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Estado de Minas M�SICA

M�nica Salmaso e Andr� Mehmari fazem show hoje em BH em tributo a Bituca

Cantora e pianista se apresentam no s�bado (28/5), no Pal�cio das Artes; na sexta (27/5), ela lan�ou o �lbum "Canto sedutor", gravado com Dori Caymmi


27/05/2022 04:00 - atualizado 27/05/2022 20:47

André Mehmari, de camisa cinza e calça preta, e Mônica Salmaso, de camiseta preta e casaco colorido, de pé, sorriem para a câmera
Andr� Mehmari e M�nica Salmaso dividem projetos musicais desde os anos 2000. O novo disco dela foi gravado no est�dio dele (foto: Myriam Villas-Boas/divulga��o)


Hoje no streaming, amanh� no palco. A cantora M�nica Salmaso chega em dose dupla para o p�blico de Belo Horizonte. A partir de sexta-feira (27/5), est� dispon�vel, nas principais plataformas, o disco “Canto sedutor”, que ela gravou juntamente com Dori Caymmi – feito que considera a realiza��o de um sonho. E neste s�bado (28/5), M�nica se apresenta ao lado de Andr� Mehmari, no Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes, com o show dedicado � obra de Milton Nascimento.

Durante a pandemia, a cantora dividiu com Teresa Cristina o posto de rainhas das lives, gra�as ao seu projeto on-line “� de casas”, pelo qual convidava grupos e artistas para, remotamente, cantarem juntos. A participa��o de Dori Caymmi em um dos v�deos foi o embri�o de “Canto sedutor”. 

Grande admiradora da obra do cantor, compositor, instrumentista e arranjador, ela conta que, depois de um primeiro encontro virtual para o projeto, que agradou muito a ambos, eles acabaram repetindo a dose outras tr�s vezes.

“Ouvir nossas vozes juntas me deixou muito emocionada, e ver que Dori tinha gostado da experi�ncia me deu coragem de perguntar se ele topava fazer um disco comigo. Tenho adora��o por Dori h� muitos anos, � quest�o de idolatria mesmo”, diz. 

Ela conta que, ainda durante a pandemia, come�aram a trocar ideias a respeito e, em outubro do ano passado, entraram juntos em est�dio, acompanhados por um grupo de instrumentistas arregimentado pelo saxofonista e flautista Teco Cardoso, marido de M�nica, que responde pela produ��o do disco.

"Quando a gente canta '�gua do rio doce', isso tem uma for�a gigantesca, um outro peso se a gente pensa no rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho. Por outro lado, � dif�cil pensar numa m�sica que te coloque dentro de Minas Gerais mais do que 'Desenredo'. Escutar essa m�sica � estar entre uma igreja e outra de Ouro Preto"

M�nica Salmaso, cantora



A cantora aponta que s�o muitas as singularidades da obra de Dori que justificam sua rever�ncia a ele. “Tem a beleza da voz, o bom gosto e o conhecimento que ele tem da m�sica. Dori � um trabalhador da m�sica, uma pessoa a quem interessa o capricho, fazer m�sica da melhor maneira poss�vel. Isso � fruto da dedica��o de uma vida toda, de um mergulho”, afirma.

Dori Caymmi, de camisa bege, sentado à mesa, é observado por Mônica Salmaso, de pé ao seu lado, usando vestido marrom e óculos
M�nica Salmaso e Dori Caymmi se aproximaram na pandemia, quando ele participou de uma das lives dela, no projeto '� de casas' (foto: Lorena Dini/divulga��o)
REPERT�RIO

M�nica tamb�m destaca a personalidade musical e a sintonia da voz e do viol�o do seu parceiro em “Canto sedutor” – uma combina��o que a deixa sempre emocionada. Ressaltando que Dori soube, com muito estudo e muito trabalho, levar adiante o legado do pai, Dorival, a cantora chama a aten��o, ainda, para a generosidade dele para com seus pares. Tanto � assim que foi o pr�prio Dori quem, j� de sa�da, delegou � cantora a fun��o de escolher o repert�rio que seria gravado.

Ela diz que um primeiro recorte foi se ater �s m�sicas feitas em parceria com Paulo C�sar Pinheiro, com quem Dori comp�e desde o final dos anos 1960. Ainda assim, M�nica admite que sofreu muito para chegar �s can��es que seriam gravadas. 

“� daqueles casos em que o dif�cil n�o � escolher, � cortar”, diz, acrescentando que, durante o processo, Dori acabou por lhe enviar algumas m�sicas in�ditas e que tr�s delas – “Ra�a morena”, “A �gua do rio doce” e a faixa-t�tulo – foram inclu�das no repert�rio.

