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Estado de Minas AUDIOVISUAL

Pesquisa mostra o tamanho da crise provocada pela pandemia no cinema

Estimativa � de que apenas em 2025 o setor se recupere. Fechamento das salas se refletiu em aumento do consumo de streaming


30/08/2021 04:00 - atualizado 30/08/2021 07:17

John David Washington e Robert Pattinson em
John David Washington e Robert Pattinson em "Tenet", longa no qual o setor de cinema depositou a esperan�a de superar a crise em 2020 (foto: Warner Bros/Divulga��o )

� praticamente eufemismo dizer que 2020, o ano da chegada da pandemia, foi dif�cil para todo mundo, sejam as pessoas ou a economia. Para a m�dia e o entretenimento n�o foi diferente, com queda mundial de 3,8% na receita. No Brasil foi ainda pior, com redu��o de 6% da renda do setor em rela��o a 2019. O pa�s perdeu duas posi��es no ranking mundial, caindo do 9º lugar para o 11º, de acordo com a 22ª Pesquisa Global de Entretenimento e M�dia 2021-2025.

Elaborado pela consultoria PwC, o estudo traz previs�es para os pr�ximos cinco anos, englobando 53 pa�ses e 14 segmentos – entre eles, internet, publicidade de jornal e revista, TV por assinatura, livros, cinema e v�deo OTT (v�deo de TV ou cinema, que inclui servi�os de streaming).

QUEDA 

A receita do cinema despencou 70,4%. No Brasil, a queda foi mais dr�stica: 86%. “O mundo da exibi��o em salas de cinema est� esfacelado”, afirma Paulo S�rgio Almeida, do Filme B, site de an�lise e acompanhamento do mercado audiovisual. “Mas sou otimista”, pondera.

Em compensa��o, o consumo do v�deo OTT explodiu, crescendo 29,4%. Ou seja, o streaming virou o porto seguro dos f�s de audiovisual que encontraram as salas fechadas em boa parte dos �ltimos 17 meses.

Habituado a assistir a pelo menos dois filmes no cinema antes da pandemia, o blogueiro Diorman Werneck, de 29 anos, n�o retomou a rotina cin�fila. Primeiro, por continuar se sentindo seguro em casa, onde assistia a programas via streaming. Mas, principalmente, por n�o se sentir mais t�o atra�do pelas estreias semanais.

“O streaming logo ocupou o hor�rio que antes eu dedicava ao cinema. Fechado em casa, ele se tornou meu principal passatempo”, conta o blogueiro. A decis�o dele de n�o voltar aos cinemas foi motivada pelo fato de servi�os de streaming passarem a oferecer estreias junto com as salas ou um tempo depois.

Diorman Werneck, que assina tr�s servi�os de streaming, exemplifica: “'Vi�va Negra' estava dispon�vel no mesmo dia em que estreou no cinema. S� n�o assisti imediatamente porque considerei o valor cobrado pela ferramenta (Disney+) muito caro. Como sabia que logo estaria dispon�vel, preferi esperar.” O blogueiro revela que viu em casa os longas “Tenet”, “Conven��o das bruxas” e “Cruella”, com uma vantagem: “A comodidade de assistir em qualquer hor�rio e mais de uma vez.”

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Scarlett Johansson em "Vi�va Negra", que estreou simultaneamente nas salas e no streaming, numa tend�ncia de reformula��o do mercado (foto: Disney/Divulga��o)


FUTURO 

Apesar dos n�meros desanimadores, o estudo da PwC aponta uma perspectiva otimista para o setor de m�dia e entretenimento at� 2025. No Brasil, a expectativa da pesquisa anterior (de 2020 a 2024) previa o crescimento de 2,5%. De 2021 a 2025, espera-se que o aumento seja de 4,7% (partindo de um patamar baixo), mas dentro das previs�es globais, de 5%.

O cinema � o segmento que deve crescer mais, cerca de 40% ao ano. E o v�deo OTT continuar� subindo cerca de 13% a cada 365 dias. Ainda assim, a arrecada��o nas bilheterias brasileiras, que foi de apenas US$ 96 milh�es em 2020, deve chegar a US$ 518 milh�es em 2025, mais ou menos o mesmo n�vel de 2016.

“J� vemos alguma recupera��o em 2021, mas a retomada deve se dar a partir de 2022. Ainda assim, tamb�m em termos de ingressos, o cinema voltar� apenas em 2025 ao n�vel de 2016”, afirma Ricardo Queiroz, s�cio da PwC Brasil.

Quem � da �rea v� com certo ceticismo as previs�es sobre o futuro. “Ningu�m sabe de fato o que vai acontecer”, comenta Jean Thomas Bernardini, dono da distribuidora Imovision, dos cinemas Reserva Cultural, em S�o Paulo e Niter�i, e da plataforma de streaming Reserva Imovision.

“Estamos no meio do t�nel sem luz, sem saber quando vai acabar o t�nel, se vai acabar, se tem um precip�cio no final do t�nel ou uma floresta encantada”, observa Bernardini.

No caso das salas mais comerciais, houve um respiro a partir do final de maio deste ano, quando lan�amentos de “Cruella”, “Invoca��o do mal 3”, “Velozes e furiosos 9” e “Vi�va Negra” chegaram consecutivamente. Por�m, os n�meros voltaram a cair em agosto.

