
Alocado em ambiente on-line desde o in�cio da pandemia, o Ter�a da Dan�a, que integra a programa��o do Circuito Municipal de Cultura, volta a ser realizado em formato presencial, no Teatro Mar�lia, em Belo Horizonte.
Dan�arino e professor de dan�a, Joel Popper conquistou a oportunidade de se apresentar no Ter�a da Dan�a por ter vencido a 2ª edi��o da Batalha de Dan�as Urbanas, cujo resultado foi divulgado no �ltimo domingo (14/11). Com 2.404 votos do p�blico, ele ficou em primeiro lugar e tamb�m levou para casa um pr�mio em dinheiro.
"Eu ven�o esse concurso representando muitas vozes, no sentido de representatividade mesmo", ele comenta. "Comecei a dan�ar cedo, em casa. Do lugar de onde eu venho, trilhar um caminho na arte � muito dif�cil. Ent�o a vit�ria, nesse caso, se torna muito simb�lica."
Solo
O artista tamb�m comenta que vencer um concurso desses em plena pandemia da COVID-19 tem um gosto diferente e destaca a ajuda financeira que o pr�mio proporciona. "� muito importante. Eu tenho certeza que esse � um dinheiro que vai fazer diferen�a para mim e para os outros tr�s finalistas. O �ltimo ano foi especialmente dif�cil para n�s da classe art�stica. Ent�o s�o iniciativas como essa que nos trazem a sensa��o de que d� para continuar indo em frente", ele afirma.
No palco do Teatro Mar�lia, Joel Popper ir� apresentar o solo "Mandinga e Stance - Um di�logo entre a dan�a de rua e a capoeira". Trata-se de uma apresenta��o curta, com pouco mais de cinco minutos, e desenvolvida na licenciatura em dan�a que ele cursa na UFMG.
"� uma mescla de ritmos urbanos e capoeira", ele explica. "No curso, comecei a pensar um solo e tive a oportunidade de projet�-lo a partir de pesquisas sobre a capoeira e dan�as urbanas contempor�neas. Esse � um solo superatual que, de certa forma, fala sobre racismo. Mas o foco est� na ancestralidade, no corpo negro. � uma forma de explorar o espa�o, mas tamb�m contar uma narrativa com come�o, meio e fim."
P�blico
Segundo o dan�arino e professor, a ideia � que esse solo se torne, no futuro, um espet�culo completo. "Quero juntar uma turma e fazer com que ele cres�a, para se tornar uma pe�a completa. Quero poder circular com ele por Minas Gerais, pelo Brasil e, quem sabe, pelo mundo", ele afirma.
A apresenta��o no Ter�a da Dan�a � a primeira que o artista realiza com a presen�a do p�blico desde o in�cio da pandemia. Portanto, a expectativa � alta, ainda mais porque se trata de um projeto que Joel sempre acompanhou como p�blico.
"Eu considero o Ter�a da Dan�a um ponto de refer�ncia n�o s� para mim, mas para a cidade de Belo Horizonte. Os melhores est�o l� e � uma oportunidade muito boa poder me apresentar no projeto, principalmente nesse contexto de retomada do formato presencial", diz.
A dan�arina e produtora cultural Guid� tamb�m compartilha desse sentimento. Para ela, poder participar do evento em formato presencial significa uma esp�cie de recome�o. "Embora a gente sinta muito pelas milhares de vidas que foram perdidas no �ltimo ano, tamb�m tem uma sensa��o de felicidade em ver que � poss�vel dar continuidade � vida depois de tudo o que a gente passou."
Ao lado de Scheylla Bacellar, J�ssica de Paula e Vic Alves, ela ser� respons�vel por discutir o conceito de dan�as urbanas e como esse estilo tem encontrado ades�o e valoriza��o, principalmente na capital mineira.
"A nossa ideia � refletir sobre como est� a quest�o das dan�as urbanas em Belo Horizonte e tamb�m mostrar como esse cen�rio funciona. H� pouco tempo, esse tipo de manifesta��o cultural n�o era t�o rico em Minas Gerais. Hoje em dia, � um campo das artes c�nicas que cresceu muito e � marcado pelo protagonismo feminino", ela diz.
