(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CLUBE DA ESQUINA 50 ANOS

'N�o h� ningu�m como Milton Nascimento', diz Herbie Hancock, lenda do jazz

Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, pianista afirma que Bituca faz m�sica universal que toca o cora��o das pessoas, algo que raros artistas conseguem


12/03/2022 04:00 - atualizado 12/03/2022 06:37
677

Pianista Herbie Hancock está sentado, recostado ao piano
O pianista Herbie Hancock diz que Milton Nascimento fez com que ele, Pat Metheny e Wayne Shorter explorassem ''�reas muito avan�adas de descoberta musical" (foto: Mario Anzuoni/AFP/2/2/11)
Logo ap�s conquistar o Brasil com “Travessia”, em 1967, Milton Nascimento foi convidado pelo arranjador Eumir Deodato a gravar um disco nos Estados Unidos voltado para o p�blico norte-americano. “Courage” saiu em 1969, tr�s anos antes de “Clube da Esquina”, e deu o pontap� inicial na carreira internacional do artista – e que pontap�!.

O �lbum traz a participa��o do pianista norte-americano Herbie Hancock, que se tornaria colaborador frequente de Bituca. Em “Courage” est� a vers�o em ingl�s de “Travessia”, chamada “Bridges”, que encantou a diva do jazz Sarah Vaughan e foi regravada por ela ao lado de Milton no fim dos anos 1970.

Herbie Hancock, em entrevista por e-mail ao Estado de Minas, conta que o primeiro encontro dele com Bituca ocorreu no Copacabana Palace, em 1968, quando veio ao Rio de Janeiro curtir a lua de mel com a esposa, Gigi. O jazzista, que j� conhecia o pianista e arranjador Eumir Deodato, telefonou para ele assim que chegou ao Brasil.

“Eumir estava produzindo um novato chamado Milton Nascimento. Ele foi ao hotel e levou Milton, que estava com seu viol�o”, recorda. “Quis ouvir algumas das can��es, e ele come�ou a cantar e tocar sua bela m�sica.”

Tiveram in�cio ali a parceria e a admira��o de uma vida inteira. “Nunca vou me esquecer desse primeiro encontro. O som de Milton me surpreendeu”, conta o jazzista, hoje com 81 anos.

As mem�rias de Hancock sobre o brasileiro s�o reveladas com carinho. Uma das mais v�vidas � a grava��o do disco “Native dancer” (1975), com Milton e o saxofonista Wayne Shorter, nos Estados Unidos. Outras v�m das sess�es do �lbum “Angelus”, lan�ado em 1993.

O elenco de estrelas que Bituca reuniu em “Angelus” chama a aten��o: Jon Anderson, do Yes, Peter Gabriel, do Genesis, o guitarrista Pat Metheny e o astro James Taylor – al�m de Shorter, Hancock e do contrabaixista Ron Carter, trio que tocou com a lenda Miles Davis. Tamb�m est� l� o baterista norte-americano Jack DeJohnette.

Nascido em Chicago, Herbie Hancock � autor dos cl�ssicos do jazz “Watermelon man” e “Cantaloup Island” – esta regravada por Milton no disco “Piet�” (2002), com participa��o do compositor.

O americano classifica a m�sica do brasileiro como universal. “Melodias, letras, harmonias, arranjos e a voz de Milton tocam o cora��o das pessoas no mundo todo”, diz.

Milton Nascimento põe a mão no rosto e faz com os dedos a forma de coração
Milton Nascimento em foto da capa de ''Courage'', disco que lan�ou nos EUA em 1969 (foto: AM/Records)
A lista de astros internacionais que se declaram f�s de Milton � extensa. A irlandesa Bj�rk gravou “Travessia” em portugu�s. Maurice White, l�der do Earth, Wind & Fire, declarou que a banda teve a influ�ncia dele em sua sonoridade.

A estrela argentina Mercedes Sosa � um cap�tulo � parte na trajet�ria de Bituca. Os dois dividiram amizade fervorosa e grava��es antol�gicas, como “Volver a los 17” (no disco “Geraes”, 1976). J� Paul Simon cantou “O vendedor de sonhos” com Milton em “Yauaret�” (1987). A lista inclui a banda inglesa Duran Duran, os irm�os franceses Lionel e St�phane Belmondo e o argentino Fito P�ez.

Milton Nascimento, ali�s, tem um pr�mio Grammy na prateleira: o disco “Nascimento” foi laureado como o melhor �lbum de world music de 1998.

"Sempre louvei a oportunidade de trabalhar com ele e improvisar em cima dos belos acordes que ele cria. Uma de minhas mem�rias mais afetuosas foi trabalhar com Milton e e Wayne Shorter no disco 'Native dancer'''

Herbie Hancock, pianista


ENTREVISTA/HERBIE HANCOCK

"Amo o senso de harmonia do Milton"

O que levou a m�sica de Milton Nascimento para tantos lugares fora do Brasil?
A m�sica de Milton transcende as fronteiras geogr�ficas e atinge todas as faixas et�rias. � m�sica universal. � por isso que melodias, letras, harmonias, arranjos e a voz de Milton tocam o cora��o das pessoas no mundo todo. A m�sica dele � amada em todos os lugares, pelo p�blico comum e pelos m�sicos. Poucos artistas conseguiram atingir todas essas �reas. N�o h� ningu�m como Milton Nascimento.

Entre suas colabora��es com Milton, quais voc� guarda com mais simpatia?
Realmente, amo o senso de harmonia do Milton, sempre louvei a oportunidade de trabalhar com ele e improvisar em cima dos belos acordes que ele cria. Uma de minhas mem�rias mais afetuosas foi trabalhar com Milton e Wayne Shorter no disco “Native dancer”. Outro �lbum (“Angelus”, de 1993) tinha n�o apenas Wayne Shorter no saxofone, mas tamb�m Pat Metheny na guitarra e outras estrelas do mundo do jazz. Nesse �lbum, Milton encorajou nossas explora��es em �reas muito avan�adas de descoberta musical.

A amizade de voc�s dura mais de 50 anos. Que mem�rias voc� guarda desses encontros?
Um dos meus momentos favoritos foi ouvir Milton na primeira vez em que nos encontramos, em 1968, no Copacabana Palace. Foi uma grande experi�ncia, a m�sica dele me surpreendeu. Outro momento marcante foi a celebra��o de um anivers�rio dele, em sua casa. Ficou bastante surpreso e contente por reunir seus amigos pr�ximos do Brasil e dos Estados Unidos ali.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)