
Uma casa como outra qualquer, a n�o ser por um detalhe que faz toda a diferen�a. Sala, varanda, cozinha, quartos, tudo est� em cima de um palco. A ideia � transportar o espectador para um ambiente familiar para contar uma hist�ria tamb�m pr�xima do p�blico – e, principalmente, do que todos passamos nos �ltimos dois anos.
Com estreia nesta sexta (22/4), no Teatro Jo�o Ceschiatti, no Pal�cio das Artes, “Enquanto houver vida” � o espet�culo de formatura dos estudantes do curso t�cnico de teatro do Centro de Forma��o Art�stica e Tecnol�gica (Cefart) da Funda��o Cl�vis Salgado. � encenado por um grupo pequeno de atores, apenas oito, que passaram boa parte do curso tendo aulas on-line de uma manifesta��o art�stica que exige a presen�a f�sica.
Tanto por isso, a pandemia � o pano de fundo do drama que se desenrola em cena, com dramaturgia de Cris Moreira e dire��o das atrizes Cl�udia Assun��o e Mariana Ruggiero. Depois de dois anos afastada em decorr�ncia da crise sanit�ria, uma fam�lia se reencontra para uma festa de anivers�rio.
“O motivo da comemora��o causa um desconforto nas pessoas dessa fam�lia”, conta Mariana. Explicar mais entregaria o jogo que se estabelece na cena. Partiu do grupo de formandos – �lisson Valentim, D�vora MC, Diego Siqueira, Carol Gomes, Pablo Xavier, Cleide Matias, Dio e Let�cia Angelo – o convite para que Mariana e Cl�udia assumissem sua primeira dire��o conjunta – e tamb�m a primeira de ambas em um espet�culo do Cefart, cujo curso de teatro est� completando 36 anos.
PESQUISA
A dupla – Mariana � tamb�m cria do Cefart, formou-se na escola em 2004, e Cl�udia, que atuou na Companhia de Dan�a Pal�cio das Artes, graduou-se em teatro pela UFMG – desde 2017 est� � frente do projeto Ator em A��o, no qual desenvolve um trabalho de pesquisa com atores.
Ambas residem em Belo Horizonte, mas v�o para onde o trabalho mandar, j� que t�m uma atua��o no cinema e na TV. Foi precisamente essa a raz�o que levou os formandos a convid�-las para assumir a montagem. “Eles nos procuraram com o desejo de trabalhar a constru��o de personagem e tamb�m por causa do audiovisual. Tanto que conseguimos mesclar o teatro com o v�deo”, comenta Cl�udia.
O processo foi r�pido e intenso. Convidadas em dezembro de 2021, as duas come�aram a trabalhar com o grupo, que n�o conheciam, em janeiro. “Como eles queriam trabalhar teatro e audiovisual, fomos conhecer o nosso cinema. Assistiram a mais de 30 filmes nacionais para ver com o que mais se identificavam. A partir da�, come�amos a recolher depoimentos pessoais e tudo foi registrado com c�mera”, descreve Mariana.
Neste momento, entrou em cena a dramaturga Cris Moreira. No in�cio, ela criou um esqueleto do texto e, a partir da conversa com os atores, chegou ao resultado que est� sendo levado para o palco.
TEXTO
“� um espet�culo muito verborr�gico, os atores falam o tempo todo. Belo Horizonte tem uma cultura do teatro de grupo, de pesquisa. Aqui, o teatro � mais perform�tico do que falado do que no Rio e em S�o Paulo. Acho que como l� a teledramaturgia � muito presente, voc� v� mais teatro com muito texto”, comenta Mariana.
Levar o cinema para a cena foi um desafio da montagem. “Neste ‘casamento’ entre teatro e audiovisual, tem alguns lugares em que o espectador n�o pode entrar. A�, quem entra � a c�mera”, diz Cl�udia.
Isso s� foi poss�vel por causa da cenografia, assinada por Carolina Gomes. “Ela tem uma experi�ncia de 10 anos dentro do Projac (hoje chamado Est�dios Globo, em Jacarepagu�, no Rio), fez muitos cen�rios para teledramaturgia. Ent�o pedimos que constru�sse no Ceschiatti a casa da fam�lia”, diz Mariana, acrescentando que o cen�rio � “quase o personagem principal” da montagem.
O palco foi dividido em dois. Na parte frontal est� localizada a �rea social dessa casa onde se dar� a festa, com varanda, sala e cozinha. Na parte de tr�s do palco est�o os quartos. “O espectador s� v� o que acontece l� atrav�s da janela. E as cenas s�o mostradas por meio de proje��es (a dire��o das grava��es foi de Silvia Godinho). Os atores estar�o em cena fazendo outra coisa, ent�o o p�blico ver� duas realidades: o que � projetado e o que est� em cena. � como uma brincadeira entre teatro e cinema”, afirma Mariana.
PONTE A�REA PROFISSIONAL
No dia em que acertou sua participa��o para a montagem de “Enquanto houver vida”, a atriz Mariana Ruggiero recebeu o convite para participar da s�rie “No mundo da Luna”, adapta��o da HBO Max dirigida por Roberto D�vila, a partir do livro hom�nimo de Carina Rissi, autora best-seller do p�blico jovem.
“Fiquei pensando se iria para S�o Paulo (onde a s�rie foi rodada) para ficar tr�s meses e desistiria da montagem. Mas eu queria muito dirigir a pe�a e n�o podia abrir m�o da s�rie. Ent�o, fiz um acordo com a produ��o de ficar indo e vindo (BH/SP)”, conta a atriz, que terminou h� pouco as grava��es deste que � seu primeiro trabalho em com�dia. “Fa�o uma ex-modelo que luta pelas causas sociais”, diz.
Al�m desta, outra s�rie em que a atriz trabalhou tamb�m estreia este ano. Mariana est� no elenco de “Olhar indiscreto”, da Netflix. Interpreta uma policial na produ��o dirigida por Luciana Oliveira e Fabrizia Alves Pinto. “� uma equipe de muitas mulheres e ser� o primeiro thriller er�tico do Brasil”, conta ela.
CINEMA
Os convites vieram depois de Mariana estrear em longas. No drama “Piedade”, de Cl�udio Assis, lan�ado no ano passado, ela interpretou F�tima, a filha de Dona Carminha, personagem de Fernanda Montenegro. Pelo papel, levou o pr�mio de melhor atriz coadjuvante no Los Angeles Brazil Festival.
J� Claudia, que estreou no cinema com “O sol do meio-dia” (2009), de Eliane Caff�, j� trabalhou com os diretores Tata Amaral (“Hoje”, 2011), Felipe Bragan�a (“N�o devore meu cora��o”, 2017) e Marcos Prado (“Macabro”, 2019). Com participa��es em novelas, atualmente se prepara para entrar na s�rie b�blica “Reis”, da Record.
“Fico transitando entre Rio e S�o Paulo, mas minha casa � em BH, onde passei toda a pandemia. Estrear este espet�culo agora, e com p�blico dentro do teatro, tem um significado grande para a gente”, afirma.
“ENQUANTO HOUVER VIDA”
Espet�culo de formatura do Cefart. Estreia nesta sexta (22/4), �s 20h, no Teatro Jo�o Ceschiatti – Pal�cio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Temporada de quinta a s�bado, �s 20h, e domingo, �s 19h, at� 8 de maio. Entrada franca (ingressos ser�o distribu�dos na bilheteria, uma hora antes de cada apresenta��o)