
“And just like that...” estreou nessa quinta-feira (9/12) na HBO Max, com a exibi��o de dois de seus 10 cap�tulos – ser�, como dantes, exibida semanalmente, sempre �s quintas. Agora, a produ��o acompanha as “meninas” na casa dos 50. “N�o d� para continuarmos sendo quem �ramos.” A frase que Miranda dispara logo nos minutos iniciais reverbera por todo o primeiro epis�dio.
SAPATOS
Ningu�m, nem elas, nem n�s, somos os mesmos de 20 anos atr�s. Mas tampouco somos radicalmente diferentes, seja na fic��o ou na vida real. Carrie � ainda uma jornalista, casada com Big (Chris Noth), apaixonada por sapatos. Deixou, h� muito, as p�ginas dos jornais e encara o mundo virtual, com seu Instagram e a participa��o em um podcast sobre sexo.
Miranda continua vivendo no Brooklyn com o marido, Steve (David Eigenberg), mas deixou o direito corporativo e tenta retomar a vida acad�mica. Charlotte, bem, � basicamente a mesma: bonequinha de luxo com uma vida de comercial de margarina que pena com a filha ca�ula, rebelde e cheia de atitude, um contraponto � mais velha, que �, pelo menos � primeira vista, absolutamente perfeita.
A aus�ncia de Samantha (os desentendimentos de Kim Cattral com Sarah Jessica Parker v�m de anos atr�s) � abordada j� no primeiro di�logo da s�rie. A personagem volta a ser citada no decorrer do epis�dio-piloto – teria tido uma briga com Carrie, nunca mais respondido �s suas mensagens e hoje vive em Londres. Fica claro ali que o ressentimento � grande.
A tentativa de adequa��o das personagens ao mundo de hoje ser�, pelo andar da carruagem, um dos motes da nova s�rie. Miranda tem uma participa��o constrangedora em seu primeiro dia no mestrado, com uma turma de jovens e uma professora que � tudo menos o que ela esperava.
Quest�es de g�nero e ra�a s�o tratadas de forma contundente (mas sempre bem-humorada) na s�rie. Carrie, que sempre falou de sexo abertamente, fica, em frente aos colegas jovens do podcast, desconfort�vel com a liberdade e as falas diretas de cada um. Sim, tem sexo em “And just like that…”, e o grande tema deste in�cio de s�rie � masturba��o.
PANDEMIA
Ainda que os personagens habitem o mundo de hoje, eles fazem jus ao passado. Big e Carrie ouvem LPs de jazz desde o in�cio da pandemia – e n�o faltam men��es � crise sanit�ria, numa Nova York que busca mostrar-se viva como antes – e ele ainda l� jornais na cama. O avan�o da idade � outra refer�ncia grande – o fato de Miranda ter abolido os cabelos ruivos e assumido os fios brancos � tema de uma discuss�o com Charlotte.
A frivolidade sempre foi um elemento de “Sex and the city”. Ver o casal Stanford (Willie Garson, que morreu no final de setembro) e Anthony (Mario Cantone) brigando por causa de roupa, assistir a um recital de piano de adolescentes ricos ou acompanhar os encontros sociais do trio no cen�rio p�s-pandemia (e Charlotte carregando vestidos de Oscar de La Renta) garantem leveza e preparam para o que est� por vir.
Uma virada (muito, mas muito) dram�tica na parte final do epis�dio de estreia � totalmente inesperada. Ela chega num crescendo, ao som de Mozart. E o f�, seja de 30, 40 ou 50 anos, ficar� mesmerizado com o acontecimento – o segundo epis�dio vai tratar essencialmente do ocorrido, � maneira de “Sex and the city”: com drinques, vestidos de luxo, risos e l�grimas.
E assim... (parafraseando Carrie, que termina todo epis�dio dizendo “And just like that...) “Sex and the city” (dif�cil falar da s�rie com o novo t�tulo) volta ao jogo. � bonito, triste, f�til, alegre, tudo ao mesmo tempo, como foi a produ��o original. O mais relevante � que a nova produ��o n�o � anacr�nica e fala para o seu tempo. Mas � preciso ter assistido � s�rie original para entrar de cabe�a nesta continua��o, vale dizer.
“AND JUST LIKE THAT…”
S�rie em 10 epis�dios na HBO Max. Os dois primeiros est�o dispon�veis; os demais ser�o lan�ados �s quintas-feiras, at� 3 de fevereiro