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Estado de Minas CINEMA

Mostra de Tiradentes arma o seu Cine Drive-In

Festival promove na cidade hist�rica a exibi��o de filmes brasileiros premiados, com sess�es gratuitas desta sexta-feira (3/9) at� o feriado de 7 de setembro


03/09/2021 04:00 - atualizado 03/09/2021 07:01

Grace Passô e Bárbara Colen em cena do longa ''No coração do mundo'', que venceu a Mostra Aurora na 22ª edição do festival e será exibido amanhã no Cine Drive-In
Grace Pass� e B�rbara Colen em cena do longa ''No cora��o do mundo'', que venceu a Mostra Aurora na 22� edi��o do festival e ser� exibido amanh� no Cine Drive-In (foto: Filmes de Pl�stico/Divulga��o)

A 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes realizada de modo on-line em janeiro passado , previa realizar sess�es de t�tulos que foram destaques em suas edi��es anteriores, no Cine Drive-In . Mesmo com a seguran�a que o modelo drive-in oferece no contexto da pandemia , o plano se tornou invi�vel.

Conforme explica Raquel Hallak , diretora da Universo Produ��o, realizadora da mostra, com o fechamento do com�rcio, n�o haveria sequer como garantir as refei��es para as equipes em trabalho. Nesta sexta-feira (3/09), o Cine Drive-In finalmente estreia na cidade hist�rica mineira, promovendo a cada noite, at� a pr�xima ter�a-feira (7/09), uma sess�o gratuita, sempre �s 20h.

O espa�o escolhido para a montagem do tel�o comporta at� 68 ve�culos. Ser� preciso apresentar a carteira de habilita��o para retirada do convite. Os comes e bebes poder�o ser adquiridos antecipadamente, no momento da retirada da credencial, e/ou durante a sess�o. Basta o espectador acender o farolete para chamar o gar�om.

O filme que abre o programa � “Tit�s – A vida at� parece uma festa”, de Oscar Rodrigues Alves e Branco Mello. Vencedor do j�ri popular da 12ª Mostra Tiradentes, o longa conta a hist�ria da banda do in�cio dos anos 1980 at� a primeira d�cada dos anos 2000, em uma narrativa com ritmo de aventura. 

Amanh� � a vez de “No cora��o do mundo”, de Maur�lio e Gabriel Martins, vencedor do Trof�u Barroco na 22ª edi��o da mostra. No domingo, o p�blico assiste a “O dia do Galo”, de Cris Azzi e Luiz Felipe Fernandes, vencedor do j�ri popular na 18ª edi��o.

Para segunda-feira est� programado o longa de terror “O cemit�rio das almas perdidas”, de Rodrigo Arag�o, que teve exibi��o on-line em janeiro deste ano, dentro da Sess�o Meia-Noite, recorte dedicado ao g�nero dentro desta 24ª edi��o. 

Fechando a programa��o, na ter�a, ser�o exibidos quatro curtas-metragens premiados – “De castigo”, de Helena Ungaretti, “Traz outro amigo tamb�m”, de Federico Cabral, “Vida Maria”, de M�rcio Ramos, e “L”, de Tha�s Fujinaga.

O documentário ''O dia do Galo'', de Cris Azzi e Luiz Felipe Fernandes, vencedor do júri popular na 18ª edição, é a atração de domingo na programação
O document�rio ''O dia do Galo'', de Cris Azzi e Luiz Felipe Fernandes, vencedor do j�ri popular na 18� edi��o, � a atra��o de domingo na programa��o (foto: Universo Produc�o / Divulga��o)



ECL�TICA

“� uma programa��o ecl�tica, que vai agradar a todas as idades e gostos”, aposta Raquel Hallak. Foi criado um projeto cenogr�fico espec�fico no local que vai receber o Cine Drive-In. “A proposta � viver uma experi�ncia, trabalhar a estima, fazer circular o cinema brasileiro, porque este � o nosso slogan, ‘O cinema em movimento’”, diz. 

Segundo a produtora, “uma atra��o como essa tem v�rias miss�es: levar lazer para as comunidades, favorecer o fluxo tur�stico neste momento em que isso j� � poss�vel, e fazer com que o cinema brasileiro circule e que esteja na pauta do dia”.

Nos 25 anos da Mostra de Tiradentes, em 2022, essa experi�ncia poder� ser replicada caso a situa��o da pandemia ainda n�o permita a programa��o completa no modelo presencial. Raquel acredita que, para al�m da Mostra de Tiradentes, o modelo de cinema ao ar livre pode ganhar terreno em outras frentes. 

