Feira de Tiradentes tem 50 convidados e lan�amento de livro de Carpinejar

Com uma programa��o que inclui lan�amentos de livros, debates, espet�culos musicais e oficinas, tem in�cio nesta quinta-feira (14/10) a segunda edi��o da Feira Liter�ria de Tiradentes (FLITI), que, at� o pr�ximo domingo (17/10), vai ocupar diferentes espa�os da cidade hist�rica mineira. 

Com um foco grande na produ��o infrantojuvenil e uma aten��o especial para a ilustra��o, o evento deste ano tem como homenageados a escritora mineira Paula Pimenta e o escritor e ilustrador brasiliense Roger Mello. Ele foi o vencedor do pr�mio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da ilustra��o, em 2014.

Al�m dos homenageados, cerca de outros 50 convidados estar�o presentes na 2ª FLITI, entre eles Olavo Romano, Jo�o Pedro Portinari Le�o, J�lia Medeiros, Mariana Massarani e Fabr�cio Capinejar, que lan�a, dentro da programa��o, seu novo livro, “Depois � nunca”. 

No primeiro dia da Feira, logo ap�s a cerim�nia de abertura e das boas-vindas que a escritora Thalita Rebou�as dar�, em participa��o on-line, ao p�blico, Roger Mello participa de um bate-papo, com medi��o de Volnei Can�nica, a partir do tema “O pensamento e o tra�o: a arte narrativa no mundo”.

J� Paula Pimenta encontra o p�blico no s�bado, para falar sobre o tema “Dos livros para as telas”, em que conta sua experi�ncia com as adapta��es cinematogr�ficas de “Cinderela pop”, em 2018, e, agora, de “Fazendo meu filme”, que acaba de ser rodado e tem previs�o de estreia para o primeiro semestre do pr�ximo ano.

Idealizadora da FLITI, Cristina Figueiredo destaca que essa segunda edi��o chega maior e mais diversificada que a primeira, mas sem perder o car�ter intimista que ela considera que deva ser uma marca registrada do evento. “Fui diretora da Biblioteca Nacional, conhe�o muita gente do meio, ent�o acaba que um autor indica o outro”, diz, sobre o que orienta a montagem da programa��o. 

 “� uma feira pequena, intimista, ent�o funciona meio como uma grande reuni�o de amigos. Ela est� aumentando, mas em perder sua ess�ncia, que � ser um grande bate-papo sobre literatura”, diz, acrescentando que, al�m dos convidados, a FLITI conta, este ano, com a presen�a de 16 editoras que estar�o vendendo seus t�tulos a pre�os promocionais.

Realizada de forma presencial em agosto do ano passado, num momento em que os �ndices de transmiss�o da COVID-19 permitiam, a primeira edi��o da feira recebeu cerca de 3.600 pessoas, seguindo todos os protocolos do Programa Minas Consciente. Cristina aponta que esse ano n�o ser� diferente.

“O protocolo vai ser exatamente igual ao do ano passado, com m�scaras distribu�das gratuitamente, aferi��o de temperatura e contagem do n�mero de pessoas nos espa�os de realiza��o da Feira”, aponta.

 Novamente ocupando o gramado do Sant�ssimo Resort, a 2ª FLITI dobrou de tamanho, segundo sua idealizadora, ocupando tamb�m o Largo das Merc�s e o Museu da Liturgia, no centro hist�rico.  O gramado do Sant�ssimo Resort abriga a estrutura central da Feira. No local ser�o instalados os 16 stands de editoras e uma tenda denominada Arena Liter�ria, onde ser�o realizadas as programa��es de lan�amentos, encontros com os autores, oficinas, ciclos de palestras e apresenta��es culturais.

No Largo das Merc�s, o �nibus-Biblioteca FLITI ficar� estacionado durante os quatro dias do evento, como aconteceu no ano passado. A diferen�a, de acordo com Cristina, � que, nestes dias que antecedem o in�cio da Feira, a biblioteca sobre rodas est� visitando diversas escolas municipais de Tiradentes com um acervo de 2 mil livros. 

Assim, atrav�s dessas visitas, o ve�culo funciona como um espa�o de leitura e empr�stimos gratuitos de livros para os alunos da rede p�blica de ensino e para os moradores da regi�o. “No ano passado n�o foi poss�vel fazer esse circuito porque as escolas estavam fechadas em fun��o da pandemia”, diz.?   

O jardim do Museu da Liturgia, por sua vez, receber� a Roda Ilustrada, um movimento que valoriza a ilustra��o e o projeto gr�fico como elementos dial�gicos junto � narrativa verbal. A roda em espiral do jardim inspira este movimento. Nessa seara da arte gr�fica, Cristina destaca o que considera um dos pontos altos da programa��o: a mesa dos ilustradores, que, sob o tema "Os labirintos da imagem", vai reunir Roger Mello, Andr� Neves, Guto Lins, Mariana Massarani e Rui de Oliveira.

“A (idealizadora da FLITI) Cristina (Figueiredo) resolveu dar uma �nfase. Essa edi��o da Feira d� a import�ncia devida � imagem narrativa e ao design tamb�m. Desde o c�dice maia ou os papiros eg�pcios, o livro � um objeto narrativo central da palavra e da imagem. Este ano a FLITI conta com a presen�a de v�rias ilustradoras e ilustradores, num contexto em que a produ��o narrativa visual do Brasil est� em destaque, ent�o ser um dos homenageados � muito importante, uma honra”, diz Roger Mello, que n�o s� � o �nico brasileiro a ter recebido o pr�mio Hans Christian Andersen, como foi o primeiro ilustrador da Am�rica Latina a merecer tal l�urea.

