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Estado de Minas M�SICA

'Trioanast�cia' vai � luta, agora com Beto, Ant�nio J�lio e Dudu Azevedo

Ap�s a sa�da de Pod�, banda adota o formato guitarra, baixo e bateria, disposta a seguir adiante com tr�s vocalistas e renascer como a mitol�gica f�nix


13/04/2022 04:00 - atualizado 12/04/2022 22:55

Os músicos Beto, Antônio Júlio e Dudu Azevedo, em frente ao microfone, sorriem no palco durante ensaio de show
Os irm�os Beto e Ant�nio J�lio com Dudu Azevedo, ator e baterista carioca, formam o novo power trio mineiro (foto: Acervo pessoal)

"O Tia sofreu v�rias amputa��es, perdeu bra�o, perna, mas o cora��o e a alma ainda permanecem"

Dudu Azevedo, baterista


F�nix, ave da mitologia grega que ressurge das pr�prias cinzas, � a tradu��o do Tianast�cia, que volta aos palcos depois da inesperada sa�da do vocalista Pod�. Desta vez, em ritmo de power trio: os irm�os Beto (baixo e vocal) e Ant�nio J�lio (guitarra e vocal) se juntaram ao ator e m�sico carioca Dudu Azevedo (bateria e vocal) para dar continuidade � longa hist�ria da banda mineira, que est� completando 25 anos.

Pod� postou em suas redes sociais que sai de cena, sem brigas ou rancores, para cuidar da sa�de. Sem o vocalista, que ingressou no grupo em 1997, o “Tia” teve de se reinventar mais uma vez. Em 2 de abril, Beto, Ant�nio J�lio e Dudu se apresentaram para cerca de 5 mil pessoas na cidade hist�rica mineira de Tiradentes, e ficaram satisfeitos com o resultado.

CASAMENTO SEM GRA�A

Beto Nast�cia diz que a banda prossegue em sua trilha de desafios. “Para se ter uma ideia, dos integrantes do primeiro disco, ‘Acebolado’ (1996), s� ficamos eu e Ant�nio J�lio. A partir do segundo �lbum, ‘Produzido por Tianast�cia’ (1998), come�aram as trocas. A vida � isso, encaro tudo de uma forma natural”, diz o baixista. E compara a banda ao casamento: “Tem uma hora em que o amor acaba ou, ent�o, o sexo perde a gra�a. Resumindo: num determinado momento, o neg�cio perde o sentido.”

Quando Andr� Miglio deixou o Tianast�cia para se dedicar ao circo, muita gente decretou o fim da banda. Entraram Pod� e Maurinho, e o grupo seguiu. Em 2019, Maurinho saiu; em mar�o deste ano, foi a vez de Pod�. Antes, Glauco tomou o mesmo caminho.

“Poucas bandas sobrevivem h� tanto tempo. A diferen�a � voc� conseguir achar for�as nas dificuldades e encarar o neg�cio. Uma coisa que a gente aprendeu nestes anos todos foi encarar o neg�cio com verdade, porque n�o adianta ficar (parado) no processo interno que n�o est� fluindo”, diz Beto.

O m�sico explica que � “sempre uma maravilha” subir ao palco, tocar, cantar e ouvir o p�blico acompanhando. Mas lembra que bandas s�o formadas por artistas e suas complexidades.

“Cada ser humano tem uma vis�o de mundo, seus pr�prios objetivos, suas cren�as. Com o tempo, isso, �s vezes, vai se tornando insustent�vel. Administrar uma banda n�o � dif�cil, mas administrar egos � quase imposs�vel. Todas as sa�das do Tia foram assim, chegaram a um ponto em que a gente dizia: cara, n�o d�, a gente quer ir por um caminho e a pessoa por outro.”

"Poucas bandas sobrevivem h� tanto tempo. A diferen�a � voc� conseguir achar for�as nas dificuldades e encarar o neg�cio. Uma coisa que a gente aprendeu nestes anos todos foi encarar o neg�cio com verdade, porque n�o adianta ficar (parado) no processo interno que n�o est� fluindo"

Beto Nast�cia, baixista



Beto ressalta que ele e o irm�o, Ant�nio J�lio, nem sempre concordam. “Temos os mesmos pais, a mesma cria��o, dividimos um quarto por mais de 25 anos, pensamos diferentemente em v�rios aspectos”, comenta. Mas h� um ponto em comum: a vis�o profissional a respeito da m�sica.

“A gente acredita no trabalho. M�sica � trabalho, mas muitos costumam levar como divers�o. A gente at� se diverte, claro, pois � um privil�gio voc� trabalhar com o que gosta e, al�m do mais, se divertindo. Mas a gente tem de ter uma responsabilidade muito grande”, diz Beto.

