
A premissa � absurda: um bibliotec�rio de 28 anos e uma estudante de 20 se conhecem em Chicago. Ela sabe tudo sobre ele, que nunca a viu na vida. No primeiro encontro, ela revela: os dois v�o se casar. E ela sabe disto h� muitos anos, j� que o conheceu quando crian�a – e, na �poca, ele j� era um adulto. O homem � um viajante no tempo, uma condi��o estranha sobre a qual ele n�o tem nenhum controle.
A despeito da estranheza do mote, a hist�ria j� deu muito certo. “A mulher do viajante no tempo” � o romance de estreia da escritora americana Audrey Niffenegger. Lan�ado em 2003, virou best-seller mundial e gerou, em 2009, o longa-metragem “Te amarei para sempre”, com Rachel McAdams e Eric Bana.
Ganha agora uma adapta��o em formato de miniss�rie. Com estreia neste domingo (15/5), na HBO e HBO Max, “A mulher do viajante no tempo” traz nos pap�is principais Rose Leslie (a Ygritte de “Game of thrones”, par de Kit Harington na s�rie e sua mulher desde ent�o) e Theo James, um dos protagonistas da franquia “Divergente”. Eles s�o Clare e Henry.
DIST�RBIO
Henry sofre de um dist�rbio raro. De tempos em tempos, seu rel�gio biol�gico d� uma guinada pra frente ou pra tr�s, e ele se v� viajando no tempo, levado a momentos emocionalmente importantes de sua vida, tanto no passado quanto no futuro. Causados por acontecimentos estressantes, os deslocamentos s�o imprevis�veis, e Henry � incapaz de control�-los.
A cada viagem, ele tem uma idade diferente e precisa se readaptar mais uma vez � pr�pria vida. E Clare, para quem o tempo passa normalmente, tem de aprender a conviver com a aus�ncia de Henry e com o car�ter inusitado de sua rela��o.
A hist�ria � basicamente esta e a narrativa vai se desenrolando ora com nuances de com�dia rom�ntica, ora com ares de fic��o cient�fica – e tampouco falta um bom drama, j� que o casal sabe desde sempre que, em algum momento, eles v�o se separar definitivamente. A s�rie � claramente voltada para uma nova gera��o, j� acostumada com metaversos.
No epis�dio de estreia, somos apresentados a esta uni�o nada convencional. Conversando com uma c�mera, vemos Clare e Henry envelhecidos e separados, falando sobre o relacionamento e o amor a dist�ncia.
ENCONTRO
A narrativa come�a efetivamente com o encontro da dupla. Ele � o bibliotec�rio que vive de forma err�tica pulando de namorada em namorada. Quando se depara com Henry, Clare j� emenda um encontro que termina com os dois na cama. Mas a situa��o n�o vai terminar bem, pois ela tamb�m descobre que ele tem outra. Como assim, ela ficou esperando a vida inteira por um homem que n�o quer saber de compromisso?
Somos ent�o levados a um flashback (como viaja no tempo, a s�rie � repleta deles) e vemos como o casal se conheceu. Clare tinha n�o mais do que 6 anos quando se encontrou pela primeira vez com Henry. Ele j� tinha chegado aos 30 e contou-lhe que iria aparecer esporadicamente para ela – e s� para ela.
Quando, 14 anos mais tarde, eles finalmente se encontram no tempo presente, ela diz a ele que j� foram mais de 100 encontros, todos devidamente marcados pela jovem na agenda desde ent�o. Pasmo, pois essa vers�o dele nunca havia visto, Henry vai se aproximar dela.
Henry aprendeu a conviver com sua “condi��o”, mas isso n�o quer dizer que seja f�cil. A cada “viagem”, ele chega no lugar completamente nu (e o traseiro de Theo James � explorado por v�rios �ngulos na s�rie) e, invariavelmente, tem que brigar e roubar para conseguir roupas e sobreviver. As marcas f�sicas v�o embora, mas o relacionamento com Clare vai sofrendo com as constantes viagens do marido.
Falta um pouco de qu�mica entre o casal central – e a Clare de Rose Leslie � um tanto antip�tica no in�cio da hist�ria –, mas o drama rom�ntico funciona principalmente para aqueles que chegaram agora. No entanto, esta nova adapta��o n�o acrescenta muito ao que livro e filme j� apresentaram.
“A MULHER DO VIAJANTE NO TEMPO”
• Miniss�rie em seis epis�dios. Estreia neste domingo (15/5), �s 22h, na HBO e HBO Max. Novos epis�dios a cada domingo.