
Respons�vel pela cria��o, em 2016, da Orquestra DoContra, que tem seis contrabaixos � frente do palco, como solistas, ele chega agora a um ponto de converg�ncia dessas duas balizas que o t�m guiado. Nesta sexta-feira (3/12), a Orquestra DoContra realiza um concerto no Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes, em que recebe como convidados Toninho Horta, Beto Guedes, Fl�vio Venturini e Bianca Luar.
A apresenta��o � uma homenagem antecipada aos 50 anos do Clube da Esquina, que ser�o comemorados em 2022. A estrutura do concerto prev� que os convidados se revezem no palco para executar can��es emblem�ticas de suas respectivas trajet�rias, amparados pela orquestra e por uma banda de apoio.
O primeiro a se apresentar � Fl�vio Venturini, que executa quatro n�meros, seguido por Beto Guedes, que far� tr�s; Bianca Luar, respons�vel por interpretar a m�sica “Clube da esquina”; depois Toninho, que tamb�m mostra tr�s grandes sucessos de sua carreira. Ao final, Venturini, Beto e Bianca retornam para o encerramento.
“Quis juntar no repert�rio coisas expressivas dos tr�s compositores convidados. Bianca presta a homenagem dela cantando a primeira parceria de Milton Nascimento, L� e M�rcio Borges, marco inicial do movimento”, diz Belloto.
LETRISTAS
Ele destaca que a sele��o dos temas tamb�m se orientou pelo desejo de incluir nesse tributo os letristas do Clube da Esquina. Assim, foram escolhidas can��es que abarcam as l�ricas de Fernando Brant, Ronaldo Bastos, M�rcio Borges e Murilo Antunes. “Tamb�m pensamos muito na plateia. � um repert�rio composto s� de sucessos. Quem for vai se emocionar, com certeza.”Belloto e seu projeto DoContra, que pode se apresentar tanto em forma��o orquestral quanto como um grupo mais enxuto, focado apenas nos contrabaixos, j� desenvolveram a��es anteriores com Venturini e com Toninho. Com o primeiro, a aproxima��o ocorreu em 2019 e rendeu disco, intitulado “Para�so”, e apresenta��o no Teatro Sesiminas, com o refor�o da orquestra da casa.
“Ele fez um arranjo inspirado em uma m�sica minha, que inclusive abre esse concerto no Pal�cio das Artes, e me mostrou. Fiquei encantado com o trabalho dele, que tem essa caracter�stica diferente, o foco nos contrabaixos”, afirma Venturini, acrescentando que, a partir dali, se estabeleceu uma amizade.
“Ele disse que tinha a ideia de fazer um trabalho comigo e me convidou para o projeto de um disco. Eles correram atr�s de tudo, conseguiram captar os recursos e viabilizaram isso. Lan�amos o disco ‘Para�so’ em julho de 2019, com um grande show que juntou as duas orquestras, a DoContra e a Sesiminas”, lembra o m�sico.
CURSO
J� com Toninho Horta, a rela��o de Belloto � mais recente e gira em torno de um curso, lan�ado h� aproximadamente quatro meses, em que o violonista e guitarrista transmite seus conhecimentos. “A m�sica dele � muito complexa”, comenta o diretor da Orquestra DoContra.“Em v�rias conversas, o Toninho me dizia que tinha vontade de criar um curso para o pessoal conseguir tocar a obra dele, mas ela � t�o grande e expressiva que ele pr�prio acaba n�o fazendo nunca do mesmo jeito, sempre muda um pouco as coisas”, acrescenta.
O contrabaixista destaca que esse foi o maior desafio para elaborar, juntamente com Gilberto Paganini, violista da Filarm�nica de Minas Gerais e seu parceiro no projeto DoContra, o curso “O jeito de tocar Toninho Horta”. “Se o cara entender como funciona a cabe�a dele, isso muda a vida musical do sujeito para sempre. O Toninho � o maior acompanhador do planeta, � genial, n�o existe outra palavra para defini-lo”, diz Belloto.
Toninho, por sua vez, ressalta a versatilidade do diretor da Orquestra DoContra, chamando a aten��o para sua forma��o erudita e seu tr�nsito fluente pela m�sica popular. “Ele adora a m�sica de Minas, n�o se cansa de dizer que fez a cabe�a dele, e da� veio essa ideia de uma temporada de shows em homenagem ao Clube da Esquina.”
O guitarrista conta ainda que h� “esse projeto para 2022, de fazer uma longa temporada de concertos com a Orquestra DoContra, tendo um convidado ligado ao Clube da Esquina a cada m�s. Essa apresenta��o de agora � um piloto do que est� por vir”.
Toninho avalia que o momento � muito prop�cio para esse tipo de a��o, porque a efem�ride em torno dos 50 anos do Clube da Esquina j� paira no ar e porque o fim de ano � uma �poca que pede confraterniza��es, especialmente neste momento de arrefecimento da pandemia no Brasil.
“� uma boa �poca para nos encontrarmos. Fica, desde j�, como o in�cio de uma grande celebra��o. Esse concerto de agora no Pal�cio das Artes, eu sinto mais ou menos como um evento para o pessoal se encontrar. Eu, Fl�vio e Beto estamos em casa, � tudo farinha do mesmo saco”, diz.
No que depender de Belloto, as comemora��es em torno dos 50 anos do Clube da Esquina ser�o grandiosas. Ele conta que, no momento, est� em uma fase de aprofundar seus conhecimentos acerca da obra produzida por Milton Nascimento e companhia desde o lan�amento do �lbum “Clube da Esquina” at� os dias atuais.
