
“Hoje testemunhamos um ato extraordin�rio sobre um dos dramas que definem a hist�ria.” A voz � de Bill Clinton, ent�o presidente dos Estados Unidos, discursando na Casa Branca, em setembro de 1993. Na ocasi�o, o primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o l�der palestino Yasser Arafat assinaram acordos de paz no Oriente M�dio que haviam sido negociados secretamente na Noruega nos meses anteriores.
Os chamados Acordos de Oslo – que, como a hist�ria mostrou, se mostraram infrut�feros – s�o o ponto de partida da s�rie “A garota de Oslo”, rec�m-chegada ao cat�logo da Netflix. O trecho do discurso de Clinton est� na abertura da produ��o israelo-norueguesa – em um arremedo do que “Homeland” fez tamb�m em sua abertura, utilizando as vozes de cinco presidentes americanos.
Esta “coincid�ncia” n�o chega a ser um problema maior na produ��o. H� quest�es mais graves no enredo. Em 10 epis�dios, a s�rie, falada em noruegu�s, hebraico, �rabe e ingl�s, parte de um drama pessoal que se torna uma quest�o geopol�tica.
Em Oslo, Alex Bakke (Anneke von der Lippe) e Karl (Anders T. Andersen) chegam ao apartamento da filha Pia (Andrea Berntzen) para comemorarem seu anivers�rio. Descobrem que a estudante de medicina viajou para Israel. Alex, que teve uma briga terr�vel com a filha, tenta ligar para ela.
Mas Pia est� na praia, no Sinai, no Egito, com seus dois novos amigos israelenses: os irm�os Nadav (Daniel Litman) e Noa Solomon (Shira Yosef). N�o atende a m�e. Na volta para Israel, o carro em que o trio estava � interceptado por agentes do Estado Isl�mico, e os tr�s jovens s�o sequestrados.
TROCA
Sem not�cias da filha, Alex pega um voo para Israel e o primeiro lugar que procura � a Intelig�ncia, onde seu velho amigo Arik (Amos Tamam) � o manda-chuva – ele, vale dizer, est� sendo cogitado para ser o novo primeiro-ministro israelense.
Os dois se conheceram durante os Acordos de Oslo. Logo logo ser�o notificados do sequestro. O EI exige, para libertar os tr�s jovens, uma troca de prisioneiros: 12 palestinos detidos em Israel e o terrorista Abu Salim (Abhin Galeya), que cumpre pena em uma pris�o norueguesa.
Este � s� o ponto de partida da narrativa, que traz um componente que ir� complicar a vida de Arik: Alex revela que Pia �, na verdade, sua filha. O drama novelesco vai se desenvolvendo em cenas dram�ticas e sequ�ncias de a��o.
� tudo muito improv�vel, como assistir � menina Pia escapando do EI no meio do deserto do Sinai (� ris�vel acompanhar os terroristas tentando arrumar o carro quebrado no meio da noite enquanto a jovem consegue fugir, tal qual uma super-hero�na).
A hist�ria vai longe, com desdobramentos – e novas “coincid�ncias” – de cair o queixo. Alex circula por Israel e pela Faixa de Gaza como quem vai ao supermercado. Um l�der do Hamas entra na hist�ria, bem como o filho de uma amiga palestina da m�e norueguesa que acabou se envolvendo com o EI. E do lado da Noruega, Karl, o pai de Pia, um advogado poderoso, � for�ado a tentar libertar Abu Salim.
Os f�s de s�ries israelenses, capitaneadas pelo sucesso “Fauda”, v�o reconhecer rostos do elenco e tamb�m v�rias situa��es. Com cap�tulos curtos – meia hora, em m�dia – “A garota de Oslo” vai caminhando em sequ�ncias de improbabilidades para, no fim, se tornar uma hist�ria de bandidos versus mocinhos. Esta vis�o manique�sta � deveras anacr�nica para uma hist�ria criada em 2021.
“A GAROTA DE OSLO”
A s�rie, com 10 epis�dios, est� dispon�vel na Netflix.