Com rela��o �s demais, ela aponta que o crit�rio de escolha foi pensar naquelas que se adequavam melhor �s suas vozes. “Eu queria muito a voz do Dori no disco, queria cantar com ele, ent�o comecei a considerar, dentro do que eu tinha selecionado, aquelas can��es cujos tons ficassem bons para n�s dois, para que pud�ssemos cantar juntos”, aponta.

Entram nesse rol cl�ssicos como “Velho piano”, “Desenredo”, “Estrela de terra” e “Hist�ria antiga”, can��o nascedouro do projeto, executada no primeiro encontro da dupla para o “� de casas”, e tamb�m composi��es de uma safra mais recente, como “Vereda”, “Voz de m�goa”, “Delicadeza” e “Quebra-mar”, entre outras.
 

"Minhas m�sicas falam desse lugar. � onde fui criado, um pouco em Minas, um pouco na Bahia, um pouco no Rio de Janeiro, sempre cultivando o amor pela m�sica, pela literatura, pela pintura, pelas artes c�nicas. Vivi um cen�rio que n�o tem nada a ver com essa coisa populista de hoje em dia. O Brasil de que falo � um pa�s que me prometeram e n�o me entregaram"

Dori Caymmi, cantor e compositor

AMOR PELO BRASIL

M�nica diz que o conjunto da obra expressa o amor de Dori pelo Brasil e que essa � a principal marca de “Canto sedutor”. Ela observa que o parceiro no �lbum enxerga o pa�s pelo vi�s da cultura, que, conforme destaca, � muito rica e muito potente, um exemplo do que o pa�s poderia vir a ser. “Acho que isso � o que est� mais presente nesse disco, seguido pelo fato de que a gente est� celebrando um encontro”, aponta.

A cantora acredita que falar do Brasil e de sua cultura neste momento tem um significado especial. “Quando a gente canta ‘�gua do rio doce’, isso tem uma for�a gigantesca, um outro peso se a gente pensa no rompimento das barragens em Mariana e Brumadinho. Por outro lado, � dif�cil pensar numa m�sica que te coloque dentro de Minas Gerais mais do que ‘Desenredo’. Escutar essa m�sica � estar entre uma igreja e outra de Ouro Preto”, compara.

Dori faz coro com M�nica ao apontar o Brasil como a ess�ncia de “Canto sedutor”, mas um Brasil que j� existiu, se perdeu em algum momento de sua hist�ria e hoje � uma utopia. “Minhas m�sicas falam desse lugar. � onde fui criado, um pouco em Minas, um pouco na Bahia, um pouco no Rio de Janeiro, sempre cultivando o amor pela m�sica, pela literatura, pela pintura, pelas artes c�nicas. Vivi um cen�rio que n�o tem nada a ver com essa coisa populista de hoje em dia. O Brasil de que falo � um pa�s que me prometeram e n�o me entregaram”, diz.

O tom desalentado com que Dori fala do Brasil de hoje contrasta com o entusiasmo que ele expressa ao comentar sobre o convite de M�nica para gravar o disco. “Ela atingiu o n�vel das grandes cantoras do Brasil, � a melhor de todas da gera��o dela. M�nica � uma cantora excepcional, eu a igualo a Elis, Beth�nia, Nana, essas grandes cantoras do Brasil. E al�m de ser uma grande artista, ela divide tudo, � muito generosa. Eu, que tenho quase 30 anos a mais que ela, fiquei muito honrado com o convite para fazer esse disco”, ressalta.

“Canto sedutor” foi gravado ao longo de cinco dias no est�dio Monteverdi, de Andr� Mehmari, com quem h� muitos anos M�nica divide projetos. Um deles, desenvolvido no fim de 2020 para ser apresentado virtualmente, aporta agora em Belo Horizonte, ocupando o palco do Grande Teatro do Pal�cio das Artes. “Milton”, o show que os dois apresentam amanh�, celebra tanto a obra do autor de “Travessia” e “Morro velho” quanto a continuidade dessa parceria.

“Acho que a gente se encontrou pela primeira vez no in�cio dos anos 2000. Cada um de n�s tem os seus trabalhos, seus projetos, mas a gente sempre teve esses encontros. Fomos montando, ao longo dos anos, um repert�rio em duo, al�m de participar dos discos um do outro”, diz M�nica.

"A m�sica de Milton j� � parte indissoci�vel da minha vida e da minha hist�ria, de modo que cada can��o se conecta com quem sou em v�rios n�veis, n�o somente como artista. Existe um humanismo profundo que emana da m�sica e da voz de Milton que � algo de imenso valor e que devemos sempre reverenciar e amplificar"

Andr� Mehmari, pianista e compositor


OBRA DE MILTON

A cantora conta que, durante a pandemia, resolveram cumprir uma quarentena e se encontrar, s� os dois, no est�dio de Mehmari, para produzir algum conte�do. Entre as m�sicas que resolveram trabalhar, estava “Morro velho”, cuja execu��o emocionou a dupla e serviu de est�mulo para que dedicassem um trabalho exclusivamente a Milton Nascimento.

