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Estado de Minas INDIANO

Document�rio mostra mulheres de casta 'inferior' atr�s da verdade na �ndia

"Escrevendo com fogo", que est� indicado ao Oscar, acompanha durante cinco anos a trajet�ria de um jornal escrito exclusivamente por mulheres Dalits


15/03/2022 04:00 - atualizado 15/03/2022 10:32

Com cabelo preso e casaco de inverno, mulher sentada junto a uma janela faz anotações com caneta esferográfica em bloquinho sobre sua bolsa
Jornalista da publica��o indiana "Khabar Lahariya" em cena do filme, que est� dispon�vel no Brasil para compra e aluguel em plataformas digitais (foto: Black Ticket Films / divulga��o)

Primeiro filme indiano indicado ao Oscar na categoria melhor document�rio, “Escrevendo com fogo”, dirigido e produzido por Rintu Thomas e Sushmit Ghosh, apresenta um panorama do pa�s asi�tico com suas mazelas e contradi��es, enquanto acompanha o desenvolvimento do jornal Khabar Lahariya (Onda de Not�cias), cuja equipe � formada exclusivamente por mulheres.

Apontado pelo di�rio norte-americano "The Washington Post" como “o filme mais inspirador sobre jornalismo da hist�ria”, o longa est� dispon�vel no Brasil para compra e aluguel nas plataformas Claro Now, iTunes/Apple, Google/YouTube e Vivo Play. 

Selecionada para 100 festivais ao redor do mundo e distribu�da em mais de 40 pa�ses, a produ��o � um dos t�tulos mais laureados da temporada, com mais de 20 pr�mios conquistados, incluindo dois na edi��o 2021 do Festival de Sundance.

Ao longo de uma hora e meia, o espectador acompanha a impressionante hist�ria do ve�culo de comunica��o criado em 2002. Em 2016, a partir de quando o document�rio se desenrola, o jornal est� num momento de transi��o para o digital. 

CASTAS 
Os letreiros iniciais do filme informam sobre o sistema de castas da �ndia, pelo qual a sociedade � dividida hierarquicamente entre os sacerdotes, os guerreiros, os comerciantes e os servos. � margem desse sistema est�o os dalits, considerados impuros e escancaradamente marginalizados. � a esse grupo social que as mulheres do Khabar Lahariya pertencem.

A hist�ria de “Escrevendo com fogo” gira, principalmente, em torno de tr�s delas: Meera Devi, criadora e chefe de reportagem do jornal; Suneeta Prajapati, que se destaca como a mais prol�fica e incisiva profissional da equipe; e Shyamkali Devi, que cumpre a mais emblem�tica jornada de crescimento ao longo da hist�ria.

A partir da primeira reportagem mostrada pelo document�rio, com uma mulher que � rotineiramente estuprada por homens que invadem sua casa, fica claro que “Escrevendo com fogo” �, antes de mais nada, sobre a coragem daquele grupo de aproximadamente 20 profissionais que, contrariando todas as probabilidades, leva adiante o projeto do Khabar Lahariya.

As rep�rteres se lan�am na apura��o de fatos que v�o desde a falta de saneamento b�sico na comunidade dalit at� a prom�scua rela��o entre governo, pol�cia e uma m�fia de mineradores que opera em Uttar Pradesh, regi�o do Norte da �ndia onde o jornal tem sede e onde a maior parte da hist�ria se desenvolve. Pouco tempo ap�s a chegada do Khabar Lahariya ao ambiente digital, o ve�culo contabiliza em torno de 100 mil visualiza��es em seu canal no YouTube.

BARREIRAS 
O document�rio vai conduzindo o espectador pela rotina das mulheres do jornal, num ambiente machista, violento e de extrema pobreza. Rompendo barreiras e obst�culos, elas seguem adiante com sua miss�o e, em pouco tempo, o n�mero de visualiza��es no YouTube sobe para mais de 1 milh�o, quando a reportagem sobre a minera��o clandestina e seus efeitos nefastos ganha repercuss�o nacional.

Ao mesmo tempo em que acompanha o trabalho jornal�stico, “Escrevendo com fogo” se debru�a sobre os dramas pessoais e as inquieta��es das tr�s personagens centrais. Numa determinada cena, o marido de Meera diz achar incr�vel que ela tenha conseguido conduzir o jornal por 14 anos, e acrescenta que ele n�o vai muito longe, j� que, naquele momento, at� as grandes empresas de comunica��o estavam enfrentando dificuldades. 

Noutra cena, vemos a mesma personagem preocupada com as notas baixas que seus filhos est�o tirando na escola porque ela, por falta de tempo, n�o consegue dar a eles o acompanhamento de que necessitam.

O document�rio chega a 2017, ano de elei��es em Uttar Pradesh, com foco na ascens�o do nacionalismo hindu na �ndia e as esferas pol�tica e religiosa cada vez mais amalgamadas – um cen�rio que n�o � nada favor�vel para as mulheres. 

Neste momento, o canal no YouTube do Khabar Lahariya j� contabiliza mais de 10 milh�es de visualiza��es. Os ingredientes de resili�ncia e supera��o que envolvem as mulheres que batalham por aquilo que consideram uma miss�o de sustenta��o da democracia � o que cativa em “Escrevendo com fogo".

EXPANS�O 
O document�rio n�o s� oferece um arco dram�tico eficiente, com a heroica jornada do Khabar Lahariya e de suas profissionais entre 2016 e 2021, como tamb�m revela, sem filtros, os cen�rios de uma �ndia que n�o aparece nos cart�es-postais e os costumes de seu povo. Entre reveses e sucessos, o jornal chega aos dias atuais, ativo, com mais de 150 milh�es de visualiza��es em seu canal do YouTube e em rota de expans�o.

“Geralmente, em um filme jornal�stico, temos um caso que se torna o cora��o da hist�ria. Aqui, a forma que a hist�ria � estruturada e contada � totalmente diferente. Sim, elas s�o jornalistas, mas elas tamb�m s�o mulheres determinadas e era isso que quer�amos colocar como o centro do filme”, disse o diretor Rintu Thomas por ocasi�o do lan�amento do document�rio.


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