Thiago Delegado faz hoje show como cantor com a 'madrinha' Fernanda Takai

A faixa-t�tulo “� um bolero muito bonito, que Gisele Couto at� j� tinha gravado no disco mais recente dela”, comenta Delegado. Ele decidiu dar ao �lbum o nome de “Detalhes guardados” por achar que a express�o traduz bem o processo que originou o trabalho. 

“Al�m de as m�sicas estarem em meu ba� de can��es, essa coisa de cantar tamb�m � um detalhe da minha hist�ria e da minha carreira que deixei guardado at� este momento e agora resolvi soltar para todo mundo.”

O primeiro “empurr�ozinho” para tornar p�blica a faceta de cantor veio de Fernanda Takai, conforme conta o instrumentista. “Quando fui convidado para ser violonista da Fernanda no show ‘O Tom da Takai’, n�o fui para ser somente instrumentista, mas tamb�m para interpretar as m�sicas que Roberto Menescal e Marcos Valle cantam no disco hom�nimo, em dueto com ela”, conta Delegado.

“Fernanda falou: ‘Voc� canta tamb�m’. E topei. At� gosto de brincar que ela � a minha madrinha. Isso porque a turma do samba tem esse neg�cio de padrinho e madrinha. Ent�o considero-a como minha madrinha, pois foi ela quem me colocou para cantar em seu show, inclusive junto com a Orquestra Ouro Preto.”

Delegado se apresentou diversas vezes ao lado da vocalista do Pato Fu e da Orquestra Ouro Preto, mas o que destravou definitivamente seu lado cantor foram as lives que ele promoveu durante o momento mais agudo da pandemia, transferindo para o ambiente virtual o formato de sua roda de samba batizada de DelegasCia. “Antes da pandemia, o projeto era realizado semanalmente, �s quintas-feiras, na Casa de Cultura, come�ando � meia-noite e prosseguindo at� as 3h30”, lembra o m�sico.  

“Por mais generoso que fosse o meu repert�rio de viol�o solo, ficar quatro horas em frente ao celular, tocando e solando o instrumento, seria ma�ant”, ele admite. “Foi a� que comecei a cantar tamb�m e a interpretar o repert�rio de Chico Buarque, por exemplo. Fiz uma noite especial dedicada a ele e outras a Aldir Blanc e a Gilberto Gil. Fui cantando, e aquilo foi ficando natural para mim”, conta.

Entre as 11 can��es de “Detalhes guardados”, 10 t�m a assinatura de Thiago Delegado e uma (“Foi como eu sempre quis”) foi composta especialmente para ele por seu pai, Wilson Franco, quando o violonista se mudou de Caratinga para Belo Horizonte.

Inspirado nos discos das d�cadas de 1970 e 1980, principalmente em trabalhos de Djavan, Chico Buarque e Gilberto Gil, “Detalhes guardados”, de acordo com Thiago Delegado, “traz um pouco daquela sonoridade bem verdadeira, com a gente gravando junto”. 

Ele diz que o �lbum “tem, obviamente, o samba como linha condutora principal, porque � de onde venho, a minha assinatura, a minha casa, mas tem bolero, samba-can��o, m�sica mineira. Gosto de dizer que � um disco de m�sica brasileira”.

A MPB soa forte em can��es como a que d� nome ao disco, assim como em “A tecel�” e “Chame o amor”, esta �ltima com a participa��o de Fernanda Takai. O acompanhamento ficou por conta de Alo�zio Horta (baixo), Christiano Caldas (piano) e Andr� Queiroz (bateria), m�sicos que integram a DelegasCia, e tamb�m Robson Batata (percuss�o).

Delegado hoje se considera um cantautor ou um compositor que canta as suas pr�prias can��es. A decis�o de gravar o novo �lbum se deu por uma conjun��o de fatores, como ele explica. “Em primeiro lugar, estava com o ba� cheio de composi��es, pois, nos �ltimos quatro anos, tive v�rios encontros com uma turma da nova gera��o, como Clara Delgado, que lan�ou um trabalho com parcerias feitas com o saudoso Fl�vio Henrique (1968-2018). Uma menina de 20 e poucos anos que est� compondo muito bem e com muita gente. Tornamo-nos amigos pr�ximos e, com isso, fizemos algumas parcerias.”

