
De certa forma, � poss�vel dizer que a s�rie de HQ “Turma da M�nica” acompanha o quadrinista mineiro Vitor Cafaggi, de 43 anos, desde sempre. Na inf�ncia, quando come�ou a ler, ele se interessou pela hist�ria devido ao irm�o mais velho; quando entrou na adolesc�ncia, apresentou os gibis para a ca�ula, Lu Cafaggi, que hoje tem 33; adulto e j� atuando profissionalmente na �rea, foi convidado para participar da s�rie “MSP 50 artistas” (2010), em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
A rela��o com os gibis ficou ainda mais estreita quando Vitor e Lu desenvolveram tr�s graphic novels, a convite da Mauricio de Sousa Produ��es, na qual abordam os personagens da Turma de acordo com sua vis�o tem�tica e est�tica. Dois desses livros, “Turma da M�nica: La�os” (2013) e “Turma da M�nica: Li��es” (2015), inspiraram dois filmes com atores que mostram as aventuras dos c�lebres personagens dos quadrinhos.

CHICO BENTO
“Em 2009, recebi o convite para participar desse projeto comemorativo com a proposta de fazer a reinterpreta��o de at� cinco p�ginas de um dos personagens da 'Turma da M�nica'. Acabei fazendo do Chico Bento. O Mauricio de Sousa e o (editor) Sidney Gusman gostaram tanto que me chamaram para produzir as graphic novels junto com a Lu”, conta Vitor Cafaggi.
Em cartaz nos cinemas de todo o Brasil desde quinta-feira (30/12), “Turma da M�nica: Li��es” mostra M�nica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Casc�o (Gabriel Moreira) lidando com quest�es como amizade e rejei��o.
O enredo acompanha a rotina dos quatro na escola. Ap�s um acidente, os pais de M�nica decidem troc�-la de col�gio e os demais tamb�m encaram as consequ�ncias de suas atitudes. O elenco conta com Isabelle Drummond, Malu Mader, Paulo Vilhena e Monica Iozzi.
As hist�rias tanto de “Li��es” quanto do primeiro filme, “La�os” (2019), nasceram sem a pretens�o de serem adaptadas para a tela grande. Apesar disso, quando os irm�os as criaram, usaram como inspira��o longas de aventura dos anos 1980, como “Os Goonies” (1985), de Richard Donner (1930-2021), por exemplo.

“Por isso, ela tem clima de aventura. A gente conta uma hist�ria em que o cachorro do Cebolinha, o Floquinho, desapareceu, e os quatro amigos fogem de casa para procur�-lo. A ideia era uni-los e mostrar como eles s�o quando est�o todos juntos com o mesmo objetivo, como eles funcionam como grupo”, explica o quadrinista.

A partir do segundo livro, “Li��es”, Vitor e Lu se sentiram mais � vontade com os personagens para fazer abordagem mais sens�vel da turma. “Como � continua��o, eles est�o mais destemidos, porque o desenrolar da primeira hist�ria deu certo. Ent�o, numa tentativa de fugir da escola, M�nica quebra o bra�o e os pais s�o aconselhados a afastar os quatro amigos. A ideia � que eles aprendam a lidar com isso”, explica.
De acordo com Vitor Cafaggi, “Li��es” mostra como os personagens se comportam quando est�o sozinhos e como a amizade deles � impactada pela dist�ncia.

PONTAS FECHADAS
O terceiro e �ltimo livro da s�rie, “Lembran�as”, ainda n�o ganhou adapta��o cinematogr�fica. “A gente resolveu fechar todas as pontas abertas nas outras duas hist�rias. Eles j� est�o crescendo e acabam se unindo novamente”, observa.
N� planos de transformar o �ltimo volume em filme. “No 'Li��es', algumas dessas pontas j� est�o fechadas, acho que � �tima adapta��o para encerrar a s�rie”, explica Vitor.
Em ambos os filmes, ele e Lu foram respons�veis por aprovar o roteiro final da adapta��o de suas hist�rias.
“Contratualmente, a gente tinha de aprovar o roteiro. Com 'Li��es', a gente s� leu a �ltima vers�o e ficou bem satisfeito. J� no caso de 'La�os', quando nos enviaram a primeira vers�o, demos v�rias sugest�es, conversamos com os roteiristas para explicar um pouco mais da hist�ria”, afirma.

Para ele, a sensa��o de ter sua cria��o traduzida para o cinema � indescrit�vel. “Eu me lembro muito claramente de estar sentado na sala de cinema na pr�-estreia de 'La�os' e sentir uma coisa que nunca mais vou sentir de novo na minha vida”, relembra Vitor.
“Como a gente n�o tinha expectativa, quando surgiu a primeira imagem da Giulia Benite como M�nica eu comecei a chorar. No 'Li��es', a gente n�o teve sensa��o t�o m�gica, mas foi uma sensa��o muito boa tamb�m”, ele conta.
Graduado em desenho industrial e professor da Casa dos Quadrinhos, em Belo Horizonte, Vitor Cafaggi estreou na ilustra��o em 2008, com a webcomic “Puny Parker”, na qual apresentava tiras imaginando hist�rias da inf�ncia do personagem Peter Parker.
O CACHORRINHO “VALENTE”
Ap�s participar da “MSP 50 artistas”, ele criou a s�rie de tiras “Valente”, publicada pelo jornal O Globo entre 2010 e 2020. O personagem, um c�ozinho sonhador, protagonizou seis livros de Vitor – o �ltimo, “Valente por voc�”, foi publicado em 2020 pela Panini.
Paralelamente � produ��o totalmente autoral, a parceria com a Mauricio de Sousa Produ��es continua. No in�cio de 2022, Vitor lan�a uma graphic novel dedicada ao Franjinha.
“Estou muito apaixonado por essa hist�ria. Com os da 'Turma da M�nica' eu j� tinha uma rela��o muito afetiva, em termos de conhecer os personagens. Com o Franjinha nunca tive isso. Para criar a hist�ria, tive liberdade muito maior e consegui enxergar nele uma parte de mim. A paix�o do Franjinha pela ci�ncia � como a minha paix�o pelos gibis, que tamb�m come�ou na adolesc�ncia”, conclui.