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Estado de Minas M�SICA

Fagner e Renato Teixeira celebram sua velha amizade com uma nova parceria

O cearense e o paulista preparam para 2022 o lan�amento de "Naturezas", que ter� oito m�sicas in�ditas e a regrava��o de sucessos de ambos


16/11/2021 06:00 - atualizado 16/11/2021 09:08

Fagner sorri e segura um violão. Na foto ao lado, Renato Teixeira também posa com um violão
Amigos de longa data, Fagner e Renato Teixeira preparam para 2022 o seu primeiro �lbum conjunto, "Naturezas", que ter� oito m�sicas in�ditas e a regrava��o de sucessos de ambos (foto: Jorge Bispo/Divulga��o/Eduardo Galeno/Divulga��o)


Em um est�dio na produtora Kuarup, em S�o Paulo, Raimundo Fagner e Renato Teixeira brincam com a pron�ncia da palavra "porque", que abre uma das estrofes de “Rastros da paix�o”. Trata-se de uma das oito m�sicas in�ditas que os dois compuseram para o �lbum “Naturezas”, o primeiro que fazem juntos, com lan�amento previsto para mar�o de 2022.

Fagner � de Or�s, no sert�o cearense. Teixeira, de Santos, onde morou at� os 2 anos, mas foi criado em Taubat�, no interior de S�o Paulo, onde come�ou a fazer m�sica. Portanto, � natural que Teixeira puxe a pron�ncia do erre. Longe de qualquer bairrismo, o momento de descontra��o - acompanhado pela reportagem no �ltimo dia 9/11 - revela uma amizade de longa data, que come�ou no lugar em que agora eles colocam as vozes nas can��es que selam essa parceria.

O �lbum “Naturezas”, que Fagner e Teixeira gravam juntos, celebra uma amizade que j� soma quase 50 anos. E mais: traz uma s�rie de incr�veis coincid�ncias que envolvem o est�dio onde a produ��o est� sendo feita.

Nos anos 1970 e 1980, Teixeira morou com a fam�lia na casa onde agora funciona a produtora Kuarup. E foi nela que, em 1977, comp�s “Romaria”, can��o sertaneja, ou melhor, caipira, que ele entregou � cantora Elis Regina e virou um dos maiores �xitos de sua carreira.

No c�modo em que o est�dio est� instalado, e que recebeu o nome de Renato Teixeira depois que o dono da produtora, Alcides Ferreira, soube desse fato, o compositor tinha tamb�m um pequeno espa�o de m�sica, com um gravador de rolo, uma cole��o de discos de 78 rota��es e um laborat�rio para revelar fotografias.

Foi nele que, em 1972, ele recebeu Fagner, ap�s a indica��o de um amigo em comum. O cearense trazia debaixo do bra�o a fita do que seria o seu primeiro LP da carreira, o hoje cl�ssico “Manera Fru Fru, manera”, produzido por Roberto Menescal, com arranjos de Lu�s Carlos Ramos e Ivan Lins.

Participa��es

Nesse disco, h� can��es como “Mucuripe” e “Moto I”, ambas em parceria com o conterr�neo Belchior, outro que estava em busca de um lugar ao sol do Sul do pa�s, e “Canteiros”, feita a partir de poema de Cec�lia Meireles. Entre as participa��es especiais, a cantora Nara Le�o, o percussionista Nan� Vasconcelos e o baixista americano Bruce Henry. Uma turma de peso.

"Nossa gera��o, quando fazia algo, tinha certeza de que era bom. Minha lembran�a era de estar ouvindo algo muito surpreendente", diz Renato, sobre aquele dia. "Eu gravei o disco no Rio, mas vim a S�o Paulo para uma apresenta��o na TV Cultura. A gravadora estava esperando o momento certo de lan��-lo, pois eu ainda n�o era conhecido", completa Fagner.

Para exemplificar o que fala sobre seus conterr�neos, Teixeira volta ainda mais no tempo. Em 1967, quando participou do 3º Festival de M�sica Popular Brasileira da TV Record, com a can��o “Dad� Maria”, cantada pela ent�o iniciante Gal Gosta em parceria com Silvio C�sar.

