
A Academia Mineira de Letras (AML) transmite nesta quinta-feira, �s 19h30, pelo YouTube, a entrevista que seu presidente, Rog�rio Faria Tavares, fez com a historiadora Helo�sa Starling sobre o tema “ As ideias pol�ticas no tempo da Independ�ncia ”. O conte�do da conversa, que foi gravada e integra o projeto “22 entrevistas no bicenten�rio da Independ�ncia”, se relaciona com o livro “As vozes da Independ�ncia”, organizado por Helo�sa juntamente com Marcela Telles Elian de Lima.
“O livro traz de volta a hist�ria dos panfletos e de vozes que h� 100 anos n�o eram ouvidas no Brasil. Isso foi uma proeza dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que � presidente da comiss�o criada para cuidar do bicenten�rio da Independ�ncia no Senado, e Rodrigo Pacheco (DEM-RO), membro dessa comiss�o. Quando souberam dessa hist�ria, eles ficaram muito empolgados com a ideia de trazer de volta esses panfletos. Eu os atazanei muito nesse sentido”, conta a historiadora.
''As pessoas n�o t�m ideia de como foi sangrenta a luta pela Independ�ncia, com 200 brasileiros mortos a tiro de canh�o no Piau�, no leito seco do Rio Jenipapo, por exemplo. Esses panfletos trazem hist�rias dessa dimens�o. No s�culo 19, n�o tinha Brasil, tinha uma ideia de Brasil, as pessoas estavam na rua discutindo essas ideias de Brasil, e eram muitas''
Helo�sa Starling, historiadora
CERTID�O
Classificados por Rodrigues como a “certid�o de nascimento” do Brasil, os panfletos, segundo Helo�sa Starling, revelam novas perspectivas sobre o per�odo em que foram produzidos. “Estamos acostumados a pensar a Independ�ncia s� do ponto de vista da monarquia no Rio de Janeiro, mas os projetos de Independ�ncia entre 1817 at� o reconhecimento, em 1825, s�o muitos. Essa quest�o de olhar s� para o Rio � um equ�voco”, diz.
Ela destaca que os “Panfletos da Independ�ncia” foram produzidos nas prov�ncias, ent�o narram epis�dios e acontecimentos relativos ao per�odo do ponto de vista de um Brasil profundo, distante da corte. “Eu n�o sabia, por exemplo, dos levantes que ocorreram em Recife no momento da Independ�ncia, levantes dos ‘pardos e pretos’, como diziam os panfletos, marchando em nome da Rep�blica”, aponta.
Segundo a professora, esses panfletos podem ser entendidos como a “internet daquela �poca”. Ela destaca que era por meio deles que qualquer pessoa podia participar dos debates em pauta. Bastava a disposi��o para escrev�-los e divulg�-los.
“Esses panfletos podiam ser escritos em prosa ou em verso, e a estrat�gia era a seguinte: como era uma sociedade oral, com muitos iletrados, eles eram lidos na sa�da da igreja ou eram pregados, na surdina, porque era um material subversivo, nas tabernas, nas casas de prostitui��o. O sujeito escreve o panfleto, prega num lugar de muita circula��o, ningu�m sabe quem fez aquilo, mas vai juntando gente para ler”, explica.
Ela diz que a exist�ncia desse acervo na Universidade de Washington era sabida, mas ainda n�o havia uma movimenta��o no sentido de traz�-los de volta ao Brasil. “E eles n�o estavam digitalizados, se voc� quisesse consultar, tinha que ir l�”, diz, acrescentando que a comiss�o do Senado em torno do bicenten�rio da Independ�ncia est� empenhada em tornar o acesso a essa documenta��o o mais amplo poss�vel.
“AS IDEIAS POL�TICAS NO TEMPO DA INDEPEND�NCIA”
Com a historiadora Helo�sa Starling. Dispon�vel a partir desta quinta-feira (30/09), �s 19h30, na p�gina da Academia Mineira de Letras no YouTube (
youtube.com/c/academiamineiradeletras
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