(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES PL�STICAS

'Disc�pulo de Mestre Ata�de', Carlos Vergara abre individual em BH

Exposi��o com mais de 80 obras do artista ga�cho radicado no Rio marca a reabertura do Museu Inim� de Paula ao p�blico


06/10/2021 04:00 - atualizado 05/10/2021 23:34

Obra de Carlos Vergara
Em suas obras, o artista faz uso de pigmentos terrosos que descobriu na cidade de Rio Acima, nos anos 1970. Ele se considera um disc�pulo de Mestre Ata�de (foto: Reprodu��o)

"A exposi��o tem esse nome ('Prospectiva') porque a ideia que tenho � de olhar para a frente, ent�o, mesmo apresentando coisas mais antigas, estou olhando para o futuro. � uma chance boa de ver essas coisas juntas, com uma panor�mica e sob essa perspectiva de viver o presente e propor, atrav�s do trabalho, do encontro com o p�blico, novas possibilidades"

Carlos Vergara, artista pl�stico


O Museu Inim� de Paula inaugura nesta quarta-feira (6/10) a primeira exposi��o de um artista convidado, desde sua reabertura � visita��o p�blica. Trata-se de “ Prospectiva ”, que re�ne mais de 80 cria��es do ga�cho radicado no Rio de Janeiro, Carlos Vergara . Essa � a primeira vez que Vergara realiza um individual em Minas Gerais.

Maior mostra do artista j� realizada no Brasil, “Prospectiva”, que em 2019 esteve em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, traz v�rios trabalhos recentes, mas tamb�m resgata obras que remontam ao final dos anos 1960, quando Vergara ainda estava em in�cio de carreira. 

“A exposi��o tem esse nome porque a ideia que tenho � de olhar para a frente, ent�o, mesmo apresentando coisas mais antigas, estou olhando para o futuro. � uma chance boa de ver essas coisas juntas, com uma panor�mica e sob essa perspectiva de viver o presente e propor, atrav�s do trabalho, do encontro com o p�blico, novas possibilidades”, diz o artista, que em novembro completa 80 anos.

Entre as principais obras reunidas no Inim� de Paula est� o maior conjunto de pain�is de Vergara, de 5,40m x 5,40m cada, feitos a partir de monotipias no Cais do Valongo – antiga zona portu�ria do Rio de Janeiro, reconhecida pela Unesco por sua import�ncia hist�rica, por ser o local onde cerca de 900 mil africanos escravizados chegaram � Am�rica do Sul – e nos trilhos do bonde do Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde mant�m seu ateli�.

S�RIES 

“O museu precisou adaptar as paredes para comportar os quadros da s�rie que d� nome � exposi��o”, conta a diretora do Inim� de Paula, Claudia Tunes. A mostra abarca outras tr�s s�ries: “Sud�rio”, com monotipias colhidas por Vergara em sua viagem ao Sul da Fran�a, em 2019; “Natureza inventada”, com 10  esculturas em a�o corten e duas pinturas; e “Empilhamento”, com a obra mais antiga do conjunto, de 1968, que consiste em uma grande coluna formada por bonecos de papel kraft e papel enrugado, empilhados como uma torre de babel.

“Sud�rio” foi uma obra que surgiu quando Vergara percorreu o caminho do sagrado feminino, que teria sido trilhado pelas tr�s Marias – Maria Madalena, Maria Jacobina e Maria Salom� – e por Santa Sara, a escrava eg�pcia que se tornou padroeira dos ciganos, em fuga dos romanos, segundo conta o artista. “N�o � um projeto crist�o ou antropol�gico, esses lugares todos t�m sinais do inef�vel, do sagrado. N�o estou atr�s de religi�o”, diz.

Cais do Valongo, Santa Teresa, Sul da Fran�a. Vergara assente que sua inspira��o se relaciona diretamente com os lugares que visita. “Essa exposi��o mostra um pouco isso tamb�m. Tem obras que fiz no Sul da Fran�a, no Rio de Janeiro, no interior do Rio Grande do Sul, enfim, coisas que fiz por a� em minhas andan�as. Sou um artista viajante.” Ele afirma que somente a intui��o o guiou no momento de dividir a mostra nas quatro s�ries que a comp�em.

