Saiba as raz�es que transformaram 'Matrix' em cl�ssico da fic��o cient�fica
Filme original, de 1999, encantou pela originalidade e alavancou a carreira de Keanu Reeves ao patamar de astro. 'Resurrections' estreia nesta quarta (22/12)
Com sua trama sobre um planeta controlado por m�quinas e no qual os seres humanos n�o t�m autonomia para escolher os rumos da pr�pria vida, 'Matrix' � considerado um filme vision�rio (foto: Warner Bros./Divulga��o)
A estreia mundial, nesta quarta-feira (22/12), de “Matrix resurrections” p�e fim � expectativa que os f�s da franquia alimentavam desde que a Warner anunciou oficialmente, em agosto de 2019, um quarto filme dando sequ�ncia � trilogia composta por “Matrix” (1999), “Matrix reloaded” e “Matrix revolutions” (ambos de 2003).
De l� pra c�, muita coisa mudou – at� as irm�s criadoras da hist�ria, Lilly e Lana Wachowski, que, na �poca, cerca de 10 anos antes da transi��o, ainda eram conhecidas como os irm�os Andy e Larry Wachowski –, mas o enredo instigante, as inova��es que o filme trouxe para a produ��o cinematogr�fica e o culto em torno da obra permanecem.
Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss retornam como os personagens Neo e Trinity. Neo aparece mais uma vez como Thomas Anderson. Ele e Trinity est�o de volta ao programa Matrix, mas n�o se lembram um do outro. Neil Patrick Harris vive o psiquiatra.
Entre a cr�tica estrangeira, que teve acesso ao filme na semana passada, as opini�es ficaram divididas. Alguns amaram a ambi��o do longa; outros acharam seu humor autorreferente e sua hist�ria de amor uma mera distra��o. Houve, no entanto, o consenso de que “Matrix ressurrections” � melhor que as duas sequ�ncias de 2003, que, desde seu lan�amento, nunca ca�ram nas gra�as da cr�tica.
“Fui assistir � ‘Matrix resurrections’ cheio de teorias e nenhuma delas estava certa. O primeiro ato distorceu minha mente com todo o seu brilho. Amei tantas coisas no filme. Preciso v�-lo novamente para o julgamento final”, disse Steven Weintraub, cr�tico do site Collider.
Germain Lussier, do GizModo, escreveu: “N�o consigo parar de pensar em ‘Matrix resurrections’. Ele reinventa brilhantemente a franquia, enquanto eleva a import�ncia dos tr�s primeiros filmes, sendo tocante, emocionante e lindo. � muito complexo, mas amei. Mal posso esperar para ver de novo e de novo”.
“Estou profundamente feliz por aqueles de voc�s que v�o amar ‘Matrix resurrections’. Eu, infelizmente, n�o sou uma dessas pessoas. � muito melhor que ‘Reloaded’ e ‘Revolutions’ – que, sejamos sinceros, s�o bem ruins –, mas n�o tem riscos. Nada aqui importa, e n�o de uma forma niilista cool”, escreveu Alison Foreman, da “Mashable”.
A diretora Lana Wachowski na estreia de 'Matrix resurrections' em San Francisco, na Calif�rnia, segunda-feira (18) (foto: David Odisho/AFP
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P�LULAS AZUIS
Hoje considerado um filme premonit�rio, “Matrix” tem no medicamento um ponto central de sua trama, j� que as c�psulas azul e vermelha � que decidem os destinos de quem deseja fugir ou continuar aprisionado � simula��o das m�quinas que mant�m o controle do planeta.
Neo deixa de tomar um dos comprimidos e nota que a realidade n�o � o que parece. O paralelo com “Alice no pa�s das maravilhas” se estende a outros aspectos do filme, com o coelho branco sendo o guia que conduz de um mundo ao outro. Esse aspecto fica real�ado quando a personagem Sati (Priyanka Chopra) entrega o livro de Lewis Carrol (1832-1898) ao protagonista. Cogitam que ela seja a �ltima atualiza��o do Or�culo, interpretado por Gloria Foster e Mary Alice na antiga trilogia. No final de “Revolutions”, a Matrix � reiniciada, e os humanos t�m a oportunidade de deixar o programa ou permanecer nele.
A saga “Matrix” representou uma pequena revolu��o para a fic��o cient�fica no cinema. Aos 57 anos, Reeves retoma o papel que marcou um antes e um depois em sua carreira. Al�m de ter se tornado uma refer�ncia est�tica, o filme foi um enorme sucesso de bilheteria. A trilogia arrecadou quase US$ 1,6 bilh�o.
A nova aventura, que chega hoje aos cinemas, tem apenas uma diretora, Lana Wachowski, que tamb�m assina o roteiro juntamente com Aleksandar Hemon e David Mitchell – os tr�s j� haviam escrito o final da s�rie “Sense8” juntos. Sua irm� Lilly optou por n�o participar da produ��o devido ao trabalho na s�rie “Showtime work in progress”, mas deu a b�n��o aos envolvidos.
Quase tudo que diz respeito a “Matrix” rompeu padr�es na �poca do lan�amento do primeiro filme, que venceu quatro categorias do Oscar (edi��o, som, efeitos de som e efeitos visuais) e arrecadou US$ 463 milh�es em todo o mundo.