“Resolvemos fazer um segundo encontro, no Est�dio Monteverdi, homenageando Milton e seus diversos parceiros. Levantamos um repert�rio muito importante para n�s dois e que, com algumas poucas exce��es, nunca t�nhamos feito juntos”, explica M�nica. 

Esse repert�rio, que o p�blico de Belo Horizonte confere amanh�, inclui “A lua girou”, “Noites do sert�o”, “Saudades dos avi�es da Panair”, “Milagre dos peixes”, “Can��o amiga” e, claro, “Morro velho”.
 
Veja M�nica Salmaso e Andr� Mehmari interpretando "Morro velho":
 
 

O segundo encontro de M�nica e Mehmari, realizado nos estertores de 2020, foi apresentado como um show virtual no canal da cantora no YouTube, mas ficou registrado. “� um conte�do que ficou muito bem gravado, ficou muito bom, ent�o a gente pretende, at� o final do ano, lan�ar isso. Queremos que v� para as plataformas, que vire CD, porque � o retrato de uma coisa feita com muito amor, com devo��o pela cultura do Brasil e pela obra do Milton, que est� fazendo 80 anos. Ent�o, al�m de tudo, vem muito a calhar.”

DE VOLTA AO PRESENCIAL

Com o fim da necessidade de isolamento social e a retomada das atividades, M�nica e Mehmari migraram a experi�ncia do virtual para o presencial e estrearam o show “Milton” em fevereiro deste ano, participando da programa��o do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes, e do 1º Festival de Ver�o de Campos do Jord�o. A dupla tinha apresenta��o prevista para o Rio de Janeiro antes da chegada a Belo Horizonte, quarta cidade, portanto, a receber o espet�culo, que marca o encerramento do Festival Villa-Lobos, realizado pela Funda��o Cl�vis Salgado. 

Para Mehmari, “Milton” � um trabalho especial, porque reflete a admira��o que ele nutre pelo cantor e compositor, que recentemente anunciou, para o final deste ano, sua aposentadoria dos palcos. “A m�sica de Milton j� � parte indissoci�vel da minha vida e da minha hist�ria, de modo que cada can��o se conecta com quem sou em v�rios n�veis, n�o somente como artista. Existe um humanismo profundo que emana da m�sica e da voz de Milton que � algo de imenso valor e que devemos sempre reverenciar e amplificar”, ressalta.

Mehmari diz, ainda, que “mergulhar neste repert�rio sagrado ao lado da M�nica, num tempo de tantos desafios, foi das experi�ncias mais marcantes e emocionantes de toda a minha carreira”. Ele diz tratar-se de uma obra profundamente conectada com um Brasil que se deseja. “Navegar com paix�o e f� por esse cancioneiro tendo a cumplicidade total desta genial parceira de longa data � se lembrar a cada compasso daquilo que � nossa ess�ncia primordial”, aponta.

Veja M�nica Salmaso, Andr� Mehmari e Teco Cardoso em 'A terceira margem do rio', can��o de Caetano Veloso e Milton Nascimento:
 
 

Evocando o cerne do �lbum que gravou com Dori Caymmi, M�nica Salmaso tamb�m identifica esse car�ter na obra que alicer�a o show de amanh�, no Pal�cio das Artes.

“A m�sica de Milton Nascimento significa a identidade do Brasil, a reafirma��o dessa identidade. Milton � das vozes – a que canta e a que escreve – mais potentes, pungentes e emocionantes de toda a hist�ria da m�sica brasileira. Poucas pessoas j� me fizeram chorar ouvindo tanto quanto o Milton me fez. � a identidade mais profunda que a gente tem, � ouvir, voltar para casa e falar: isso � o melhor que a gente pode ser.”

Capa do disco Canto sedutor traz ilustração de cantor com seu violão, ave e perfil de alguém olhando para o céu

“CANTO SEDUTOR”

.M�nica Salmaso e Dori Caymmi
.Biscoito Fino
. 14 faixas
.Dispon�vel nas principais plataformas de streaming

“MILTON”

.Show de M�nica Salmaso e Andr� Mehmari, neste s�bado (28/5), �s 20h30, no Grande Teatro Cemig do Pal�cio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, 31.3236-7400). Ingressos para plateia 1 a R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia); plateia 2 a R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia); e plateia superior a R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia).


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