Painel de Heleno Nunes
Heleno Nunes pintou 20 quadros de figuras humanas em movimento para a exposi��o (foto: Riva Moreira/Divulga��o)

"V�nhamos com alguma regularidade a Minas, eu e Krajcberg, e �amos muito a Itabirito e outras cidades do interior, onde fic�vamos andando no meio do mato. Um dia, descobri Rio Acima. Fiz muita coisa por l�, na cer�mica Morgan, que tinha uma mina de �xido de ferro amarelo, que era calcinado nos fornos para fazer o vermelh�o. Fiquei apaixonado por aquilo, por aquele pigmento que gerava uma fuma�a de uma cor intensa que tomava conta de tudo"

Carlos Vergara, artista pl�stico


PIGMENTO 

Quando fala das viagens que j� fez e que foram inspiradoras para seu trabalho, Vergara reserva um lugar especial para Minas Gerais, estado com o qual diz ter uma rela��o duradoura e prof�cua. Na d�cada de 1970, acompanhando o amigo Frans Krajcberg (1921-2017), ele conheceu, na cidade de Rio Acima, em Minas Gerais, o pigmento que at� hoje emprega em suas cria��es.

“V�nhamos com alguma regularidade a Minas, eu e Krajcberg, e �amos muito a Itabirito e outras cidades do interior, onde fic�vamos andando no meio do mato. Um dia, descobri Rio Acima, fiquei muito amigo das pessoas de l� e, a partir da�, as visitas se tornaram mais frequentes. Fiz muita coisa por l�, na cer�mica Morgan, principalmente, que tinha uma mina de �xido de ferro amarelo, que era calcinado nos fornos para fazer o vermelh�o. Fiquei apaixonado por aquilo, por aquele pigmento que gerava uma fuma�a de uma cor intensa que tomava conta de tudo”, relata.

O uso desses pigmentos � o que leva Vergara a se dizer um disc�pulo direto de Mestre Ata�de, que ele considera ser o inventor da pintura brasileira. “O que percebi, nos meus estudos, � que isso que fa�o vem de uma linhagem inaugurada por Mestre Ata�de, que usou muito os pigmentos de Minas Gerais. Certa vez, fui a Congonhas, onde estavam restaurando algumas obras, e perguntei qual o pigmento que estavam usando. Tirando o azul, era tudo pigmento terroso do quadril�tero ferr�fero de Minas. Se existe uma pintura que se pode chamar de genuinamente brasileira, foi Mestre Ata�de quem a inventou.”

GRANDIOSO 

Claudia Tunes destaca que “Prospectiva” tem um car�ter grandioso, j� que re�ne um conjunto vasto e representativo de um dos expoentes da figura��o brasileira, que, conforme diz, emprega uma t�cnica �nica em suas cria��es. “O Vergara ocupou todos os andares do museu. N�o � qualquer artista que faz isso. Estamos usando at� um espa�o que � permanentemente dedicado �s obras do Inim�. Elas foram temporariamente tiradas de l� para que o trabalho do Vergara pudesse entrar. A �ltima vez em que a gente fez isso foi em 2018, com a exposi��o do acervo do Santander. O museu est� maravilhoso”, diz.

Ela destaca que o momento � de muito entusiasmo. “Ter essa exposi��o aqui com a possibilidade da presen�a do p�blico � um grande passo. � muito importante para a cidade que se volte a trazer eventos culturais de porte, porque a popula��o estava carente disso.”

A diretora considera que essa � uma reabertura  “com chave de ouro” e informa que a agenda do museu est� completa at� o pr�ximo ano. “Na pandemia, a gente fez muitas exposi��es virtuais, mas n�o tem o mesmo impacto. Est� sendo uma grande alegria”, afirma.

