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Estado de Minas M�SICA

Com o �lbum 'Anga', Nelson D promove uma virada em sua carreira

Ele deixa de lado a atua��o como produtor e investe em seu trabalho autoral. Nome do disco, composto durante a pandemia, significa alma no idioma Nheengatu


30/08/2021 04:00 - atualizado 30/08/2021 07:20

Depois de ter sido adotado por italianos e vivido no país europeu, Nelson D retornou ao Brasil e refez os laços com sua ancestralidade indígena(foto: Filipa Aurélio/Divulgação )
Depois de ter sido adotado por italianos e vivido no pa�s europeu, Nelson D retornou ao Brasil e refez os la�os com sua ancestralidade ind�gena (foto: Filipa Aur�lio/Divulga��o )

Desde 2020, ano em que lan�ou o disco de estreia, "Em sua pr�pria terra", o artista ind�gena Nelson D tem procurado desvincular-se da figura de produtor musical que conquistou ao trabalhar com artistas como Gloria Groove, Linn da Quebrada e T�ssia Reis.

Em seu novo �lbum, "Anga", lan�ado na �ltima sexta-feira (27/08) pelo selo Balaclava Records, ele aprofunda a busca por uma identidade musical pr�pria que transita entre o trip-hop, a m�sica eletr�nica e a ancestralidade ind�gena.

"N�o quero mais ser considerado produtor. Apesar de ter sido uma fase muito importante na minha vida, em que aprendi muito, sinto a necessidade de lidar com meu trabalho autoral mais diretamente. At� para eu me sentir realizado e criar uma marca pr�pria", afirma.

Essa busca est� traduzida no t�tulo do trabalho. Anga significa alma no idioma ind�gena nheengatu. "� um conceito muito direto e transparente", diz Nelson D. "Esse disco foi feito durante o per�odo da pandemia, um momento muito triste, incerto e inseguro. Busquei traduzir nele for�a e sinceridade."
 
REFER�NCIAS 
Na busca por encontrar a si mesmo artisticamente, Nelson D espelha-se em refer�ncias da m�sica internacional, como Massive Attack, Chemical Brothers e Sonic Youth. Nessa lista, tamb�m h� espa�o para artistas novos ,como o norte-americano Yves Tumor, a banda escocesa Young Fathers e o grupo nova-iorquino Son Lux.

"Busco inspira��o em artistas que conseguiram encontrar a pr�pria identidade e, ao mesmo tempo, s�o dif�ceis de classificar. Eu os tenho como refer�ncia porque sei que seus trabalhos t�m personalidade e s�o extremamente aut�nticos."

Esses mesmos adjetivos servem para o trabalho de Nelson D. Toda a sua produ��o at� aqui � marcada pela aproxima��o entre diferentes vertentes da m�sica eletr�nica associadas ao rock, que se encontram na ancestralidade ind�gena.

Com 12 m�sicas distribu�das em pouco mais de 43 minutos, "Anga" conta com can��es em nheengatu, como � o caso de "IAPOTISAWA", "Yas� Ka� Kit�", "Yuypara" e "Ruka". O artista tamb�m canta em portugu�s, nas faixas "Aldeia neon", "O que dia que a pele sumiu", "Nossa flecha" e "Fuma�a de cachimbo".

Para ele, a composi��o das letras n�o � um trabalho simples e requer tempo e concentra��o. "� preciso saber o que a m�sica pede. Primeiro eu crio o instrumental e depois penso na letra", conta.

ORFANATO 
Essa barreira lingu�stica que ele atravessa enquanto produz pode ser explicada por sua hist�ria de vida. Nelson D nasceu em Manaus e passou oito meses de sua vida em um orfanato. Adotado por um casal de italianos, ele cresceu em Savona, na It�lia, onde foi batizado como Davide De Merra. Apesar de ter crescido no pa�s europeu e at� mesmo cursado artes pl�sticas em Mil�o, ele mora no Brasil desde 2010, quando come�ou a trabalhar com m�sica profissionalmente.

Agora com 35 anos e radicado em S�o Paulo, ele usa um nome art�stico em refer�ncia �s suas origens. Nelson era o nome que ele recebeu no orfanato, enquanto D remete ao seu nome de batismo.

No Brasil, ele restabeleceu contato com a pr�pria ancestralidade e origem para criar um trabalho que pode ser classificado como uma obra ind�gena futurista brasileira. Al�m das letras e da sonoridade, ele tamb�m aborda isso visualmente.

A capa de “Anga”, cujo design o pr�prio Nelson D assina, � uma refer�ncia a um mito do povo ind�gena Nambikwara. "� a hist�ria de uma mulher muito velha. As outras pessoas n�o gostavam dela, e ela vivia na solid�o. O �nico ser vivo que tinha compaix�o por ela era uma cobra. Sempre fiquei intrigado com essa hist�ria, e a capa � a minha interpreta��o antropomorfa dessa cobra. Imaginei um personagem com aspecto monstruoso, feroz e letal, mas capaz de um ato de afeto e empatia �nicos", explica.

"Os povos ind�genas sempre viveram na invisibilidade. Ningu�m est� se importando com o que realmente est� em jogo. Por isso n�s estamos utilizando outros tipos de meio de comunica��o para alertar a humanidade e o povo brasileiro. Essa � uma causa muito complexa e importante para toda a humanidade. O ser humano precisa entender que, se acaba a floresta amaz�nica, acaba o ser humano tamb�m."

“ANGA’
.Nelson D
.12 m�sicas
.Balaclava Records
.Dispon�vel nas plataformas digitais



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