"Bridgerton" adota ares de programa fam�lia e reduz a carga de sensualidade
Segunda temporada da s�rie chega nesta sexta (25/3) � Netflix, com oito epis�dios e uma nova fam�lia formada por tr�s mulheres inclu�da na trama
Kate Sharma (Simone Ashley) e Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey) se detestam no in�cio da trama, mas a antipatia m�tua vai se converter em amor (foto: NETFLIX/DIVULGA��O)
Em ess�ncia, “Bridgerton” � uma hist�ria sobre um mocinho e uma mocinha que se odeiam � primeira vista, acabam se apaixonando e, no final, ser�o felizes para sempre. Esse � um pacto firmado entre a escritora norte-americana Julia Quinn e seus leitores, desde que estreou a s�rie de romances a�ucarados de �poca, 22 anos atr�s. A cada volume (s�o oito hist�rias, traduzidas para 41 idiomas), novas narrativas e personagens se sucedem at� o invari�vel happy end.
Em dezembro de 2020, a Netflix lan�ou uma vers�o mais colorida, diversa e apimentada das narrativas de Quinn, autora diretamente influenciada pela obra de Jane Austen (1775-1817). Foi a primeira produ��o da Shondaland para a plataforma. Com acordo para a realiza��o de oito s�ries, a todo-poderosa Shonda Rhimes abandonou o modelo tradicional (a rede ABC, onde lan�ou "Grey's anatomy" e “Scandal”) para se lan�ar no streaming.
Desde ent�o, “Bridgerton” � a s�rie em l�ngua inglesa mais assistida da plataforma. E a segunda temporada, com estreia nesta sexta (25/3), provavelmente atingir� grandes �ndices de audi�ncia. Mas isso dever� acontecer mais pela popularidade que a s�rie adquiriu do que pela temporada em si.
O ano 2 de “Bridgerton” tenta agradar a uma camada maior de espectadores. Virou uma s�rie para assistir � noite com toda a fam�lia reunida. Mais casto, com muitas hist�rias secund�rias (algumas nada relevantes) e um par central que demora (muiiito) para efetivamente se encontrar, parece uma dilui��o do primeiro ano.
A rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) recebe na corte um trio de nobres indianas. As Sharma buscam um noivo para a ca�ula�
(foto: NETFLIX/DIVULGA��O)
CORTE
Novamente com Chris van Dusen no comando, a produ��o continua trazendo cen�rios e figurinos de encher os olhos. Tamb�m mira a diversidade e enfatiza a discuss�o feminista. Na corte inglesa comandada por uma rainha negra (a rainha Charlotte, de Golda Rosheuvel, que vai ganhar sua pr�pria s�rie), uma nova fam�lia vai se reunir para o in�cio da temporada de grandes eventos.
As Sharma s�o tr�s mulheres – m�e vi�va e duas filhas – que chegam da �ndia para que a ca�ula, Edwina (Charithra Chandran), encontre um marido na sociedade. A mais velha, Kate (Simone Ashley), � quem toma as r�deas de tudo.
Ela tem suas pr�prias raz�es para que a irm�, a quem superprotege, se case bem. S� que n�o contava que o maior pretendente de Edwina fosse Anthony (Jonathan Bailey), o visconde Bridgerton. Ele e Kate se esbarram no in�cio da hist�ria – a antipatia m�tua � imediata.
O mais velho dos oito irm�os Bridgerton, outrora beberr�o e mulherengo, resolveu assumir as devidas responsabilidades. Um flashback explica como Anthony tomou para si o dever e a honra para com sua fam�lia – e por que n�o quer um casamento por amor. Tais quest�es tamb�m passeiam pela cabe�a de Kate. Os dois s�o exatamente iguais – e chega a ser enervante a espera para que eles finalmente se encontrem.
VALORES
Paralelamente, a s�rie traz outras subtramas. As mais relevantes s�o comandadas por mulheres. Eloise Bridgerton (Claudia Jessie), a filha rebelde do cl�, continua a tentar descobrir quem � a misteriosa Lady Whistledown. Sua investiga��o a leva n�o s� a um mundo bem diferente do da alta classe, como tamb�m a contestar os valores com que foi criada.
Depois que Penelope Featherington (Nicola Coughlan) foi revelada como a fofoqueira Lady Whistledown no final da temporada passada, grande parte de sua hist�ria continua girando em torno de esconder seu segredo.
Do elenco principal, a bem-vinda novidade � Simone Ashley, conhecida como Olivia Hanan, uma das integrantes do grupo Os Intoc�veis da s�rie teen “Sex education”, outro sucesso da Netflix. � ela quem carrega o fogo que fez com que Ren�-Jean Page (Simon Basset) se tornasse o astro da temporada inicial.
Jonathan Bailey n�o tem o mesmo carisma do gal� que o antecedeu. A despeito disso, h� qu�mica entre os dois novos protagonistas – ainda que as poucas cenas de intimidade sejam bastante prosaicas perto do que o primeiro ano apresentou.
