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Estado de Minas LIVRO/LAN�AMENTO

Livro conta a hist�ria de mulher que d� guinada na vida na pandemia

Em 'A lua no terreiro', de Maria Dolores, executiva troca S�o Paulo pelo interior de Minas Gerais quando a crise sanit�ria desafia o mundo a se repensar


11/10/2021 04:00 - atualizado 11/10/2021 08:07

A jornalista e escritora Maria Dolores
Maria Dolores diz que pandemia a fez buscar "o lado de fora", durante o confinamento social, e voltar a escrever (foto: Penalux/reprodu��o)

"Quando a gente muda tudo de uma hora para outra, geralmente motivada por um fator externo maior como a pandemia, janelas antes fechadas se abrem"

Maria Dolores, jornalista e escritora


Voc� pensa em mudar de vida diante desta traum�tica pandemia ? Beatriz, personagem de “ A lua no terreiro ” (Penalux), livro da jornalista Maria Dolores , criou coragem e chutou o balde, como se diz. Mudou-se com os dois filhos pequenos para um s�tio no interior de Minas Gerais, abandonou a bem-sucedida carreira de executiva, trocou o apartamento em S�o Paulo pelo mundo id�lico (mas nem tanto) das casas de t�buas corridas, fog�es a lenha, galinheiros e tachos de goiabada.

P�ssima cozinheira e mais afeita a “startups unic�rnio”, aprendeu a fazer p�o de queijo. M�e protocolar, aproximou-se das crian�as. Workaholic convicta, a ponto de sacrificar um casamento est�vel em prol da carreira, passou a varrer, lavar banheiro e fazer a sesta. Quarentona rec�m-divorciada, finalmente compreende que � totalmente respons�vel por tudo o que deu errado em sua vida.

CAOS 

“A pandemia atingiu todo mundo, mas foi um caos para as mulheres. Principalmente, ouso dizer, para aquelas que trabalhavam fora e tinham filhos em idades que demandam cuidado”, afirma Maria Dolores. “Uma coisa � home office em tempos normais. Bem diferente � ter que trabalhar em casa com as crian�as, lidando com as demandas do trabalho, dos filhos, da casa, a estressante aula on-line. Tudo isso sem colocar o p� na rua. � completamente exaustivo.”

Nesta era do “novo normal”, a Beatriz do romance fica desnorteada ao estabelecer outra rela��o com o tempo. Maria Dolores confessa: tamb�m n�o soube o que fazer com ele. “Era tanto tempo dispon�vel que eu nem conseguia acreditar.”

A autora mineira n�o se incomodou em escrever sua hist�ria no calor deste momento mundial impactante, enquanto outros autores defendem o distanciamento, recusando o desafio de criar em meio ao “aqui e agora”.

“Tinha lan�ado dois livros e colaborei por muito tempo para jornais e revistas, mas depois acabei seguindo pela �rea de produ��o cultural. Deixei de lado a escrita. Com a pandemia, voltei a escrever. Primeiro, cr�nicas que mandava para a fam�lia. Quanto mais escrevia, mais eu me divertia”, revela.

At� o coronav�rus chegar, Maria Dolores organizava eventos em v�rias regi�es do Brasil. Em mar�o de 2020, preparava quatro concertos de Zez� Di Camargo e Luciano com orquestra, festival de blues e jazz em oito capitais e um encontro de m�sica e gastronomia. “Tudo parou”, relembra.

O novo romance surgiu num dia prosaico – sentada, descascando laranja, pensando na vida e nos desafios da pandemia, achou que aquelas reflex�es dariam um livro.

“N�o queria analisar, s� queria contar uma hist�ria”, diz a autora de “Travessia – A vida de Milton Nascimento” (Record), biografia lan�ada em 2006, e do volume de cr�nicas “M�e de dois” (Civiliza��o Brasileira, 2011), que re�ne textos de seu blog.

Depois de quase enlouquecer ao se ver confinada com os tr�s filhos e o marido num apartamento pequeno em S�o Paulo, ela “chutou o balde”, assim como Beatriz. “Fui com a fam�lia para o interior, no Sul de Minas, em busca do t�o almejado 'lado de fora'. Esse movimento, essa fuga, e a consequente descoberta do novo me fizeram sentir vontade de escrever”, revela.
“Quando a gente muda tudo de uma hora para outra, geralmente motivada por um fator externo maior como a pandemia, janelas antes fechadas se abrem. A mudan�a � oportunidade para repensar a vida, as prioridades”, observa Maria Dolores.

AMOR 

Um n�cleo da trama de “A lua no terreiro” � formada por Beatriz, o ex-marido e os dois filhos. O outro eixo aborda a hist�ria de Mundinho e Domingos, idosos que vivem um amor proibido.

“Sempre me encantei pelas pessoas mais velhas. Desde pequena. Tenho muitos amigos acima dos 70 anos, meu melhor amigo tem 82. Queria trazer um pouco desse universo”, revela Maria Dolores.

“Nossa sociedade d� muito pouco valor aos idosos, deveria ser o contr�rio. Eles n�o s�o pe�as de museu, t�m hist�rias de vida incr�veis. T�m muito a nos ensinar, podem ser excelentes e divertidas companhias. Um dos personagens foi, em parte, inspirado em um tio tatarav� meu muito querido.”

Inicialmente, Mundinho e Domingos eram s� bons amigos. “Engra�ado como os personagens v�o criando vida e seu pr�prio caminho, sem a gente ter pensado naquilo. Ao fazer essa mudan�a, lembrei-me das v�rias hist�rias que ouvi das pessoas mais velhas, sobre tudo o que queriam ter sido e n�o foram, os sonhos n�o realizados, amores proibidos, o preconceito experimentado em sil�ncio, os tabus em rela��o � sexualidade”, diz.

Depois de contar a hist�ria de Beatriz, Mundinho e Domingos, Maria Dolores j� pensa em novo romance. Na verdade, virou “workaholic pand�mica”. “Num dia de desespero por ficar s� cuidando de casa, crian�a e trabalho, me matriculei na p�s-gradua��o e estou terminando, embora antes nunca quisesse fazer p�s-gradua��o. Fiquei quase seis meses num s�tio, eu que nunca gostei do campo, e temos ido sempre para l�. Arrumamos dois cachorros, mas nunca quis ter cachorro”, enumera.

N�o acabou: depois de 15 anos parada, Beatriz, digo, Maria Dolores, voltou a fazer atividades f�sicas. E ainda deu tempo de concluir o livro caseiro de mem�rias de inf�ncia para dar de presente � fam�lia no Natal.
'A LUA NO TERREIRO'

“A LUA NO TERREIRO”
Romance de Maria Dolores
Penalux
234 p�ginas
R$ 44 e R$ 9,90 (e-book)


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