
A primeira coisa que chama a aten��o no filme “Madrugada em Paris”, de Elie Wajeman, que estreia nesta quinta-feira (24/3), � o fato de as cenas n�o parecerem ser filmadas na capital francesa, apesar do t�tulo em portugu�s – na Fran�a, o longa foi lan�ado como “M�decin de nuit” (“M�dico da noite”, em tradu��o livre).
Longe de pontos tur�sticos como a Torre Eiffel ou a Champs-�lys�es, que ajudam a identificar uma das cidades mais famosas do mundo, o longa do franc�s Wajeman mostra o submundo violento e sombrio habitado por traficantes e viciados em drogas.
CRISE EXISTENCIAL
� nesse ambiente que transita o m�dico Mika�l Kourtchine (Vincent Macaigne), homem em plena crise de meia-idade, dividido entre a mulher e a amante, que passa suas noites atendendo dependentes qu�micos em bairros afastados.Apesar do trabalho aparentemente �tico e legal, esse atendimento levanta suspeitas por conta do excesso de medicamentos prescritos. Kourtchine � associado ao esquema de receitas m�dicas falsas liderado por seu primo, o farmac�utico Dimitri (Pio Marmai).
Em meio a tudo isso, Mika�l se d� conta de que precisa retomar as r�deas de sua vida e � isso que tenta fazer ao longo dos 82 minutos do filme, que passam de forma fren�tica, em clima de suspense e tens�o.
A trama ocorre em apenas uma noite. A maioria das cenas � noturna, o que d� atmosfera de noir contempor�neo ao longa. Soma-se a isso a atua��o de Vincent Macaigne, que incorpora a sensa��o de fracasso sentida pelo m�dico e o humaniza por meio de suas decep��es.
Suspense de tirar o f�lego, “Madrugada em Paris”, com roteiro assinado pelo pr�prio diretor, � fruto da imers�o de Elie Wajeman no universo dos profissionais especializados em tr�fico de medicamentos.
O cineasta conversou com farmac�uticos sobre os meandros da profiss�o, assistiu a julgamentos de envolvidos com o tr�fico de Subutex, rem�dio utilizado por dependentes qu�micos, e acompanhou o trabalho de m�dicos noturnos em Paris.
Em entrevista ao site Cineeuropa, Wajeman contou que, ao pensar no roteiro, quis “criar um m�dico noturno e misturar filme noir com intriga criminosa”.
Ao pesquisar sobre esses profissionais, chegou � conclus�o de que seria uma oportunidade trazer a p�blico um personagem fict�cio complexo que entraria na casa das pessoas, mostrando sua intimidade, e tamb�m o pouco conhecido submundo de Paris.
“Queria trat�-lo como um personagem puramente fict�cio, uma esp�cie de detetive particular que viaja pela perigosa cidade grande”, declarou o diretor.
Exibido no Festival de Cannes no ano passado, o longa de Elie Wajeman foi considerado pela cr�tica como suspense de primeira qualidade, marcado pela atua��o do protagonista.
“Um filme noir, �spero e tenso, carregado por um majestoso Vicent Macaigne", escreveu o cr�tico Adrian Gombeaud, do jornal franc�s Les Echos.
No Brasil, o longa fez parte do Festival Varilux de Cinema Franc�s, realizado entre novembro e dezembro do ano passado.
TRAFICANTE JUDEU
“Madrugada em Paris” � o terceiro longa de Elie Wajeman, de 41 anos. O diretor estreou no formato com o drama “Aliyah” (2012), sobre a jornada de um traficante parisiense judeu que sonha em juntar dinheiro para deixar a capital francesa e se mudar para Israel.Seu filme seguinte foi “Os anarquistas” (2015), protagonizado por Tahar Rahim e Ad�le Exarchopoulos. O longa se passa em 1899 e � centrado no sargento Jean Albertini, escolhido para se infiltrar em um grupo de anarquistas.
“MADRUGADA EM PARIS”
Fran�a, 2020, 82min. Dire��o de Elie Wajeman. Com Vicent Macaigne, Sara Giraudeau e Pio Marmai. Estreia nesta quinta-feira (24/3), no UNA Cine Belas Artes, �s 14h e 19h, e no Cineart Ponteio, �s 13h30 e 19h35