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Estado de Minas GAL�

A jornada de Alain Delon at� optar por suic�dio assistido

Pr�tica � diferente de eutan�sia e requer que o paciente tome o ato de ingerir o medicamento prescrito por autoridades m�dicas.


31/03/2022 05:20 - atualizado 31/03/2022 09:12


O ator francês Alain Delon reage ao chegar para ser premiado com uma Palma de Ouro Honorária na 72ª edição do Festival de Cinema de Cannes em Cannes, sul da França, em 19 de maio de 2019
Alain Delon sofreu um AVC em 2019 e seu filho divulgou desejo do pai de colocar fim � pr�pria vida por meio de suic�dio assistido (foto: AFP)

Aos 86 anos, o ator franc�s Alain Delon inspirou a carreira de muitos que seguiram a profiss�o e estrelou grandes sucessos, como "O sol por Testemunha" (1959) e "Cidad�o Klein" (1976).

Recentemente, seu filho Anthony divulgou o desejo do pai em colocar fim � pr�pria vida por meio de suic�dio assistido. No pa�s onde o ator vivia, a Su��a, a pr�tica � permitida - diferentemente da eutan�sia, considerada ilegal.

"No suic�dio assistido ou morte assistida, � a pr�pria pessoa, auxiliada por terceiros, que toma a atitude final, ingerindo uma c�psula que contenha subst�ncia letal, por exemplo. Na eutan�sia, � outra pessoa que executa, a pedido do paciente, geralmente atrav�s de uma inje��o letal", esclarece Rodolfo Moraes, m�dico paliativista que atua no Hospital do C�ncer de Franca (SP).

A carreira do ator que viveu seu auge nos anos 60 e 70

- Leia: H� um tempo para partir?

Anos antes de se tornar ator, Alain Fabien Maurice Marcel Delon, nascido em 8 de novembro de 1935, em Sceaux, Hauts-de-Seine, na Fran�a, come�ou a trabalhar como aprendiz de a�ougueiro ao lado de seu pai.

Depois, alistou-se como fuzileiro naval e em 1953 foi enviado para o sudeste asi�tico. Ap�s sua dispensa em 1955, ele fez v�rios tipos de trabalhos tempor�rios e tornou-se amigo de alguns atores de cinema - com os quais compareceu ao festival de cinema de Cannes de 1957.

L�, Delon atraiu a aten��o de um ca�ador de talentos do produtor americano David Selznick, que ofereceu a ele um contrato se aprendesse a falar ingl�s. No entanto, em contato tamb�m com o diretor franc�s Yves All�gret, Alain decidiu seguir carreira na Fran�a.


O ator francês Alain Delon no set de Mercado Negro, filme de 1959 dirigido por Michel Boisrond
Alain era considerado um gal� do cinema entre os anos 1960 e 1970 (foto: Getty Images)

Alain era considerado um gal� do cinema entre os anos 1960 e 1970, e chegou a fazer apari��es em mais de 80 produ��es cinematogr�ficas.

A decis�o do suic�dio assistido

Em 25 de mar�o, o perfil oficial de Alain Delon no Instagram publicou o que foi lido pelos f�s como uma mensagem de despedida.

"Eu gostaria de agradecer a todos que me acompanharam ao longo dos anos e me deram grande apoio. Espero que os futuros atores possam encontrar em mim um exemplo n�o s� no campo do trabalho, mas na vida cotidiana entre vit�rias e derrotas. Obrigado, Alain Delon."

A conta na rede social foi apagada.

Alain sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em 2019 e mencionou algumas vezes a possibilidade de recorrer ao suic�dio assistido, ao acompanhar o sofrimento de sua esposa, Nathalie Delon, que tinha a mesma inten��o e faleceu em 2021 por c�ncer de p�ncreas antes de conseguir as autoriza��es necess�rias.

"O AVC por si s� n�o d� base para o pedido de suic�dio assistido, mas toda pessoa que sofre o quadro tem a possibilidade de desenvolver outros - por exemplo, a dem�ncia vascular, que causa decl�nio cognitivo e funcional", explica Priscilla Mussi, geriatra e coordenadora de Geriatria do Hospital Santa L�cia, de Bras�lia, que d� assist�ncia a casos paliativos.

A m�dica explica que, para ser respeitada pelas autoridades, basta que a decis�o tenha sido tomada quando o ator estava l�cido e que ele tenha sido acompanhado como determina a regulamenta��o do pa�s.


Alain Delon andando com ajuda de uma muleta durante o funeral do também ator Jean-Paul Belmondo em Paris, setembro de 2021
Alain Delon andando com ajuda de uma muleta durante o funeral do tamb�m ator Jean-Paul Belmondo em Paris, setembro de 2021 (foto: Getty Images)

Pa�ses onde o suic�dio assistido ou a eutan�sia s�o permitidos

A eutan�sia volunt�ria, assim como o suic�dio assistido, s�o legais na Holanda, B�lgica, Luxemburgo, Col�mbia e Espanha.

J� o suic�dio assistido � permitido na Su��a, Alemanha, Canad�, �frica do Sul e em alguns estados dos Estados Unidos, entre eles: Oregon, Colorado, Hava�, Vermont, Washington, Calif�rnia e Nova Jersey — com regras espec�ficas em cada local.

J� a eutan�sia involunt�ria � ilegal em todos os pa�ses do mundo e comumente considerada homic�dio. Mesmo nos pa�ses em que a eutan�sia volunt�ria � legal, continua a ser considerada crime de homic�dio se n�o forem cumpridas determinadas condi��es.

"� um processo meticuloso e longo, geralmente feito com acompanhamento m�dico, psicol�gico e psiqui�trico. O paciente precisa estar com uma doen�a grave e exposto a um grande sofrimento. Na Su��a, onde o ator morava, requere-se acompanhar o 'candidato'", aponta o m�dico paliativista Rodolfo Moraes.

De acordo com o m�dico, quem faz o pedido tamb�m precisa estar com o desejo persistente de encerrar a vida. "Isso � exigido para evitar que a pessoa queira ter sua vida abreviada no momento de decep��o, por exemplo, que pode afetar a capacidade da pessoa de fazer escolhas."

No Brasil, nenhuma das pr�ticas � aceita legalmente e pratica-se somente a ortotan�sia (morte natural, sem interfer�ncia da ci�ncia).

"Consiste em n�o aumentar a chance de morte, mas tamb�m n�o impedi-la. � n�o usar, por exemplo, meios artificiais, como m�quinas, para prolongar a vida de uma pessoa que possui uma doen�a grave e incur�vel. Mas tamb�m apoia o paciente e d� o m�ximo de conforto e de qualidade de vida que ele pode ter. O que importa nesses casos � a qualidade de dias vivos, n�o o n�mero de dias vivos", diz a geriatra Priscilla Mussi.

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