“O Brasil nunca teve, efetivamente, essa cultura do drive-in, que foi muito forte nos Estados Unidos nos anos 1950 e 1960. N�o tenho not�cia de muitas experi�ncias similares e quer�amos trazer essa atra��o em primeira m�o para Tiradentes, pensando nos 25 anos da mostra em janeiro do ano que vem, e pensando como um piloto mesmo, uma atra��o alternativa, porque � tudo muito incerto. N�o sabemos como estar� a situa��o em 2022, temos que estar atentos � quest�o pand�mica”, afirma.

Para concretizar o formato, comenta Raquel, “h� um desafio, porque � uma coisa nova, tem um processo burocr�tico que envolve Iphan, Corpo de Bombeiros e outras inst�ncias”. O resultado, no entanto, � compensador, em sua avalia��o, porque “com essas a��es a gente atrai um p�blico que n�o costuma ir no equipamento cultural, porque n�o tem na sua cidade ou porque acha que � coisa de rico. Quanto mais a gente ocupa o espa�o p�blico, mais formamos um p�blico diversificado”.

Montagem do Cine Drive-In da Mostra Tiradentes, que terá capacidade para 68 carros
Montagem do Cine Drive-In da Mostra Tiradentes, que ter� capacidade para 68 carros (foto: Francisco Carvalho/Divulga��o)


24ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES – CINE DRIVE-IN
Desta sexta (3/09) a ter�a (7/09). Sess�es sempre �s 20h, no estacionamento localizado na Avenida Governador Israel Pinheiro, s/nº (ao lado da pousada Pequena Tiradentes). Entrada franca, mediante retirada de convite no dia da sess�o, das 14h �s 17h, no Largo das Forras
 

“� algo que aquece o cora��o”

Um dos diretores de “No cora��o do mundo”, Maur�lio Martins se diz honrado por ter seu longa inclu�do na programa��o do Cine Drive-In. Ele destaca que isso refor�a os la�os que sua produtora, a prestigiada Filmes de Pl�stico, de Contagem, mant�m com a Mostra de Tiradentes. 

“Esse filme tem gerado muitos frutos desde a estreia, em 2019, e v�-lo ainda reverberando, sendo exibido, nos traz muita felicidade, sobretudo porque �, ainda que de forma excepcional, na Mostra de Tiradentes, essa casa que nos abriga desde 2010, quando exibimos nosso primeiro filme, ‘Fantasmas’. De l� pra c�, quase todas as nossas produ��es estiveram em alguma das mostras em Tiradentes”, comenta.

Ele salienta que � uma dupla alegria, pelo fato de o filme estar ainda circulando e por encontrar o p�blico ao vivo novamente. “Ele est� no streaming, gira por festivais on-line, mas � um charme ter esse retorno � exibi��o p�blica num drive-in. � um espa�o que por si s� tem uma magia, � um espa�o cinematogr�fico por excel�ncia. Para a gente, � um momento incr�vel, eu fico muito feliz que a volta da exibi��o de um filme nosso para o p�blico aconte�a nesse espa�o”, diz.

Tha�s Fujinaga, diretora de “L”, tamb�m mant�m uma rela��o estreita com a Mostra de Tiradentes, que vem desde 2012, quando a obra, que agora integra a programa��o do Cine Drive-In, ganhou como melhor curta pelo j�ri popular, na 15ª edi��o. Ela diz que j� conhecia a mostra bem antes daquela participa��o. 

“Eu acompanhava a repercuss�o, principalmente dos debates, que sempre s�o muito fortes em Tiradentes. Fui selecionada em 2012 para o filme ser exibido na Pra�a e foi uma sess�o muito especial. Depois voltei, em 2017, quando ‘Baronesa’, da Juliana Antunes, ganhou a mostra. Naquela ocasi�o, fui para acompanhar a sess�o de encerramento, com o filme ‘A cidade onde envelhe�o’, do qual fui uma das roteiristas. E retornei a Tiradentes mais uma vez, no ano seguinte, porque estava ali por perto, da� fui para l� e fiquei dois dias”, conta.

ENTUSIASMO

A cineasta diz que ficou muito entusiasmada com a proposta do Cine Drive-In, porque evidencia o esfor�o da Mostra de Tiradentes no sentido de continuar pensando em formas alternativas de existir, de resistir e de chamar o p�blico para ver filmes. 