“� um neg�cio muito importante para mim. Desde que cheguei a Belo Horizonte, a m�sica mineira vem invadindo e inundando a minha vida. Neste momento, estou ouvindo analiticamente todos os discos de todas as figuras ligadas ao Clube da Esquina, come�ando pelo Milton, que tem uma obra gigante”, diz.
ARROJADO
Ele n�o hesita em afirmar que se trata do movimento musical “mais inovador, mais livre, mais arrojado e mais experimental” da hist�ria da m�sica brasileira ao longo do s�culo passado. Belloto destaca o feliz encontro de compositores com alto potencial de inventividade com letristas capazes de criar em perfeita conson�ncia com o que as m�sicas pedem.“S�o poetas com l�ricas diferentes, e cada um deles teve a sensibilidade de entender a cabe�a dos compositores. Ronaldo Bastos fez letras lindas para o Beto Guedes e para o Fl�vio Venturini. O Murilo Antunes � aquele cara apaixonado, que fala do amor como ningu�m. O Fernando tem uma poesia maravilhosa, que transcende a letra de m�sica. O Marcinho Borges fala a linguagem das pessoas, fala da amizade, da vida, do amor de uma forma muito direta e precisa”, cita.
Belloto chama a aten��o para o fato de que o Clube da Esquina est� completando 50 anos com todos os seus principais art�fices ainda vivos. “� um movimento de uma relev�ncia �mpar e que n�s podemos homenagear lado a lado com todos os seus agentes. O Clube da Esquina para mim � isso, tenho comigo que vou militar por essa obra at� o fim da minha vida, quero levar o movimento desses caras adiante.”
MINEIRO DA GEMA
Toninho Horta destaca que os membros do Clube, naturalmente, acolhem de bra�os abertos todos os esfor�os de Belloto no sentido de dar relevo a essa produ��o, que permanece como marca registrada de Minas Gerais. “A vontade existe e ele � um profissional de alta qualidade. N�s j� o batizamos de mineiro da gema, porque � muito f� do nosso trabalho e, para nossa sorte, � muito competente”, aponta.Falando de sua outra paix�o, o contrabaixo, Belloto diz que criou o grupo DoContra para dar maior visibilidade ao instrumento que o cativou desde sempre e que quase nunca encontrou lugar de destaque no palco. Ele diz n�o ter not�cia de outra forma��o orquestral, no Brasil ou no mundo, que tenha seis contrabaixos solistas na linha de frente. “� um projeto gratificante, n�o s� porque d� destaque ao instrumento que � minha paix�o, como tamb�m serve de est�mulo para que os jovens o estudem.”
Com o passar dos anos, a Orquestra DoContra foi ganhando novas fei��es. “Atualmente, os contrabaixos continuam � frente, mas tamb�m temos naipes de cordas, sopros e percuss�o. � uma forma��o inusitada, cujas apresenta��es quebram os protocolos”, afirma.
Ele cita como exemplos o fato de que, no figurino, o preto e branco habitual dos concertos eruditos d� lugar a roupas coloridas. A disposi��o cl�ssica dos m�sicos no palco � substitu�da por forma��es geom�tricas. “O p�blico vai viver uma experi�ncia sonora diferente de em qualquer outro concerto”, diz.
Belloto ressalta que o pr�prio nome DoContra tem a ver com essa disposi��o para fazer diferente. “Ser do contra � buscar novas coisas, n�o se contentar com o tradicional e correr atr�s de experi�ncias inovadoras, para oferecer isso para a audi�ncia. Tem tanta coisa na internet, as pessoas est�o saturadas. Ent�o, se a gente n�o inovar, a gente n�o se mant�m vivo no mercado”, diz.
Num caso como o concerto desta noite no Pal�cio das Artes, o grupo n�o se limita a apenas acompanhar o convidado. “A orquestra se coloca com momentos muito impactantes, de grandeza sinf�nica, com solos vigorosos.”
TRILHA DE SUCESSOS
Confira o roteiro do
concerto desta noite
1 – Abertura com "Su�te Venturini" (Orquestra e banda)
2 – “C�u de Santo Amaro”
3 – “Adios Noni�o / B�same”
4 – “Noites com sol”
5 – “Todo azul do mar”
6 – “Planeta sonho”
7 – Introdu��o (Entra Beto Guedes)
8 – “Sol de primavera”
9 – “Contos da lua vaga”
10 – “Amor de �ndio”
(Entra Bianca Luar)
11 – “Clube da Esquina 1”
(Orquestra de baixos e Adriano Campagnani)
12 – “Sinfonia Clube da Esquina”
(Entra Toninho Horta)
13 – “C�u de Bras�lia”
14 – “Durango Kid”
15 – “Manuel, o Audaz”
BIS
(Entra Fl�vio Venturini)
16 – “Nascente”
(Entram Beto Guedes e Bianca Luar)
17 – “Espanhola”
18 – “Linda juventude”
ORQUESTRA DOCONTRA CONVIDA FL�VIO VENTURINI, BETO GUEDES, TONINHO HORTA E BIANCA LUAR
Nesta sexta-feira (3/12), �s 21h, no Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31. 3237-7400). Ingressos para plateia 1 a R$ 110 (inteira), plateia 2 a R$ 90 (inteira) e plateia superior a R$ 70 (inteira). Vendas pelo site Eventim e na bilheteria do Pal�cio das Artes.