
Entra-se por uma orelha e se sai por outra em um pavilh�o, um elefante gigante suspenso em uma c�pula com afrescos, imponentes mulheres negras, loiras, perfeitas ou despeda�adas impactam na 59ª Bienal de Arte de Veneza.
A edi��o mais feminista e feminina da prestigiosa Mostra Internacional de arte, que abriu suas portas ao p�blico no s�bado (23/4), brilha por sua criatividade, por suas esculturas, pinturas e instala��es, tanto do passado como do presente.
A maioria das obras (80%) foi realizada por mulheres feministas e sem fama, como ind�genas, nativas, negras e ciganas.
Como uma viagem etnogr�fica entre artistas vindos de in�meros lugares e culturas do mundo, a exposi��o, sob o lema "O leite dos sonhos", re�ne 213 artistas convidados e 59 pa�ses participam com seus pr�prios pavilh�es.
'O cora��o que sai da boca, tal como se v� aqui, que est� pendurado no teto e cresce, cresce, cresce, at� tomar todo o espa�o e obrigar o visitante a se afastar, a pedir licen�a para passar: � uma met�fora do mundo de hoje'
Jonathas de Andrade, artista brasileiro, sobre a instala��o 'Com o cora��o saindo pela boca'
BRASIL
"O cora��o que sai da boca, tal como se v� aqui, que est� pendurado no teto e cresce, cresce, cresce, at� tomar todo o espa�o e obrigar o visitante a se afastar, a pedir licen�a para passar: � uma met�fora do mundo de hoje", afirma o brasileiro Jonathas de Andrade, de 40 anos, ao descrever sua instala��o “Com o cora��o saindo pela boca”, um trabalho gigantesco apresentado no pavilh�o do Brasil, ao qual se ingressa atravessando uma orelha de enormes propor��es.
Surpreende por sua beleza e eleg�ncia a obra de Simone Leigh, a primeira mulher negra a quem os Estados Unidos encarrega o pavilh�o nacional, que apresenta um projeto escult�rico monumental em honra �s trabalhadoras negras de seu pa�s, entre as quais se destacam algumas realizadas em bronze, como a espetacular "Last garment", com mais de 3 metros de altura.
O surrealismo, o hiper-realismo do argentino Gabriel Chaile, com suas descomunais figuras de barro, a arte dos habitantes do c�rculo polar �rtico, os sami, que contam, pela primeira vez, com um pavilh�o pr�prio, montado no tradicional espa�o dos pa�ses n�rdicos (Finl�ndia, Noruega e Su�cia), trazem mensagens pol�ticas.
A guerra na Ucr�nia, ap�s a invas�o em fevereiro das tropas russas, tamb�m marca essa edi��o, j� que o pavilh�o da R�ssia permanece fechado e sob vigil�ncia constante e o da Ucr�nia apresenta uma obra de Pavlo Makov, que foi trazida para a exposi��o em meio aos bombardeios. A Bienal de Veneza fica aberta ao p�blico at� 27 de novembro.