“� algo que aquece o cora��o, principalmente neste momento em que a gente est� vivendo um retrocesso gigantesco em rela��o �s pol�ticas culturais, n�o s� um retrocesso, mas um ataque expl�cito e direto do governo federal �s artes, aos artistas e ao cinema, com o Fundo Setorial para o Audiovisual parado, a Ancine paralisada”, diz, citando ainda o recente inc�ndio na Cinemateca Brasileira, em S�o Paulo, “resultado direto do descaso intencional do governo federal em rela��o � nossa mem�ria, nossa cultura, nosso audiovisual”. (DB)

Cena do longa ''O cemitério das almas perdidas'', de Rodrigo Aragão, que já recebeu sete prêmios em festivais
Cena do longa ''O cemit�rio das almas perdidas'', de Rodrigo Arag�o, que j� recebeu sete pr�mios em festivais (foto: F�bulas Negras Produ��es/Divulga��o)

Espa�o para o terror

“O terror est� crescendo muito no cinema brasileiro, ent�o trouxemos esse g�nero para o Drive-In, o que, ali�s, era muito comum em sess�es nos Estados Unidos.” Assim Raquel Hallak justifica a inclus�o de “O cemit�rio das almas perdidas” na programa��o. 

O diretor Rodrigo Arag�o concorda e diz que, neste cen�rio t�o adverso de pandemia, reavivar a ideia do drive-in � algo muito positivo. “A primeira sess�o de ‘Cemit�rio das almas perdidas’ em S�o Paulo foi num drive-in. O filme de terror combina muito bem com a sala de cinema, porque � mais gostoso assistir em grupo. O drive-in traz isso, de voc� poder assistir de maneira isolada, com seguran�a, mas em grupo”, diz.

Arag�o tamb�m corrobora a afirma��o de Raquel sobre a expans�o do terror no Brasil. Ele lembra que 2008 foi um marco, porque, naquele ano, vieram � luz tr�s produ��es do g�nero – seu primeiro longa, “Mangue negro”; o brasiliense “Capital dos mortos”, de Tiago Belotti, e “A encarna��o do dem�nio”, de Jos� Mojica Marins (1936-2020) –, o que era um recorde at� ent�o. Em 2019, conforme aponta o cineasta, foram lan�ados 37 filmes de terror, o que representa um crescimento de 1.000% num per�odo de 11 anos.

“O Brasil tem um potencial incr�vel, com nossas lendas, nossos cen�rios, nossos medos. Acho que o mercado cinematogr�fico brasileiro descobriu – ou redescobriu – o g�nero, mas ainda falta o grande p�blico chegar a esses filmes. De 2014 a 2018, todo grande festival de cinema fant�stico no mundo tinha na programa��o um filme brasileiro sendo muito bem recebido. Houve, sim, uma grande mudan�a”, diz ele. 

O diretor aponta que “O cemit�rio das almas perdidas” � um exemplo da boa recep��o que o terror brasileiro vem tendo mundo afora. “Acabei de ganhar o pr�mio de melhor diretor ibero-americano num festival de cinema macabro do M�xico. Esse foi o s�timo pr�mio que o filme ganhou, e cinco deles s�o internacionais. O ‘Cemit�rio’ tem tido uma repercuss�o muito boa, mas ainda enfrenta grande dificuldade para ser comercializado no Brasil, infelizmente.”

Arag�o destaca que a exibi��o on-line na Mostra de Tiradentes em janeiro passado gerou uma repercuss�o muito boa. “A exibi��o on-line te tira o prazer de ver a rea��o do p�blico, mas ela democratiza os filmes, que chegam ao pa�s todo, sem custo. Isso foi muito bacana, porque tive um retorno de pessoas de todos os lugares do Brasil, que assistiram e comentaram bastante.”

Ele s� lamenta n�o poder estar presente em Tiradentes para acompanhar a sess�o “A pandemia nos tirou muitas coisas, como o prazer de ver um filme no seu formato mais completo. O ‘Cemit�rio das almas perdidas’ � meu sexto longa e � o primeiro feito para salas de cinema, filmado com equipamento de ponta. E a verdade � que nem eu tive o prazer de ver esse filme numa tela grande ainda, ent�o a �nica coisa triste � eu n�o estar l� em Tiradentes para aproveitar a oportunidade.” (DB)


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