Enquanto Penelope Featherington (Nicola Coughlan) segue tentando esconder seu segredo, Eloise Bridgerton (Claudia Jessie) continua empenhada em desvendar o mist�rio de Lady Whistledown (foto: NETFLIX/DIVULGA��O)
ARCO
“Como come�amos a trabalhar remotamente, pois est�vamos em lockdown, foi um longo processo”, diz Bailey, que achou fascinante a possibilidade de o seu personagem tomar o controle de sua fam�lia. “Foi muito bom explorarmos o passado de Anthony, explicando por que ele tinha um comportamento question�vel. O arco do personagem � grande, h� muito a ser descoberto.”
O ator, abertamente gay, afirma que sua sexualidade n�o foi um tema de discuss�o: “Pessoalmente, eu nunca escondi nada, mas a quest�o � complexa. H� pessoas que t�m que esconder sua sexualidade para ser bem-sucedidas em grandes projetos comerciais como ‘Bridgerton’. Mas quando fui chamado para a s�rie, isso n�o fez parte da conversa.”
Simone comenta que foi tranquila a transi��o de “Sex education” para “Bridgerton”. “Foi como uma formatura, j� que de uma adolescente de 16 anos mudei para um mundo t�o diferente.” Para ela, o primeiro grande momento entre Kate e Anthony se d� no segundo epis�dio, quando os dois competem durante uma ca�ada.
Com mais espa�o nesta temporada do que na anterior, Nicola Coughlan afirma que Penelope Featherington est� bem diferente da garota bem-humorada do in�cio da hist�ria. “� uma jornada complicada, mas acho que ela � resultado de tudo o que passou. Foi subestimada a vida toda, colocada de lado pela pr�pria fam�lia. Ent�o leu muito e entendeu o poder que suas palavras (como Lady Whistledown) t�m. � algu�m que ainda tem que resolver muitas quest�es”, comenta.
“BRIDGERTON”
• A segunda temporada, com oito epis�dios, estreia nesta sexta (25/3), na Netflix
(foto: Instagram/reprodu��o)
CINCO PERGUNTAS PARA...
CHRIS VAN DUSEN,
criador de “Bridgerton”
Nesta temporada h� mais tramas secund�rias e menos sexo. Por qu�?
“Bridgerton” � uma s�rie que muda o foco temporada ap�s temporada. E nunca foi uma produ��o sobre a quantidade de cenas de sexo. Acho esta temporada t�o sexy quanto a anterior, igualmente escandalosa e satisfat�ria. E nos olhos, nas m�os que mal se encostam, voc� encontra tens�o sexual. Jonathan e Simone s�o magn�ticos, a qu�mica est� l�. Al�m do mais, nunca fizemos nenhuma cena de sexo gratuitamente – elas sempre tiveram um prop�sito maior.
Qual � o maior desafio de contar, ao longo de oito epis�dios, uma hist�ria que todo mundo sabe como vai terminar?
Um dos trof�us deste g�nero de hist�ria � a quantidade de conflitos. Voc� acompanha Kate e Anthony p� ante p� ao longo da temporada, v� o relacionamento crescer cena ap�s cena. Ao final da caminhada, sabe que ela valer� a pena. O desafio com cada hist�ria � nunca deixar que o p�blico preveja o que ir� acontecer. Queremos trazer o inesperado. O conceito da s�rie � ser mais do que sobre a fam�lia Bridgerton. Quero que a hist�ria seja como uma extens�o do mundo, um espelho da sociedade.
O livro “O visconde que me amava” � um dos mais queridos da cole��o “Bridgerton”. Como foi o processo de mudar a hist�ria criada por Julia Quinn?
Diferen�as s�o naturais em qualquer adapta��o. O importante � sempre manter a ess�ncia da hist�ria. A mudan�a da fam�lia Sheffield para a fam�lia Sharma (no livro, a fam�lia de Kate � inglesa, e na s�rie, indiana) faz parte da discuss�o que propusemos desde o in�cio da s�rie. Tivemos a ajuda de v�rios consultores para ser aut�nticos e poder explorar as tradi��es da fam�lia. “Bridgerton” n�o seria “Bridgerton” se n�o mostr�ssemos o mundo como ele �. � uma hist�ria de �poca, com temas universais com os quais todos podem se identificar.
Se voc� n�o tiver um casal de protagonistas com qu�mica, a s�rie n�o funciona. Como escalou Simone Ashley?
Fizemos uma busca na televis�o, no teatro, no cinema. A diretora de elenco fez testes tamb�m na �ndia. Mas, quando a Simone chegou, soubemos que t�nhamos encontrado nossa Kate. Conhecia o trabalho dela em ‘Sex education’, queria que ela mostrasse diferentes camadas: fosse uma mulher forte e de opini�o, mas que, ao mesmo tempo, fosse vulner�vel. Por causa da pandemia, os ensaios foram via Zoom, e admito que fiquei nervoso com a possibilidade de que a qu�mica entre Simone e Jonathan n�o funcionasse quando fosse pra valer. Estava totalmente errado, eles foram el�tricos.
O que de mais importante voc� aprendeu trabalhando com Shonda Rhimes?
Independentemente da s�rie em que estou trabalhando, como criador tenho como filosofia – e isso � algo que levo para os roteiristas: n�o ter medo de colocar as personagens em situa��es inimagin�veis. Ao criar tens�o, voc� tem que resolver como eles v�o sair daquilo. Mas, no fim das contas, o que fa�o � a TV que gosto de assistir.
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