As dan�as urbanas s�o uma esp�cie de evolu��o das dan�as que foram criadas nas ruas. Considera-se que possuem uma matriz africana muito forte, na medida em que os movimentos a elas associados tamb�m aparecem em dan�as criadas em pa�ses africanos, por isso elas s�o chamadas de afro-diasp�ricas. Elas podem ocorrer em ruas, blocos, parques, locais abertos e clubes.
Mentalidade
Durante muito tempo, esse estilo de dan�a era muito forte no eixo Rio-S�o Paulo. Aos poucos, Belo Horizonte ocupou seu espa�o e hoje � considerada uma pot�ncia para esse tipo de manifesta��o art�stica. Guid� explica que a inser��o da capital mineira no mapa nacional das dan�as urbanas reflete uma mudan�a de mentalidade dos pr�prios artistas mineiros.
"Os artistas daqui come�aram a entender que a dan�a n�o tem lugar s� nas ruas ou na periferia. � um tipo de arte que gera renda; muita gente consegue viver disso. Passamos a entender que as dan�as urbanas trazem v�rias oportunidades de empreendimento. Elas geram movimento, geram renda e geram desenvolvimento", ela afirma.
Esse ser� um dos assuntos abordados no debate, cujo objetivo, segundo Guid�, � "refor�ar a valoriza��o dos artistas, principalmente os locais". "Quais s�o as a��es que n�s podemos criar como coletivo? Quais as necessidades de cada grupo? S�o quest�es como essas que ajudar�o a nortear o nosso debate. A cultura hip hop prega que n�s temos que nos conectar mais e criar a��es em conjunto. A fun��o desse encontro � gerar reflex�es em torno disso", ela diz.
Ter�a da Dan�a
Nesta ter�a-feira (16/11), �s 19h, no Teatro Mar�lia (Av. Prof. Alfredo Balena, 586, Santa Efig�nia). Entrada gratuita, com retirada de ingressos por meio da plataforma
Diskingressos
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Festival de dan�a de sal�o

No pr�ximo s�bado (20/11), Minas Gerais ganha um festival dedicado � dan�a de sal�o. Trata-se do 1º Festival Noh - Minas Dan�a a Dois, evento on-line idealizado pelo educador e pesquisador Guilherme Veras. A programa��o inclui entrevistas e aulas que, ao todo, somam 22 atividades gratuitas que abordam temas contempor�neos, como os pap�is de g�nero, a negritude e o protagonismo das mulheres na dan�a.
Entre os professores e palestrantes convidados est�o Jomar Mesquita, fundador e diretor art�stico da Mimulus Cia de Dan�a; e Mauro Fernandes, um dos principais jurados de dan�a de sal�o no pa�s, com participa��es em programas de TV como o "Dan�a dos famosos”, da Globo, e o “Se ela dan�a eu dan�o”, do SBT.
O evento tamb�m contar� com a presen�a da bailarina Fabiana Dias, que apresentar� sua pesquisa sobre binarismo de g�nero e heteronormatividade no universo da dan�a de sal�o, a partir de reflex�es sobre o machismo e o colonialismo.
Nessa mesma linha, com abordagem feminista sobre os pap�is de g�nero, a professora de dan�a de sal�o Luiza Machado debate pesquisas sobre negritude e higieniza��o da dan�a de sal�o, gordofobia e imposi��es de padr�es de imagem e de hierarquia de g�nero.
Previamente gravadas e editadas, todas as aulas e entrevistas que comp�em a programa��o do Noh! ser�o disponibilizados simultaneamente, no dia 20 de novembro, �s 17h, no site
www.noh.art.br
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1º Festival Noh! - Minas Dan�a a Dois
S�bado (20/11), �s 17h, no site
www.noh.art.br
. Gratuito, com inscri��o pr�via pelo site. Mais informa��es:
www.noh.art.br
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