Daniella Zupo autografa nova edi��o de seu livro sobre luta contra o c�ncer

Originalmente lan�ado em 2017, em uma edi��o independente, o livro “Amanh� hoje � ontem” trazia o relato e as reflex�es da jornalista Daniella Zupo sobre a luta contra um c�ncer de mama diagnosticado em 2015. Os mil exemplares publicados � �poca se esgotaram ao longo de pouco mais de um ano, e h� cerca de dois a obra estava fora de circula��o. 

Agora, “Amanh� hoje � ontem” ganha uma nova edi��o, pela rec�m-criada Editora Somos. O lan�amento ser� nesta ter�a-feira (7/12), na Outlet do Livro, com a presen�a da autora.

Daniella diz que, em termos de conte�do, praticamente n�o h� altera��es nesta nova edi��o, mas ela vem embalada por uma forma e um conceito que perpassam a leva dos sete primeiros t�tulos lan�ados pela editora. A Somos foi criada em agosto deste ano por tr�s s�cios da DarkSide Books, que trouxe para o Brasil, em 2018, a graphic novel “Mam�e est� com c�ncer”, de Brian Fies, vencedora do Pr�mio Eisner em 2005.

“Essa graphic novel � a hist�ria do autor e das irm�s quando descobrem que a m�e est� com c�ncer. Quando foi lan�ar essa obra no Brasil, a DarkSide me chamou para escrever a quarta capa. E agora, quando criaram a Somos, me convidaram para publicar uma nova edi��o do meu livro”, conta Daniella. 

“Amanh� hoje � ontem” integra a primeira fornada da nova editora ao lado de t�tulos como o cl�ssico da literatura teos�fica “A luz no caminho”, de Mabel Collins, “O pequeno manual estoico”, do su��o Jonas Salzgeber, e “Luto sem medo”, do brit�nico Max Porter.

Daniella destaca que s�o todos livros que giram em torno do tema da vida e da morte. “A nova edi��o do meu livro chega nesse bojo. Ela entra num conceito editorial em que acho que cabe muito bem”, diz. A primeira edi��o da obra veio � luz um ano depois de a jornalista apresentar a webs�rie de mesmo nome que registrou o per�odo em que enfrentou o c�ncer de mama, com um tratamento que inclu�a sess�es de quimioterapia, radioterapia e duas cirurgias. Os lan�amentos das duas obras ocorreram em momentos distintos, mas a produ��o dos conte�dos se deu de forma simult�nea, segundo Daniella.

“Tanto a webs�rie quanto o livro s�o relatos em primeira pessoa, mergulhados na subjetividade. Meu grande desejo ao fazer esse relato era continuar existindo, apesar de tudo. Era uma tentativa de resist�ncia. S�o 60 mil mulheres com esse diagn�stico de c�ncer de mama por ano no Brasil. � um diagn�stico que te uniformiza, se voc� deixar”, diz. Os registros que fez, conforme aponta, foram movidos por uma tentativa de n�o se deixar tragar por essa homogeneiza��o.

“Voc� se perde entre a autocomisera��o e a tentativa de minimizar essa experi�ncia, romantizar isso como uma cruzada de supera��o. Eu busquei me colocar entre essas duas narrativas”, diz, acrescentando que webs�rie e livro trazem a voz de um mesmo personagem em linguagens diferentes. 

“O document�rio � uma hist�ria contada com imagens. A pr�pria escolha das imagens conta uma hist�ria por si s�, deixa menos espa�o para a interpreta��o. J� o livro � do leitor, permite a proje��o de qualquer um nessa hist�ria, tendo ou n�o a experi�ncia do c�ncer”, aponta.

Ela diz que a webs�rie, que � dividida em oito cap�tulos e est� hospedada em um site pr�prio, flagra a sequ�ncia cronol�gica de uma personagem que vai se transformando, emocional, psicol�gica e fisicamente. J� o livro conta uma outra hist�ria, � uma reflex�o sobre a vida a partir da perspectiva da morte. 

“� um livro muito cru, e por isso a gente optou por n�o fazer grandes revis�es para esta nova edi��o. A for�a dele est� na nudez dessa experi�ncia. O livro, para existir, precisa ser sincero, verdadeiro”, ressalta.

A partir da descoberta do c�ncer, Daniella come�ou a fazer o registro de sua experi�ncia sem a inten��o de que gerasse algum produto, segundo conta. “Um diagn�stico grave n�o deixa espa�o para muita coisa. No caso do c�ncer, voc� tem a necessidade de tomar decis�es dif�ceis rapidamente, voc� fica imerso na experi�ncia. Passei por um tratamento mais agressivo. Eu apresentava o (programa) ‘Agenda’ (da Rede Minas) e tive que sair da TV porque n�o era compat�vel. Comecei a fazer o registro para sobreviver, para elaborar o que estava acontecendo”, diz.

Quando resolveu transformar as imagens que tinha em uma webs�rie e escrever o livro, foi com o intuito de compartilhar sua experi�ncia com outras mulheres. “Como jornalista e como mulher, percebi naquele momento que eu sentia a falta de um material mais humanizado. Existia muita informa��o cient�fica e existia o drama hollywoodiano, as narrativas da morte. Fui entendendo que eu tinha o registro de um durante, da experi�ncia em si, sem inten��o de transformar coisa nenhuma. Achei que a divulga��o desse registro poderia fazer diferen�a para outras pessoas”, afirma.