Al�m dela, outro que se tornou parceiro foi Vini Ribeiro, baixista do bloco Chama o S�ndico. “� um grande compositor, tamb�m tem emplacado v�rias m�sicas e lan�ado discos, al�m de ser um grande amigo. Recentemente, fizemos v�rios encontros, ouvimos v�rios discos de vinil de Djavan e chegamos a compor algumas m�sicas. Acabou que me encontrei com essa nova gera��o e fui enchendo o meu ba� de can��es. Algumas dessas m�sicas foram gravadas por cantoras como Gisele Couto e Marina Gomes.”

Num determinado momento, ele pensou: “Vou colocar essas m�sicas para o mundo, n�o vou ficar guardando-as no ba�, esperando algu�m para grav�-las.” Com a decis�o tomada, Delegado acionou tamb�m seus velhos parceiros. 

“N�o foram somente os novos, como a Clarinha, o Vini e a Nath Rodrigues, que s�o pessoas mais novas do que eu. Acionei tamb�m Murilo Antunes, que � um parceiro de outros carnavais, Ricardo Nazar e Brisa Marques, que tamb�m foi minha parceira em um disco do Fl�vio Henrique. Fizemos um repert�rio bonito, bem legal.”

Para ajudar na produ��o, Delegado convidou o m�sico Marcelinho Guerra. “� uma pessoa querida e que ia direto �s apresenta��es da DelegasCia, quando ainda est�vamos na ativa. Conhece o meu som, a minha tocada, � jovem e tem feito muitos trabalhos bons. Chamei tamb�m os meninos da DelegasCia, que s�o um patrim�nio que tenho.”

Alo�zio Horta, o parceiro mais antigo do violonista, n�o ficou de fora. “Como j� tinha m�sica nossa nos outros CDs que lancei, falei para ele que ter�amos que compor uma para colocar nesse novo trabalho. E fizemos uma especialmente para esse disco. Foi a �ltima a entrar no �lbum.” Robson Batata, que Delegado considera seu “irm�o do samba e querido amigo”, toca as percuss�es do disco.

A banda que vai fazer o acompanhamento no show de hoje � a DelegasCia mais Robson Batata. “Teremos as mesmas participa��es especiais que tivemos no disco, ou seja, Z� Renato, Fernanda Takai e Nath Rodrigues, que � uma cantora daqui, mais nova, um talento incr�vel. Temos duas parcerias no disco, uma somente minha e dela, que ela canta, chamada “Chuva dos 30”, e outra minha, dela, Vini e Clarinha. A gente se reuniu certo dia, em um coletivo para compor essa m�sica, que ficou �tima, por isso resolvi grav�-la.”

“Chame o amor”, na qual ele divide os vocais com Fernanda Takai, foi  feita em parceria com Vini e Nath Menhem. “Ela � uma poetisa jovem de BH”, diz. Quanto a Z� Renato, que participa do disco cantando a faixa ‘A tecel�’, trata-se de uma amizade desenvolvida durante a pandemia. 

“Ele apareceu durante a live e eu o chamei para cantar, de forma despretensiosa mesmo, e ele topou dar uma canja. A partir daquele dia, come�ou a frequentar semanalmente as nossas lives.” Para Delegado, Z� Renato tem uma rela��o muito legal com os m�sicos mineiros. 

“Tanto o ex-grupo Boca Livre quanto o pr�prio Z�, pois ambos sempre dialogaram muito bem com a m�sica mineira, ainda mais ele, que � parceiro de Milton Nascimento. Eu o convidei para participar do disco e do show, e ele topou na hora. S�o participa��es incr�veis, que s� engrandecem esse trabalho e me fazem ficar ainda mais satisfeito em poder mostrar essa outra faceta minha de cantor para todo mundo.”

De mar�o a agosto passado, Thiago Delegado lan�ou os single-clipes “Vai e vem”, “Chame o amor”, “Antes do caf�” e “Mais valia”. “Essa � a m�sica que mais tem a cara da DelegasCia, � um samba-jazz, com improviso de viol�o e piano”, descreve.

Por fim, saiu o single-clipe da can��o composta por seu pai. “Lancei-a no Dia dos Pais, em homenagem a ele, e celebrando um samba lindo, meio Paulinho da Viola. Fizemos tamb�m um clipe legal para essa m�sica, bem divertido.” 

Agora chegou o momento de apresentar o disco completo e subir ao palco acompanhado do viol�o, mas com a pele de cantor.

 

 

Show de lan�amento do �lbum “Detalhes guardados”. Nesta ter�a-feira (30/11), �s 20h, no Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia, (31), 3241-7181). Ingressos a R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia-entrada), � venda no site Sympla. Dispon�vel nas plataformas digitais a partir desta ter�a-feira (30/11).