Com dois livros sendo relan�ados dentro da programa��o da 2ª FLITI, “Clarice” e “Enreduana”, ele adianta o que pretende abordar no bate-papo de que participa, amanh�, destacando o livro como um objeto n�made que, desde sua g�nese, � a casa da palavra e da imagem. 

“A partir desse tema, ‘O pensamento e o tra�o: a arte narrativa no mundo’, vou falar de dois momentos: o livro ancestral, em que as pessoas precisavam ir at� os originais, e o livro feito em s�rie, a partir de um chin�s chamado Bi Sheng (990-1051), que antecipa 400 anos o advento do tipo m�vel de Gutenberg. Na verdade, o criador do tipo m�vel � esse chin�s. Vamos falar um pouco desse hist�rico, mas o tempo todo dialogando com a produ��o contempor�nea, no Brasil e no mundo”, aponta.

Sobre o atual cen�rio da ilustra��o no Brasil, ele acredita que se mostra s�lido, amplo e diversificado. Mello considera que o pr�prio pr�mio Hans Christian Andersen que recebeu foi, na verdade, um pr�mio para o Brasil e para a Am�rica Latina. 

“A produ��o narrativa visual no Brasil � bastante forte, vem de muitas refer�ncias importantes, Poti, Ziraldo, Santa Rosa, Caryb�, passando pela gera��o seguinte, com Angela Lago e Ricardo Azevedo, e chegando a esses nomes que est�o representados na Roda Ilustrada, Odilon de Moraes, Andr� Neves, Mariana Massarani e outros.”

A outra homenageada do evento, Paula Pimenta tamb�m enxerga um cen�rio em expans�o quando o assunto � a literatura infrantojuvenil produzida no Brasil atualmente. Ela considera que houve uma �poca, quando come�ou a escrever, no in�cio dos anos 2000, em que as pessoas tinham preconceito com autores nacionais. 

“Era aquele famoso n�o li e n�o gostei”, diz. Paula alude ao comportamento do p�blico e tamb�m ao das editoras, que tinham certa resist�ncia e se pautavam pela ideia de que � mais f�cil pegar um livro que j� � sucesso internacional e traduzir do que apostar num autor brasileiro desconhecido.

“Mas come�aram a perceber que � muito mais legal voc� ler uma hist�ria que se passa no seu pa�s, que te traz elementos familiares. Eu retrato nos meus livros o cotidiano dos jovens atuais, por isso h� identifica��o. As pessoas est�o descobrindo que voc� ler algo que te � familiar � mais gostoso. Percebo que as editoras est�o mais abertas e os leitores tamb�m. O preconceito ainda existe, mas melhorou muito em rela��o h� dez anos, por exemplo”, destaca.

Sobre o bate-papo de que participa no s�bado, “Dos livros para as telas”, ela diz que vai falar de sua pr�pria experi�ncia, sua trajet�ria, como se tornou uma escritora conhecida e como seus livros come�aram a ser adaptados para o cinema. 

“Comecei a escrever sem imaginar que aquilo que eu escrevia pudesse vir a ser publicado, quanto mais virar filme. As pessoas acham que isso acontece por m�gica, fazer o livro virar filme. Vou contar um pouco como cheguei at� aqui e das dificuldades de se fazer essa adapta��o. Gosto da fidelidade, tive um cuidado muito grande durante as filmagens, tanto do ‘Cinderela pop’ quanto do ‘Fazendo meu filme’, para que o resultado ficasse o mais fiel poss�vel”, aponta.

Al�m das presen�as de Roger Mello e de Paula Pimenta, Cristina Figueiredo salienta que a programa��o reserva muitos pontos altos, como o lan�amento do novo livro de Carpinejar, a aula-espet�culo “O livro dos acalantos”, que ser� apresentada no domingo pelo escritor, cantor e contador de hist�rias Jos� Mauro Brant, a homenagem ao centen�rio de Maria Clara Machado, com a presen�a de seu sobrinho, Chico An�bal, num bate-papo sobre a cole��o “Que bicho ser�?”, de �ngelo Machado, que tamb�m � seu tio, e o bate-papo com Jo�o Pedro Portinari Le�o, sobrinho de C�ndido Portinari, que vai falar do ataque de tubar�o que sofreu e que inspirou seu livro “A isca”.

“Outra coisa � que em todos os dias de programa��o teremos grupos e artistas de Tiradentes se apresentando, como a Cia. dos Inventos, o Coral Entre e Vista e, no encerramento, domingo, a banda Ramalho, que celebra 161 anos de tradi��o na cidade hist�rica.”

O �ltimo dia do evento, que ser� mais especificamente dedicado ao p�blico infrantojuvenil, vai contar com lan�amentos de livros de autores mirins, como Maria Fernanda Gon�alves, que apresenta “Bruce: o c�o da minha dindinha”, e Guy Costaneto, com “Em alto mar”. “E, claro, h� um destaque todo especial para os lan�amentos dos ilustradores, o Guto Lins, o Rui de Oliveira, o Andr� Neves e o Volnei Can�nica, entre outros”, aponta Cristina.