“Ainda � uma inc�gnita”, acredita Juliano Russo, diretor comercial e de marketing da rede de cinemas Cin�polis Brasil. “Mas a expectativa para os pr�ximos meses � boa. 
Veja a repercuss�o que o trailer de 'Homem-Aranha: Sem volta para casa' teve.”
DEVAGAR 

Bernardini acredita em lenta recupera��o. Em seu planejamento, a normalidade deve chegar apenas em 2024. “At� l�, n�o tem como voltar aos n�meros de antes, que j� n�o eram t�o bons porque o cinema independente passava por uma crise”, prev�. “S� posso afirmar que 2022 ainda n�o ser� normal. Vai melhorar, claro. Mas s�o muitos fatores, n�o apenas a vacina��o. No Brasil, temos a quest�o pol�tica, o cinema brasileiro que n�o se define.”

V�rios distribuidores apostaram no streaming como forma de ganhar algum dinheiro ou atrair novos assinantes para suas plataformas. ï¿½ o caso da Warner, que lan�ou seus filmes simultaneamente nos cinemas e na HBO Max, nos Estados Unidos, e da Disney, que colocou as estreias ao mesmo tempo nas salas e no Disney , com custo adicional.

“Foi um teste e claramente n�o deu certo. Elas n�o est�o faturando”, destaca Juliano Russo. Para Ricardo Queiroz, da PwC Brasil, n�o h� remunera��o adequada para grandes produ��es no streaming. “Elas precisam da primeira semana de bilheteria. O pacote mais caro da Netflix custa por volta de R$ 55. O ingresso de cinema � mais do que isso, a TV por assinatura tamb�m. Ent�o, o cinema est� empatado: as pessoas aprenderam a ver em casa durante a pandemia, mas a receita do streaming � ainda pequena.”

Para efeito de compara��o, a previs�o � de que o gasto do brasileiro com v�deo OTT chegue a US$ 1,25 milh�o em 2025. A TV por assinatura, mesmo com quedas anuais de 1%, deve faturar US$ 3 bilh�es no mesmo ano.

Foi por esse motivo que a Imovision decidiu n�o abolir a janela cinematogr�fica. Nenhum filme foi diretamente para a Reserva Imovision. “A gente tem os dois: uma plataforma que queremos que cres�a e o cinema que queremos que volte. Obviamente, estamos torcendo para os dois”, diz Bernardini.

APOCALIPSE 

Ningu�m acredita que o cinema vai acabar, como mensageiros do apocalipse t�m apregoado. “Conversei com muitos amigos no Festival de Cannes, n�o vi ningu�m achando que o cinema ia parar. � uma divers�o quase insubstitu�vel. N�o vejo um debate pessimista”, comenta o dono da Imovision.

Queiroz concorda: “Determinadas experi�ncias n�o morrem nunca. � como a m�sica: o que se ouve em uma live n�o � a mesma coisa do show ao vivo. A experi�ncia presencial vai continuar existindo, mas as pessoas aprenderam a separar o que vale e o que n�o vale pagar.” (Estad�o Conte�do)

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%u201CBridgerton%u201D � campe� de audi�ncia na Netflix. S�ries s�o o conte�do preferido dos brasileiros assinantes de plataformas de streaming (foto: Netflix/divulga��o )


V�deo sob demanda conquistou 77% da popula��o do pa�s

O Brasil definitivamente se apaixonou pelo streaming. Pesquisa realizada pelo Ita� Cultural em parceria com o Datafolha, para medir os h�bitos culturais durante a pandemia, apontou que sete entre 10 brasileiros acessam plataformas de v�deo sob demanda. Foram ouvidas 2.276 pessoas de 16 a 65 anos entre 10 de maio e 9 de junho.

Grande parte delas assiste diariamente ao streaming. Dos 71% de brasileiros que t�m acesso ao servi�o, 44% recorrem a ele todos os dias. Para 23%, a m�dia � de mais de cinco horas di�rias, com 26% dedicando duas horas ao streaming, enquanto 18% veem por tr�s horas, 17% por uma hora, e 15% por quatro horas.

Entre os usu�rios que acessam conte�dos todos os dias, 49% s�o mulheres e 40% s�o homens; 51% s�o das classes D e E, ante 43% das classes A, B e C. Quem tem de 25 a 34 anos, tende a consumir mais (49%), seguido por aqueles com 16 a 24 anos (45%) e 35 a 44 anos (45%).

Na classe AB, a penetra��o das plataformas de streaming chega a 94%, enquanto 74% da classe C e 43% da classe D usam esse servi�o.

No Sudeste, 76% dos entrevistados aderiram ao streaming. Nas regi�es Norte e Centro-Oeste, s�o 73%, com 70% na Regi�o Sul e 61% no Nordeste. Entre os habitantes das capitais e regi�es metropolitanas, 75% declaram assistir a filmes e s�ries nesses servi�os, ante 68% no interior.

Em termos de faixa et�ria, 48% das pessoas de 30 a 45 anos utilizam as plataformas, assim como 44% daqueles com 17 a 25 anos, 33% dos que t�m de 46 a 60 anos e 26% de 26 a 30 anos. Apenas 8% dos maiores de 60 anos s�o usu�rios. Entre as crian�as, 11% daquelas de at� 5 anos e 19% entre os pequenos de 6 a 11 anos e os adolescentes de 12 a 16 usam Netflix, Disney e companhia.

A maior parte assiste aos conte�dos na televis�o (49%), 36% preferem os celulares, 9%, os notebooks, e 5% os computadores de mesa.

Os conte�dos preferidos s�o as s�ries, vistas por 77% dos usu�rios, seguidas por filmes estrangeiros (65%), filmes nacionais (49%), infantis (45%), anima��es (42%) e shows de m�sica (36%). (Estad�o Conte�do)


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