BADSISTA traduz a 'frita��o' das pistas em 'Gueto elegance'

O disco "Gueto elegance", que a produtora e DJ BADSISTA (nome art�stico de Rafaela Andrade) lan�a nas plataformas digitais nesta sexta-feira (26/11), consagra uma carreira que n�o come�ou agora. Parceira de artistas como as cantoras Linn da Quebrada e Jup do Bairro, a artista paulistana al�a voo solo para continuar dando vaz�o �s experimenta��es sonoras que fizeram sua cabe�a nos �ltimos cinco anos.

Ela considera que foi em 2016, depois de lan�ar o EP "Bad sista", que sua percep��o da m�sica come�ou a mudar. Depois de trabalhar junto com a cantora e compositora Lei Di Dai, BADSISTA sentiu vontade de explorar novos estilos e abordagens musicais, sem necessariamente estar associada a outros artistas, como de h�bito.

"Nesse per�odo, eu tive um contato muito intenso com a m�sica jamaicana. Foi quando meus ouvidos passaram a sentir o novo, at� as m�sicas mais antigas tinham seu frescor. Mas eu considero que este disco come�ou de forma muito natural. Eu n�o parei e pensei 'vou fazer um �lbum'. Quando vi, ele j� estava ganhando forma", ela conta.

Apesar de ser um disco assinado por ela, muito do que est� nele nasceu da colabora��o com outros artistas. N�o � toa, oito das 12 faixas do registro contam com convidados variados, como Cronista do Morro (em "Badida"), MC Yallah ("Farse"), Jup do Bairro ("Chega nas ideia"), Rey Sapienz e Lord Spikeheart ("Soca"), RHR ("Na pista"), Lari Bxd ("A braba do jaca"), Ashira ("Sem compromisso") e Ventura Profana ("Hoje eu quero brilhar").

CONEX�O

"Essas participa��es foram surgindo independentemente do disco rolar ou n�o. N�s conseguimos criar uma conex�o muito maluca, principalmente no �ltimo ano, com todo mundo trancado em casa. O fato de serem pessoas de v�rios lugares diferentes s� acrescenta. Trabalhar com outras pessoas � um grande combust�vel para o meu trabalho", ela afirma.

Mas o trabalho tamb�m conta com faixas em que BADSISTA brilha sozinha, como � o caso de "Chora na minha frente", "VSNF", "Amor que n�o posso inventar" e a derradeira "Sem dar tchau".

Musicalmente, n�o se trata de um trabalho de pista, como muita gente poderia esperar de um disco de uma DJ. Na verdade, "Gueto elegance" � constitu�do de camadas eletr�nicas que n�o necessariamente colocam para dan�ar.

"Eu tive muita influ�ncia de m�sica pop, ao mesmo tempo em que fiquei bastante vidrada com UK garage, dancehall, miami bass. Tentei colocar tudo isso no disco de forma mais quebrada. Talvez as pessoas se decepcionem por n�o encontrar funk ou a vibe 'pistona', mas desta vez eu estou indo por onde n�o fui ainda", ela explica.

Essa inten��o tamb�m est� traduzida no t�tulo do disco. Ao batiz�-lo de "Gueto elegance", BADSISTA faz refer�ncia � sua pr�pria "quebrada", como ela diz, mas tamb�m � forma como o trabalho foi feito, de forma independente e caseira. Isso d� conta de explicar o "gueto". J� o "elegance" est� no jeito como ela procurou dar uma abordagem sofisticada e elegante para a sonoridade do disco.

"Procurei fazer um som que fosse bonito e elegante, que fosse diferente para mim mesma em tudo que eu j� havia feito e superasse tudo o que eu j� havia visto, deixando a frita��o s� pela frita��o um pouco de lado para falar sobre as sensa��es que a frita��o proporciona... O tes�o, as cenas que se criam a partir da pista, antes, durante e depois dela. Queria traduzir o que se passa nesse ambiente”, diz.

Com isso, ela procura tamb�m "abrir espa�o na vanguarda contando hist�rias aut�nticas cotidianas para quem frequenta a pista e apresentar esse contexto para quem n�o o conhece".

Produtora dos discos "Trava l�nguas" (2021) e "Pajub�" (2017), de Linn da Quebrada, e do EP "Corpo sem ju�zo" (2020), de Jup do Bairro, BADSISTA tamb�m j� esteve por tr�s da produ��o de m�sicas lan�adas por artistas brasileiros como Jaloo, Deize Tigrona e Mahmundi, e da norte-americana Kelela.

Segundo ela, o lan�amento do �lbum n�o significa o fim de seu trabalho como produtora. "Se eu deixar de produzir, n�o sei o que acontece. Fazer m�sica � o meu g�s e fazer m�sica com outras pessoas � uma parte muito importante do meu trabalho. Agora eu estou mais interessada em assinar a dire��o musical do que produzir propriamente. Eu me sinto muito lisonjeada em receber convites", ela diz.

Sobre o seu trabalho com outros artistas, ela diz ainda: "Eu nem me considero uma beatmaker. Quando eu produzo com algum artista, eu dou um toque na letra e no flow. Gosto de pensar junto com quem estou produzindo e abrir m�o do ego em prol da obra".

• De Badsista

• 12 faixas

• Independente

• Dispon�vel nas plataformas digitais a partir desta sexta (26/11)