
“O festival nasceu com o prop�sito de promover reflex�es, por meio da arte, sobre temas que julgamos importantes para a sociedade contempor�nea. �gua � elemento vital, intr�nseco a tudo o que a gente faz. Todos n�s somos �gua, nosso corpo � 70% constitu�do de �gua”, afirma Gustavo Carvalho, curador e diretor art�stico do evento.
HIST�RIA
De acordo com ele, o tema permite uma reflex�o sobre a pr�pria hist�ria do Brasil. “A minera��o afeta diretamente a �gua. Falar disso no estado de Minas Gerais, que nasceu a partir da a��o humana bastante degradante, nos parece muito importante, sobretudo, porque a pr�pria cidade de Tiradentes floresceu a partir do extrativismo mineral. A �gua pode ser ferramenta muito potente para promover a transforma��o das rela��es humanas com o meio ambiente”, ressalta Carvalho.
''Este momento de reabertura cultural � tamb�m momento de resist�ncia muito grande diante do cen�rio cr�tico com o qual a cultura vem sendo confrontada no Brasil. Isso s� foi agravado na pandemia''
Gustavo Carvalho, curador
Diferentemente de 2020, a agenda ser� presencial, seguindo os protocolos sanit�rios, em duas etapas: de amanh� a 5 de dezembro e de 10 a 20 de fevereiro de 2022. A programa��o musical e o ciclo de debates ser�o disponibilizados gratuitamente pela internet.
“Este momento de reabertura cultural � tamb�m momento de resist�ncia muito grande diante do cen�rio cr�tico com o qual a cultura vem sendo confrontada no Brasil. Isso s� foi agravado na pandemia”, afirma o curador. “Hoje, qualquer festival representa a possibilidade de constru��o de um pa�s.”
A abertura, na quinta � noite, ser� o concerto de piano a quatro m�os de Cristian Budu e Gustavo Carvalho. O repert�rio � dedicado a tr�s compositores que nasceram em cidades � margem do Rio Dan�bio: Mozart, Schubert e Brahms. As �guas do Dan�bio percorrem nove pa�ses europeus.
Em fevereiro, Budu volta a Tiradentes para concertos de c�mera. A segunda parte da programa��o inclui 16 recitais com repert�rio cl�ssico e quatro com a chamada “m�sica do mundo”.
Nesta quinta-feira, ser� aberta a exposi��o “Brasil, Hy-Brasil”, do artista visual Eduardo Hargreaves, no Centro Cultural Yves Alves. Os trabalhos tamb�m remetem � �gua e ao meio ambiente.
“Ele prop�e o tr�nsito entre as paisagens reais, que em Minas Gerais s�o completamente confrontadas com o universo da minera��o, e aquelas que, mesmo desconstru�das pela a��o agressiva do ser humano, continuam em nossa mem�ria”, observa o curador.
A programa��o presencial marca o retorno das resid�ncias art�sticas a Tiradentes, motivo de orgulho para Carvalho. “O festival � justamente o lugar do fomento da arte contempor�nea. Existe um elemento de inc�gnita (nas resid�ncias), porque algo s� vai acontecer ali a partir de uma viv�ncia. O encontro do patrim�nio imaterial com a bagagem cultural de cada artista � muito enriquecedora”, aponta Gustavo Carvalho.
RESID�NCIAS
Abordando fauna, flora e cursos fluviais, quatro resid�ncias ser�o realizadas nesta primeira etapa, conduzidas por Nelson Cruz (ilustrador), Marilda Castanha (ilustradora), Mari Mel (ceramista) e Rick Rodrigues (artista pl�stico).
O resultado dessas imers�es poder� ser visto em fevereiro, per�odo que coincide com o centen�rio da Semana de Arte Moderna de 1922. A 10ª edi��o do festival � dedicada a Barbara Freitag, soci�loga, e S�rgio Paulo Rouanet, diplomata e idealizador da lei federal de incentivo � cultura. O casal criou um centro cultural com sede no casar�o da fam�lia em Tiradentes.
* Estagi�rio sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria