Criado no carnaval de 2013, na esteira das comemora��es pelos 40 anos do Clube da Esquina, o Bloco da Esquina desfilou com seus foli�es em todos os anos seguintes, bateu seu recorde de p�blico na Folia de Momo em 2020 e, com a chegada da pandemia, paralisou as atividades.
Agora, quase dois anos depois do �ltimo contato com seu p�blico, o grupo volta a tocar para uma plateia de carne e osso, com o show “Sol de primavera”, neste domingo (3/10), no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas.
“Com a flexibiliza��o das medidas restritivas de combate � COVID-19, a gente viu uma possibilidade de retorno, mesmo sendo num teatro. Nosso foco � a rua, somos um bloco de cortejo, mas o teatro tamb�m � uma experi�ncia legal para a gente revisitar nosso repert�rio”, diz Renato Muringa (guitarra baiana e voz), que comanda o grupo, composto tamb�m por Analu Braga (percuss�o), Emerson Oliveira (teclado), Marcela Nunes (flauta), Tiago Ara�jo (baixo) e Xande Tamietti (bateria). “� uma sensa��o muito boa repassar essas m�sicas, rearranjar algumas coisas para o teatro e reencontrar o p�blico”, diz ele.
DOIS �LBUNS
O repert�rio que ser� apresentado, como o nome do bloco entrega, � composto por temas como “Trem azul”, “Bailes da vida”, “Para Lennon e McCartney” e “Maria, Maria”, embalados em levadas carnavalescas como samba, marchinha, bai�o e funk. Muringa destaca que o grupo se dedica exclusivamente aos cl�ssicos do Clube da Esquina, compreendidos na d�cada de 1970. “� um movimento que continua vivo, os personagens est�o a�, em atividade, s� que a gente fica no repert�rio mais antigo mesmo, dos dois �lbuns ‘Clube da Esquina’ e nas m�sicas mais marcantes relacionadas a eles”, explica.
Mas tamb�m h� espa�o para temas menos conhecidos, como o samba “Aqui � o pa�s do futebol”, de Milton Nascimento. Muringa destaca que, apesar da roupagem carnavalesca que veste essas m�sicas, as ricas melodias e harmonias criadas por Milton, L�, Beto Guedes e companhia permanecem intactas nas vers�es criadas pelo Bloco da Esquina. “� um repert�rio bem ecl�tico, com ritmos bem variados e arranjos que passam por bai�o, maracatu, coco, frevo, samba, mas que respeitam as composi��es.”
Ele conta que a ideia de fazer vers�es carnavalescas para m�sicas do Clube surgiu de forma espont�nea, durante um ensaio, quando algu�m presente pediu aos m�sicos que fizessem uma levada de samba para “Trem azul”. “A princ�pio, eu falei que n�o tinha como, mas fomos experimentando no cavaquinho e no tant� e vimos que dava certo. Essa pesquisa come�ou ali.”
Quando se pensa no repert�rio do Clube da Esquina, n�o � exatamente uma folia carnavalesca que vem � cabe�a, mas Muringa garante que as pr�prias m�sicas guardam elementos que indicam o caminho para as vers�es. “Com a ideia de trabalhar com ritmos variados, a m�sica � que d� essa inten��o de para onde ir. Os arranjos j� nascem com essa identidade. O ‘Trem azul’ � uma m�sica lenta, uma balada, mas se colocar numa levada de marchinha, d� certo”, diz.
Ele cita outros exemplos: “Nada ser� como antes” tem uma levada mais cont�nua, que permite fazer dela um bai�o; “Paisagem da janela” tem uma c�lula repetitiva, um movimento c�clico que possibilita uma ponte com o funk; “Bola de meia, bola de gude”, com seus tambores, j� est� naturalmente pr�xima do congo mineiro, que tem uma levada festiva.
“A gente vai costurando, �s vezes a partir de um elemento espec�fico. ‘Um girassol da cor do seu cabelo’, por exemplo, tem um piano improvisado no final, � como se fosse um frevo dobrado num tempo mais lento, ent�o d� para levar por esse caminho da m�sica pernambucana”, aponta.
Segundo Muringa, essas vers�es carnavalescas j� foram ouvidas por Toninho Horta e L� Borges, e ambos aprovaram o resultado. “Eles deram o aval porque as melodias e as harmonias se mant�m. A gente traz, com a nossa forma��o, a possibilidade inclusive de improvisar, ent�o fica um neg�cio ao mesmo tempo animado e sofisticado, um Clube da Esquina meio jazz, meio carnaval.”
O m�sico n�o vislumbra para 2022 um carnaval como nos velhos tempos pr�-pandemia, mas acredita que pode haver mais espa�o para que os blocos e os grupos derivados possam reencontrar seu p�blico. Dessa forma, ele aponta, o show “Sol de primavera” funciona como um ensaio do que poder� vir.
“� uma forma de alimentar a esperan�a e de poder revisitar esse repert�rio festivo de carnaval. N�o sei se vai ter no pr�ximo ano, mas acredito que possa haver eventos. A prefeitura pode, por exemplo, estabelecer um local onde � poss�vel controlar o p�blico. Nossa expectativa � nesse sentido, de fazer pelo menos um minicortejo. Se at� l� as condi��es sanit�rias ainda n�o permitirem, a gente continua reinventando formas de o bloco se manter pr�ximo de seu p�blico.”
“Sol de Primavera”
Show com o Bloco da Esquina. Neste domingo (3/10), �s 19h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Vendas pelo site www.eventim.com.br/ ou na bilheteria do teatro. � obrigat�rio o uso de m�scara dentro do teatro, que vai funcionar com 70% de sua capacidade.Hor�rio de funcionamento da bilheteria: de segunda a s�bado, das 13h �s 19h. A bilheteria funciona at� 30 minutos depois do in�cio do espet�culo. Hor�rio de abertura da plateia para entrada do p�blico: 30 minutos antes do hor�rio da apresenta��o