O longa causou grande sensa��o no cinema ao introduzir no��es como o metaverso, ou por seus efeitos especiais, que conseguiram “desacelerar” o tempo ao redor dos personagens. A saga foi uma mistura ousada de mitos eternos, como o do her�i predestinado a salvar a humanidade, com teorias in�ditas, como a de uma realidade inexistente, composta por c�digos de computador infinitos.
“BULLET TIME”
A sequ�ncia de Neo no topo de um arranha-c�u, lutando contra os vil�es, inclinado de forma inveross�mil enquanto as balas passam lentamente pr�ximas ao seu corpo, � uma das mais famosas do primeiro “Matrix” – uma proeza visual imitada em v�rias megaprodu��es.
A c�mera se movimentava livremente ao redor dos personagens im�veis, um efeito especial conhecido como “bullet time”, lembra Dominique Vidal, da empresa francesa de efeitos especiais Buf, que trabalhou na saga.
Em “Matrix”, a ideia foi aplicar a nova t�cnica �s cenas de combate, o que exigiu muitos recursos, pois a mesma cena precisava ser filmada simultaneamente a partir de dezenas de pontos de vista diferentes.
“Matrix” tamb�m introduziu uma teoria de fic��o cient�fica que, com o passar dos anos, ganhou ramifica��es inesperadas: a ideia de que a realidade que nos cerca � simulada, um c�digo de computador que � criado e recriado de forma incessante, com infinitos milh�es de letras e n�meros que apenas alguns “escolhidos” s�o capazes de ver.
“Matrix” narrava a hist�ria de um grupo de rebeldes que lutam contra a matriz, controlada por intelig�ncia artificial, para libertar os seres humanos. O novo cap�tulo mostra Neo como um criador de jogos na Calif�rnia. Seu passado parece enterrado, exceto por alguns pesadelos repetitivos.
Alguns f�s consideram que “Matrix” antecipou o s�culo 21, por exemplo, ao descrever o controle das rela��es sociais por gigantes como o Facebook. Em outubro passado, a rede social de Mark Zuckerberg se renomeou Meta, e ele anunciou seu plano de elabora��o de um Metaverso, no qual internet e realidade virtual e expandida se congregam num �nico ambiente.
NOVIDADES NO ELENCO
A aus�ncia do ator Laurence Fishburne em “Resurrections” n�o impede que Morpheus – o personagem que no primeiro “Matrix” convoca Neo para combater ao lado dos rebeldes – esteja presente no novo filme.
A vers�o mais jovem do l�der � agora vivida por Yahya Abdul-Mateen II (de “Watchmen” e “Candyman”). Al�m dos j� citados Neil Patrick Harris e Priyanka Chopra, outras novidades no elenco de “Matrix Resurrections” s�o Jessica Henwick (“Punho de ferro”) e Jonathan Groff (“Midhunter”).
Henwick � a personagem Bugs, que tem um papel fundamental nas novas decis�es tomadas por Neo. Groff, por sua vez, aparece como o agente Smith, interpretado por Hugo Weaving nos tr�s primeiros filmes. Tamb�m est�o no elenco de “Resurrection” os atores Christina Ricci, Brian J. Smith, Er�ndira Ibarra e Max Riemelt.
O ator Yahya Abdul-Mateen II � o novo Morpheus (foto: David Odisho/AFP)
Um aspecto relacionado � cria��o das irm�s Wachowski � a caracter�stica de “Matrix” ser uma narrativa transm�dia, ou seja, al�m dos tr�s filmes, � poss�vel acompanhar a hist�ria em outras plataformas e m�dias. “The Animatrix” (2003) contou com nove anima��es de curta dura��o, cujos acontecimentos tamb�m est�o inseridos na cronologia.
Entre 1999 e 2003, o site oficial de “Matrix” publicou tr�s s�ries de quadrinhos e artes adicionais. Esse material foi reunido na antologia “The Matrix comics” e traz artistas consagrados na nona arte, como Dave Gibbons, Neil Gaiman e Geof Darrow.
A franquia tamb�m ganhou uma “trilogia” no mundo dos games. “Enter the Matrix” (2003) teve participa��o das diretoras na produ��o e o jogo tem liga��o com os eventos de “Matrix reloaded”. Mais bem recebido pelos f�s, “The Matrix: Path of Neo” (2005) adapta os tr�s longas-metragens, e o jogador pode acompanhar a a��o pelo ponto de vista de Neo.
J� “The Matrix online” (2005) causa disc�rdia at� hoje. Dispon�vel apenas para PC, a proposta era contar o que aconteceu depois dos filmes. O conte�do esteve ativo at� 2009 e, entre os arcos apresentados no jogo, consta a morte de Morpheus. As especula��es apontam que a aus�ncia de Fishburne em “Matrix resurrections” tem rela��o com esse game. Por�m, h� f�s que preferem n�o considerar esse jogo como um produto oficial da franquia.
A trilha sonora de “Matrix resurrections” � assinada por Johnny Klimek e Tom Tykwer, conhecidos pelo trabalho nas s�ries “Sense8” e “Perfume: the story of a murderer”, respectivamente. Al�m da presen�a de Klimek e Tykwer, o filme tem remixes de Thomas Fehlmann, Moderna, Psychic Health e Esther Silex & Kotelett. (Com France-Presse)