O baixista observa que o grupo deve ser prioridade em rela��o ao ego de cada artista. “Alguns acham que s�o maiores do que tudo, mas n�o � bem assim que funciona.”

Músicos Maurinho e Podé, sem camisa, com um cachorro e montanha ao fundo
Sa�da de Maurinho e Pod� mudou a hist�ria do Tianast�cia (foto: Facebook/reprodu��o)

'PATRIM�NIO DE MINAS'

Para ele, a banda tem papel importante no pop e na trajet�ria cultural do estado. “O Tia j� � patrim�nio de Minas Gerais. Isso nos d� muito orgulho. Ent�o, o neg�cio toma uma propor��o que precisa ser levada com mais crit�rio, aten��o e carinho”, observa. “O que aconteceu foi isto: os que sa�ram tinham outras prioridades. Talvez a sa�da do Pod� tenha sido uma das mais dif�ceis para o Tia”, reconhece.

O ator Dudu Azevedo assumiu a bateria h� cerca de um ano, e a banda gravou o disco “Sonhos loucos” com o produtor Liminha, no Rio de Janeiro. “Na hora de come�ar a viajar para fazer os shows, infelizmente, aconteceu esse epis�dio. Foi dif�cil”, diz Beto, referindo-se � sa�da de Pod�.

“Eu, Ant�nio e Dudu ficamos tr�s semanas ensaiando no Rio, assumimos os vocais”, relembra. E admite que o trio mostra algo diferente das forma��es anteriores. “N�o d� para comparar, cada situa��o � �nica. Mas o show de Tiradentes foi maravilhoso e provou que podemos seguir adiante.”

Beto, Dudu e Ant�nio J�lio tiveram cerca de 20 dias para se preparar. “A gente nunca havia assumido os vocais”, conta Beto. “Acabou que eu, Dudu e Ant�nio ficamos ainda mais fortalecidos, porque temos o mesmo objetivo, que � ser a maior banda de rock do Brasil. � isso o que queremos desde come�o e estamos lutando para tal.”

Mudan�as s�o dif�ceis, mas o desafio vale a pena, acredita Beto Nast�cia. “�s vezes, a gente acha que o neg�cio � ruim naquele momento, mas logo depois entende que foi necess�rio. O ruim vem para melhorar. � impressionante como agora recuperamos a alegria de tocar”, garante. “Como a f�nix, o Tianast�cia renasce e continua construindo a sua hist�ria. Nunca tivemos forma��o t�o tranquila quanto essa de agora”, diz, afirmando que o formato power trio � “confort�vel, muito bom.”

"Por mim, ainda estar�amos na primeira forma��o, com Andr� e Cadu. Mas o Andr� foi fazer circo e Cadu, infelizmente, faleceu. Depois, Maurinho quis fazer carreira solo, Glauco foi para o Pato Fu e agora Pod� sai para cuidar da sa�de. Penso que serei o �ltimo a sair do Tia"

Ant�nio J�lio, guitarrista


PROFISS�O DE F� 

O guitarrista Ant�nio J�lio diz que m�sica � a profiss�o na qual trabalha porque gosta. “A primeira vez em que vi um viol�o, corri em dire��o a ele. Acho que nascemos com isso”, comenta. Quando entrei para o Tia, logo depois o pessoal foi saindo. Desde os primeiros momentos... Mas pensei: � isso que quero pra mim. Enquanto gostar, vou continuar tocando.”

“Por mim, ainda estar�amos na primeira forma��o, com Andr� e Cadu. Mas o Andr� foi fazer circo e Cadu, infelizmente, faleceu. Depois, Maurinho quis fazer carreira solo, Glauco foi para o Pato Fu e agora Pod� sai para cuidar da sa�de. Penso que serei o �ltimo a sair do Tia”, garante.

A sa�da de Pod� foi “uma paulada” admite o guitarrista, pois a banda ficou sem seu vocalista principal. “Eu, Beto e Dudu fizemos uma reuni�o para discutir duas op��es: ou para ou continua. A�, decidimos: vamos tocar, encarar e ver o que acontece.”

Os tr�s, antes de tudo, t�m senso cr�tico e estavam dispostos a rever a decis�o caso o formato power trio – baixo, guitarra e bateria e os tr�s cantando – n�o funcionasse, revela Ant�nio. “Fizemos ensaios absurdos, tipo de manh�, de tarde e de noite, para o show em Tiradentes. E n�o deu outra, a apresenta��o foi um sucesso.”

Tiradentes, na verdade, foi a “prova de fogo”: o trio diante do p�blico pela primeira vez. “Gra�as a Deus, a resposta foi gratificante. Ent�o, estamos tranquilos neste momento e decidimos continuar, bola pra frente”, comenta. O receio de que a nova forma��o seria rejeitada pelo p�blico se dissipou.

