Isso acabou gerando, conforme ele aponta, um trabalho mais aut�ntico, na medida em que trouxe � luz can��es de seu repert�rio exatamente da maneira como foram compostas.
"Busquei o original de todas as m�sicas, do jeito que toco dentro de casa, do jeito que elas foram compostas. Foi uma grava��o ao vivo mesmo, sem canal separado. � o mais puro poss�vel, o mais cru poss�vel. Isso sempre me atraiu, essa coisa de tirar da massa sonora o que � o primeiro momento da m�sica, a primeira coisa que o compositor alcan�ou para fazer aquela m�sica", diz.
Nesse rol de 29 faixas, entram temas como a faixa-t�tulo do �lbum "Cora��o brasileiro" (1983), "N�s dois" e "Depois do amor", do �lbum "Feliz" (1988), a faixa-t�tulo do �lbum "Brasil, nome de vegetal" (1995), "Trentina", do �lbum "O tempo" (2003), "Terras altas da Mantiqueira" e "Barcarola lusitana", do �lbum "Estrada Real de Villa Rica" (2011), e "Ralando Coco", do �lbum "Remanso de rio largo" (2019), o mais recente lan�ado pelo cantor e compositor.
Celso diz que a sele��o desse repert�rio foi totalmente intuitiva. "Peguei todos os discos, coloquei na minha frente e fui escolhendo as m�sicas. O que orientou a sele��o foi o gosto pessoal, de bater o olho e achar legal tocar, sem ran�o nenhum", diz.
No encontro de hoje, pelo Sempre um Papo, ele vai falar dessa colet�nea que acaba de sair, de sua discografia, de um modo geral, da carreira de m�sico e tamb�m de literatura - que, afinal, � o foco do projeto conduzido por Afonso Borges.
"Devo falar da presen�a dos livros na minha obra, da cita��o de livros dentro das minhas m�sicas. Essas cita��es podem acontecer de forma direta, com uma frase de um escritor, por exemplo, ou uma evoca��o mental, que adv�m de alguma coisa que li. Quando fiz 'Cora��o brasileiro', eu era funcion�rio p�blico do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), e escrevi a letra da m�sica no ambiente de trabalho, num momento em que eu estava lendo 'Grande Sert�o: Veredas'. Dentro do disco tem um povoamento mental, formal at�, de express�es que s�o do universo interiorano, o que foi despertado em mim porque eu estava lendo 'Grande Sert�o' pela primeira vez. Guimar�es Rosa sempre aparece picado dentro das minhas coisas", diz, destacando que seu �lbum mais recente � todo inspirado em "Sagarana".
Neste per�odo de pandemia, Celso se desdobrou em v�rias frentes. Al�m da s�rie de lives do projeto "Discografia" e da produ��o do �lbum "Voz e viol�o", ele engrenou um aplicado processo de composi��o, o que vai resultar em um novo �lbum de in�ditas, que ainda n�o previs�o de lan�amento, mas j� tem nome: "Prateano", o gent�lico que se d� a quem nasce em S�o Domingos do Prata.
"A cidade foi fundada por portugueses, com uma hist�ria que tem in�cio l� em mil setecentos e pouco. Juntaram o S�o Domingos, que � o santo de devo��o da minha fam�lia, que descende de portugueses, com o ribeir�o da Prata, que reflete as noites prateadas de luar. E um disco para saudar minha terra, mas n�o � um disco sobre S�o Domingos do Prata. Tem mais a ver com um eu-l�rico que � uma pessoa daquela terra e que enxerga o mundo da sua maneira particular", diz.