
Depois de 25 anos apresentando-se com artistas como Edu Lobo, Joyce Moreno, Francis Hime, Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda, Maria Beth�nia, Dori Caymmi e Ney Matogrosso, entre outros, Bruno Aguilar decidiu lan�ar seu primeiro �lbum solo . Independente, o disco traz 10 faixas, sendo tr�s de sua autoria.
“Toquei por muitos anos como
baixista
com gente que admiro, mas sempre com aquela vontade de fazer um trabalho meu. Mas, na correria de viagens, tocando, ensaiando e (criando) filho, acabou que nunca tive esse tempo. Ia compondo, fazendo arranjos, mas jogando tudo na gaveta, at� que a pandemia, com toda essa coisa horrorosa que est� acontecendo, teve para mim um lado positivo naqueles primeiros seis meses”, diz Aguilar.
Quando a pandemia come�ou a ceder um pouco, nos meses de outubro e novembro do ano passado, ele resolveu levar adiante a ideia de gravar o disco solo. “Pensei, vai ser agora ou nunca. Acabou que gravei sozinho muita coisa. � um disco que poderia e gostaria de ter contado com v�rios musicistas, mas acabou que, em fun��o da pandemia, gravei o contrabaixo, o viol�o, que foi o meu primeiro instrumento, cantei, fiz umas percuss�es. Pensei: ‘Vou gravar o m�ximo que puder e chamar o m�nimo de m�sicos’, porque tamb�m n�o queria fazer remoto.”
E Aguilar convidou Joana Queiroz, sua parceira desde o projeto Itiber� Orquestra Fam�lia, e Adriano Souza, que � seu amigo desde o primeiro trabalho profissional, quando acompanhava a cantora, violonista e percussionista Lucina. “Em cima da hora, apareceu o pandeirista Serginho Krakowski, que estava morando em Nova York. Convidei tamb�m o meu filho Joaquim Gonzaga Aguilar para gravar ‘Pau de arara’, em um arranjo que fiz, desconstruindo a m�sica. E nessa can��o h� tamb�m um depoimento da dona Marlene, aluna de um projeto social que tenho no Rio de Janeiro, que fez um depoimento sobre a vida dela. Ela que � nordestina e se radicou na Cidade Maravilhosa.”
NOME
O �lbum ganhou o curioso nome “ anso gocun ferregon� sou t� ”. O m�sico conta que o nome do disco surgiu de uma brincadeira que se originou de um jogo de palavras que ele mesmo fez. “Quando entrou a pandemia, tinha acabado de ler ‘As veias abertas da Am�rica Latina’ (Paz e Terra), do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015). � um livro forte, pois foi impressionante o massacre dos europeus aqui e na Am�rica Latina, os negros, aquele terror todo. Aquilo me impactou e, junto com isso, j� estava pesquisando a hist�ria da minha fam�lia, buscando meus sobrenomes, de onde vim, e descobri que 99% dos sobrenomes eram europeus, como Gon�alves, Ferreira, Aguilar, Teixeira, Souza.”
Ele conta que aquilo come�ou a incomod�-lo. “E foi a� que passei a pesquisar mais, at� que descobri uma bisav� que era cabocla, mistura com �ndio, mas nenhum sobrenome dela ficou, veio, mulher, cabocla, d�cada de 1950, imagina? E fiz uma jun��o dessa hist�ria da Am�rica Latina, do Brasil, do que estava lendo sobre a coloniza��o violenta com a minha pr�pria hist�ria pessoal. A� nasceu o mote para o disco e fiz essa brincadeira, esse jogo de palavras, com as iniciais desses sobrenomes. � legal que a gente pode fazer v�rias leituras. H� uma coisa meio mantra, meio ind�gena... Ent�o � quase uma provoca��o para cada um ler e interpretar da forma que for o nome.”
Al�m das plataformas digitais, o �lbum pode ser encontrado no formato CD e, em breve, tamb�m sair� em vinil”, avisa Aguilar.

“ANSO GOCUN FERREGON� SOU T�”
• Bruno Aguilar
• 10 faixas
• Independente
• Dispon�vel nas plataformas digitais e em CD