“Uma banda tem de passar para o p�blico que ela gosta do que est� fazendo. Se um integrante n�o est� em sintonia com os outros, n�o consegue passar isso. O que mais deu certo � que eu, Beto e Dudu temos pensamentos parecidos, tanto em sonho quanto em atitude e trabalho. Estamos curtindo muito, tocando e cantando por prazer. Agora, � ensaiar cada vez mais e continuar trabalhando.”

Ant�nio J�lio cita o trecho de uma can��o do Tia – “Eu sempre digo sim/ quando a vida me diz n�o” – para definir o atual momento dele e da banda.

“Sempre fui um cara otimista e gosto de tocar. Se o Tia acabasse hoje, continuaria tocando e, provavelmente, montaria nova banda ou entraria em outra, pois m�sica faz bem para a minha alma.”

O ator Dudu Azevedo gesticula com a mão e conversa com Paola Oliveira em cena da novela 'Cama de gato'
Dudu Azevedo contracena com Paola Oliveira em 'Cama de gato', novela exibida em 2009 e 2010 na Globo (foto: Thiago Prado Neris/divulga��o)

ALMA PR�PRIA 

O ator e baterista Dudu Azevedo confia na hist�ria constru�da pelo Tia ao longo de 25 anos. “A pr�pria hist�ria fala por si. A banda tem grandes m�sicas, energia e alma pr�pria. Entrei no Tia para fazer parte de uma entidade j� estabelecida”, afirma.

Azevedo se diz pronto para o desafio de encarar a realidade. “Estamos aqui na vida para lidar com os fatos e nos reinventar diante daquilo que a gente n�o tem escolha. Eu, Beto e Ant�nio J�lio nos vimos diante de um problema dif�cil e optamos por n�o acabar com a banda, porque o Tia � gigante”, diz ele.

Veja o �ltimo clipe do Tia com Pod�:

O baterista elogia Pod�, que, em sua opini�o, � um dos melhores cantores de rock do Brasil. “Um tesouro, um cara que tem uma voz sensacional, bar�tono com voz potente, forte e afinada. Tamb�m � um ser humano como outro qualquer, tem os seus problemas. A sa�da aconteceu por raz�es que fogem da minha responsabilidade e compet�ncia, da mesma forma com Ant�nio J�lio e Beto. A gente se v� diante de uma situa��o na qual n�o havia como seguir os quatro. E a op��o foi o Pod� sair para tratar da sa�de dele. Decidimos isso juntos, sem qualquer problema, com serenidade.”

Dudu afirma que a banda tem o compromisso de ser respons�vel e respeitosa com seu ex-vocalista. “O pr�prio Pod� � quem deve falar sobre os problemas dele”, observa. “Chegamos a uma bifurca��o: decidimos seguir em frente com os tr�s e, enquanto isso, Pod� vai por outra dire��o, se cuidar.”

O baterista diz que n�o � f�cil ele e os dois companheiros assumirem os vocais, juntos. “Quando a gente para pra pensar, entende que � dif�cil a forma��o de trio, eu cantando e tocando bateria, o Antonio J�lio tamb�m, tocando guitarra e cantando”, ressalta. “Acontece que a gente se adapta, por mais dif�cil que seja. E acaba sendo ainda mais dif�cil tentar arrumar algu�m para colocar no lugar de outro.”

Dudu destaca que o novo disco, “Sonhos loucos”, traz a voz de Pod�.“Ele est� na hist�ria da banda e foi Pod� quem cantou na grava��o.

VELOCIDADE CRUZEIRO

O baterista carioca conta que n�o passa pela cabe�a dos tr�s a ideia de parar. “Mesmo diante do que aconteceu, nos sentimos ainda mais fortes e capacitados para alcan�ar os objetivos que a gente tem de proje��o nacional, de vit�ria mesmo”, diz. “Mais do que nunca, a gente se sente em um voo em velocidade de cruzeiro para a vit�ria. N�o vamos esmorecer de jeito nenhum”, afirma. “O Tia sofreu v�rias amputa��es, perdeu bra�o, perna, mas o cora��o e a alma ainda permanecem”, compara.

Dudu acredita que trouxe sua contribui��o particular para a qu�mica da banda. “Chego como um elemento diferente, vindo do Rio de Janeiro, das artes. Tenho viv�ncia longa n�o s� com m�sica, mas tamb�m com as artes c�nicas. Ent�o, trago uma energia nova”, comenta, otimista em rela��o � nova reciclagem do grupo. “O Tia est� em fase de recria��o”, conclui.


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