
A obra "A marcha – Uma instala��o coreogr�fica" marca a formatura dos alunos do curso t�cnico em dan�a do Centro de Forma��o Art�stica e Tecnol�gica (Cefart) da Funda��o Cl�vis Salgado.
O trabalho, dirigido e coordenado pela artista Dudude Herrmann, se desdobra em v�deos, performances e uma instala��o visual que ocupa a Galeria Mari’Stella Trist�o, no Pal�cio das Artes, desde a �ltima sexta-feira (15/4). A discuss�o proposta pela obra � sobre a rela��o do ser humano com seu ambiente natural.
"Esse trabalho foi pensado a partir do desejo e da necessidade de reconex�o com a Terra, reconhecendo que todos n�s viemos da mesma origem e que j� estamos atrasados para alterar o nosso modo de viver neste planeta lindo e, ao mesmo tempo, extremamente maltratado", afirma Dudude.
A artista aceitou se envolver no projeto de formatura depois de receber um convite dos pr�prios alunos. Todo o projeto, desde a concep��o at� a grava��o dos v�deos, realizada na regi�o de Casa Branca, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de BH, foi feito numa fase em que a pandemia da COVID-19 impunha restri��es severas, o que tamb�m influenciou a cria��o art�stica dos estudantes.
ANTENAS
"A experi�ncia da pandemia nos colocou diante de quest�es muito importantes sobre nosso estar no mundo. Tudo come�ou comigo os escutando, farejando as ideias que eles tinham, usando as minhas antenas sinest�sicas para sentir a turma e ver o que eu precisava fazer para nutrir esses corpos que desejam ser artistas", ela afirma.Segundo ela, todo o processo foi marcado por percal�os que, �s vezes, fizeram com que o projeto tivesse que esperar, o que acabou contribuindo para o produto final exposto ao p�blico. "� um trabalho de dan�a expandida, que sai um pouco da fronteira do que poderia ser a dan�a dentro de uma formalidade. Isso, para mim, tamb�m � um grande aprendizado pessoal", comenta Dudude.
"A marcha" pode ser vista em tr�s v�deos dirigidos e editados por Thais Mol, com imagens capturadas por Samuel Macedo, Frederico Amorelli e Walfried Weissman e trilha sonora de Celso Nascimento. Tamb�m faz parte da obra uma instala��o visual assinada por Tana Guimar�es e Joanna Sanglard. Os v�deos e a instala��o ser�o exibidos nesta ter�a (19/4) e quarta, das 17h �s 21h.
J� as performances, que ser�o apresentadas presencialmente ao p�blico pelos bailarinos formandos Carol Santiago, Rafael Neves, Ygor Gohan, Stephany Viana, J�ssica Castelo, Jhenifer Gon�alves, Let�cia Stella, L�lian Santiago e Matheus Mattos, ocorrem entre a pr�xima quinta (21/4) e o s�bado (23/4), sempre �s 20h, com apresenta��es extras na sexta e no s�bado, �s 18h.
RECADO
"'A marcha' vem como um recado: n�s temos uma miss�o no mundo. E os artistas s�o os respons�veis por mostrar isso, escancarar isso e se colocar a servi�o disso. Cada int�rprete teve o seu prop�sito de mergulho, de desenhos no espa�o e de estados de dan�a. Juntos, n�s movemos energia para construir um trabalho que toca no cora��o das pessoas", analisa Dudude.A cria��o do espet�culo tamb�m envolveu a participa��o das alunas Laysla Araujo e Maria Mariano, da Escola de Tecnologia da Cena, tamb�m pertencente ao Cefart, que desenvolveram o desenho de luz da performance, sob a orienta��o do professor Geraldo Otaviano.
Questionada sobre o fato de o trabalho de formatura dos alunos da Escola de Dan�a n�o ser um espet�culo de palco, como tradicionalmente costuma ser, Dudude Herrmann explica que a escolha de exibir o trabalho em uma das galerias do Pal�cio das Artes tamb�m passa por uma reflex�o conceitual.
"Eu fiz quest�o de n�o habitar o teatro, pelo menos n�o da maneira como o conhecemos, da forma��o palco e plateia. Colocar esse trabalho em uma galeria � uma forma de assinalar ainda mais a conversa entre a dan�a e as outras linguagens art�sticas que constituem esse trabalho", ela explica.
Para a bailarina, o resultado � uma obra que carrega significados m�ltiplos e tem muito potencial para provocar os visitantes. "O artista olha o invis�vel para escancar�-lo. E � isso que n�s estamos fazendo nesse trabalho. O real significado dele; o sentido, cada pessoa vai trazer depois de assisti-lo".
V�DEO
Respons�vel pela dire��o e edi��o dos v�deos que fazem parte da obra, Thais Mol conta que a ideia de gravar a performance surgiu em grande parte devido � pandemia. Como o trabalho foi desenvolvido em diferentes momentos da crise sanit�ria, o cen�rio de incertezas fez com que a escola promovesse a grava��o caso a performance n�o pudesse ser realizada de forma presencial. Diante do resultado, o v�deo foi incorporado ao projeto."Como a Dudude tinha esse medo, ela nos chamou para fazer o v�deo, que � um trabalho feito a partir da pe�a coreogr�fica. Eu levei os alunos e ela para um descampado em Casa Branca, onde senti que eles poderiam performar livremente e de forma segura. A partir da� a gente construiu um roteiro", ela conta.
Cada v�deo tem a sua particularidade. Dois deles t�m como foco a dan�a em grupo. J� o terceiro se dedica aos solos de cada aluno. Juntos eles formam uma pe�a completa: "A marcha – Uma instala��o coreogr�fica".
"Cada solo tem uma linguagem completamente diferente e a gente se aproveitou disso para criar v�deos que dialogam com o processo de cada aluno. De certa forma, eles s�o como uma met�fora, porque o v�deo mostra o dan�arino passando por uma transforma��o", afirma Thais.
Para ela, ainda que os v�deos sejam o registro de uma performance que pode ser vista presencialmente, eles representam um outro momento da rela��o dos alunos com a coreografia; portanto, as diferentes express�es do trabalho t�m as suas peculiaridades e devem ser consideradas separadamente.
"O v�deo � mais controlado. Eles [os formandos] estavam em outro tempo da rela��o com a coreografia, mais no come�o do processo. Depois disso, eles j� se reuniram muito mais vezes para ensaiar o que � apresentado presencialmente. O v�deo traz uma linearidade que n�o cabe na performance", comenta Thais.
"A MARCHA – UMA INSTALA��O COREOGR�FICA"
V�deos, instala��o visual e performances. Galeria Mari’Stella Trist�o, no Pal�cio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Exibi��o dos v�deos e da instala��o visual nesta ter�a (19/4) e quarta (20/4), das 17h �s 21h. Performances de quinta (21/4) a s�bado (23/4), �s 20h, com apresenta��es extras em 22 e 23/4, �s 18h. Entrada franca. Mais informa��es no site da Funda��o Cl�vis Salgado