Vergara � um dos principais representantes do movimento da Nova Figura��o no Brasil. Em 1963, exp�s na Bienal de S�o Paulo pela primeira vez. Dois anos depois, participou da mostra “Opini�o 65”, considerada um marco na hist�ria da arte brasileira. Em 1969, foi convidado para a 10ª Bienal de S�o Paulo, conhecida como a Bienal do Boicote, devido � recusa de diversos artistas em participar como retalia��o � aprova��o ao Ato Institucional nº 5.

Vergara pintou premiados pain�is em Paris, Nova York, Cidade do M�xico, Madri, Genebra e T�quio, entre outras. Em 1978, teve o livro “Carlos Vergara” editado pela Funarte, como parte da cole��o “Arte brasileira contempor�nea”. Ele tamb�m j� levou sua arte para a Bienal de Veneza (1980), Lisboa e dezenas de outras cidades no Brasil e no mundo.

“Prospectiva”


Individual de Carlos Vergara. No Museu Inim� de Paula (Rua da Bahia, 1.201, Centro). A partir desta quarta-feira (6/10), at� fevereiro de 2022. �s ter�as, quartas, sextas e s�bados, das 10h �s 18h30; �s quintas, das 12h �s 20h30; aos domingo, das 10h �s 16h30. Gratuito.

TJMG exibe painel e quadros de Heleno Nunes


Autor dos pain�is expostos no terminal rodovi�rio de Belo Horizonte e com trabalhos presentes tamb�m em locais como a Cidade Administrativa e o Hospital Mater Dei, o artista pl�stico Heleno Nunes tem um conjunto de obras aberto � visita��o p�blica no Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG). 

O carro-chefe da mostra � o “Painel da Justi�a”, que ele realizou para o F�rum B�rbara de Oliveira Miranda, em Lagoa da Prata, sua cidade natal, e que foi conclu�do poucos dias antes de vir para Belo Horizonte, na semana passada.

“Terminei esse painel no (�ltimo) dia 25 e no dia 28, com a autoriza��o do juiz local, ele j� foi levado para ser exibido no Tribunal de Justi�a”, conta. O presidente do TJMG, desembargador Gilson Soares Lemes, pediu ent�o que Nunes produzisse novas obras para incrementar a exposi��o, segundo Nunes, que pintou 20 quadros especialmente para essa mostra.

N�o h� uma tem�tica que atravessa as obras expostas, mas que todas elas mant�m a caracter�stica marcante de seu trabalho, que � a representa��o de figuras humanas. “Tem gente que faz exposi��o de quadros de natureza-morta ou quadros de santo. Nunca trabalhei com essa ideia de tem�tica. Pinto figuras humanas, que � o mais importante no meu trabalho, ent�o tem um quadro que � uma representa��o de Cristo, tem outro que � um campon�s e por a� vai.”

MOVIMENTO 

Por conta dessas figuras, que normalmente aparecem com p�s e m�os grandes, vistas sob �ngulos inusitados, o trabalho de Nunes �, de forma recorrente, comparado ao de artistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti ou Portinari. 

“Tem diferen�a porque os personagens deles s�o mais est�ticos. Minhas figuras est�o sempre em movimento e aparecem em �ngulos diferentes”, ressalta, acrescentando que n�o se sente diretamente influenciado por esses expoentes das artes pl�sticas no Brasil.

“Quando era bem jovem e nem conhecia Tarsila, fui um dos desenhistas do suplemento ‘Guril�ndia’, do jornal Estado de Minas, e, naquela �poca, meus personagens j� tinham essas caracter�sticas – p� grande, m�o grande.”

Assim que a exposi��o no TJMG for encerrada, no pr�ximo dia 20, Nunes deve iniciar a pintura de um novo painel em uma parede com 30 metros de comprimento no TJMG.  

Heleno Nunes
Exposi��o de painel e quadros, no hall do edif�cio-sede do TJMG (Av. Afonso Pena, 4.001, Serra). As visitas podem ser feitas de segunda a sexta, das 8h �s 18h, at� 20/10. Entrada franca.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)