Em um dos intervalos dos ensaios, foi at� o bar ao lado do Teatro Record, em S�o Paulo, e viu um sujeito com "cara de soldado do Ex�rcito". "Eu tinha servido no Ex�rcito e o vi l�. Era um peixe fora d’�gua. Perguntei se ele era soldado. Ele respondeu: n�o, eu era sargento, mas acabei de dar baixa. Era o Martinho da Vila. E a� cantava aqueles sambas maravilhosos. Foi o mesmo impacto de quando ouvi Fagner e Belchior depois. Algo estranho e diferente", afirma.

Conex�o

As interse��es das carreiras de Teixeira e Fagner n�o param por a�. A primeira grava��o de import�ncia do paulista foi de Roberto Carlos, a can��o “Madrasta”, parceria com Beto Ruschell, em 1968. Fagner tamb�m fisgou o rei com a can��o “Mucuripe”, em 1975. Antes, Elis Regina a registrou em disco de 1972. "Mas quem deu impulso para a m�sica foi o Roberto. A grava��o de Elis era muito intimista. N�o rolou", diz Fagner.

“Mucuripe”, ali�s, � uma das que foram gravadas por Fagner e Teixeira para o disco “Naturezas”. De dentro do aqu�rio do est�dio - sala ac�stica onde se gravam as vozes -, o cantor cearense ouve a reportagem perguntar se o paulista canta na faixa. "Canta, mas n�o sabemos ainda se vai entrar", responde, de pronto.

Mais tarde, fora do est�dio, ele explica a incerteza. "O Renato � apaixonado pela m�sica, mas ela n�o tem a ver com esse �lbum. Quero que esse trabalho seja algo nosso mesmo."

“Tocando em Frente”, sucesso de Teixeira em parceria com Almir Sater, tamb�m est� gravada. Tanto que ser� lan�ada no pr�ximo m�s, como primeiro single do �lbum. A gravadora quer aproveitar o gancho dos 30 anos da can��o. O arranjo da faixa coube a Natan Marques.


Letras e melodias

Renato Teixeira, depois de d�cadas morando na Serra da Cantareira, pr�ximo a S�o Paulo, agora vive nos Jardins. Fagner, desde sempre, divide seu tempo entre o Rio de Janeiro e Fortaleza. Para compor as can��es do disco, os dois usaram um aplicativo de mensagens e a qualquer hora que a inspira��o chegasse, eles trocavam arquivos de voz.

Teixeira se deixou guiar pelas melodias de Fagner. "O cara � o melodista de ‘Mucuripe’, o que mais posso dizer? Sempre fui ligado na melodia e por ela eu identifico as palavras. Nas letras, h� um pouco de reflex�o social, filos�fica e po�tica. Eu n�o vou muito pelo ‘eu te amo, quero voc�, vou morrer por voc�’. Prefiro fazer algo mais complexo", conta. "Renato � r�pido", completa Fagner.

Na faixa “Arte e poesia”, a reflex�o passa pela constata��o de novos tempos. "Pois tudo muda com o passar do tempo. Tudo vai, n�o tente ir atr�s", diz a letra. A reportagem questiona, ent�o, se eles n�o sentem falta de serem gravados por outros int�rpretes, como no passado.

"Hoje, n�s somos os grandes", observa Teixeira. "Esse disco est� muito bonito. Tem hist�ria. O mercado precisava de algo assim. E n�o � um disco regional. Nossa m�sica continua sendo paulista e nordestina, a� est�o nossas naturezas. Mas � uma m�sica popular nacional, que sempre foi grande."

Entre as oito in�ditas de “Naturezas”, a �nica em que h� outros parceiros � “Eu s� quero ser feliz”, na qual constam os nomes de Ant�nio Adolfo e Fausto Nilo.

Para amarrar ainda mais os la�os, a capa foi entregue a Elifas Andreato, respons�vel por ilustrar discos de Martinho, Clementina de Jesus, Clara Nunes, Toquinho e Vinicius, Paulinho da Viola, entre outros. Nela, os perfis de Fagner e Teixeira aparecem em meio a uma colorida representa��o da natureza.  


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